Wlaumir Souza.
Os rolezinhos são parte de um contexto mais amplo de questionamento da inserção subalterna – nas relações internacionais, na política, na cidadania, no mercado – quer no Brasil ou em outros países classificados no mundo contemporâneo de terceiro mundo ou subdesenvolvidos ou em desenvolvimento. É a periferia dos capitalismos clamando ao centro do sistema econômico e político e cultural por igualdade sem deixar de ser o mesmo. Sem perda da identidade, sem serem colonizados pelos costumes elitizados de ser e estar, desejam o direito dos usos do mercado em benefício próprio. Assim, se a sociedade capitalista num primeiro momento tinha como demanda o consumo e, nos dias atuais, tem como demanda o desejo artificialmente criado, nada mais capitalista que mobilizar-se nos templos dos desejos por mais.
Os rolezinhos são parte de um contexto mais amplo de questionamento da inserção subalterna – nas relações internacionais, na política, na cidadania, no mercado – quer no Brasil ou em outros países classificados no mundo contemporâneo de terceiro mundo ou subdesenvolvidos ou em desenvolvimento. É a periferia dos capitalismos clamando ao centro do sistema econômico e político e cultural por igualdade sem deixar de ser o mesmo. Sem perda da identidade, sem serem colonizados pelos costumes elitizados de ser e estar, desejam o direito dos usos do mercado em benefício próprio. Assim, se a sociedade capitalista num primeiro momento tinha como demanda o consumo e, nos dias atuais, tem como demanda o desejo artificialmente criado, nada mais capitalista que mobilizar-se nos templos dos desejos por mais.
Bem ao modo
brasileiro de ser – superando as divisões de classe mas fora do tempo e do
espaço próprios determinados pelos detentores dos poderes – a manifestação é de
tudo um pouco; parte de um movimento social ainda informe na totalidade de seus
projetos; namoro; compras; protesto; organização política informal; festa;
dança; canto; gritaria; alienação. Todavia, ampliou a agenda das demandas e
modos de manifestação e seu lócus.
O “Movimento
não é só por R$0,20” que foi cooptado pelos mais diferentes interesses e classes
começa a passar pelos expurgos dos dominantes insatisfeitos com o partido
detentor do poder. Agora o mercado, e não apenas o Estado a serviço do mercado
é questionado, é questionado e se canta e grita e corre por inclusão via
mercado, ou seja, a cidadania via mercado
que tanto agrada as classes médias é demandada pelas novas classes
médias que diante da inflação crescente percebem que seus avanços podem ser
temporários. Mais efêmeros do que o “O milagre econômico brasileiro da ditadura
militar”.
Como desejam a
manutenção da identidade via consumo de mercado regido por um partido que foi
de esquerda e que se consolida no poder como partido “social de mercado”, não
se deixam colonizar pelos modus vivendi da etiqueta de classe média. Neste
ponto, os rolezinhos assustam aos cidadãos privilegiados historicamente como
classe média, pois estes não o distinguem do arrastão, da turba ou das
lembranças da Bastilha que bate a porta todos dias quer via Maranhão ou Carandiru
ou arrastões.
O recado está
dado desde o “Não é só por R$0,20”. A pólvora está sendo espalhada em nome da
cidadania plena sem perda de identidade via mercado. Que os políticos respondam
com a assertiva de democracia sem desvios de conduta ética e econômica para que
todos possam ter o que o desejo de mercado lhes prometeu sem colonização das mentes e comportamentos. O consumo de direitos
de felicidade de bem estar movimentados pelo mercado social. O rolezinho é primo irmão da ostentação. Ostentação dissonante não é questão de polícia, como não o é as questões sociais e culturais; é questão de mercado e políticas de Estado, de governo, sociais e, agora, também, de mercado inclusivo do bem estar do consumo ostentatório de coisas, locais e tudo o mais que possa ser mercantilizado em meio ao capitalismo do espetáculo.
Wlaumir Souza.