Wlaumir Souza
Escrever
sobre educação e ética soa como eco para alguns iluminados. Todavia, a cada dia
o desafio da explicitação dos valores na educação cresce. Se até a década de
1980, aproximadamente, a presença da esposa-mãe no lar se traduzia em um
acompanhamento diuturno do que e como as crianças faziam e, portanto, se estava
de acordo com os valores representados por aquela família, no terreno da moral;
hoje, pelo contrário, a redução da renda do tradicional provedor – o pai; e mesmo as famílias compostas por mãe e filho
ou pai e filho entre tantas outras configurações de laços de sangue e de amor –
obrigou o cônjuge ou parceiro a ingressar no mercado de trabalho para dar conta
das demandas do lar.
Isto
posto, fez com a escola enfrentasse dois novos desafios. Primeiro, a
democratização do acesso à escola. O que abriu as portas das salas de aula para
crianças que não representavam o cotidiano burguês e seus valores. Segundo,
mesmo a criança com valores burgueses não encontrava mais no lar a
possibilidade educativa dos valores e regras como a geração anterior.
Paulo
Freire atento a estas questões demonstrou com sabedoria e conhecimento que não
era mais possível à escola apenas ensinar os tradicionais conteúdos escolares,
mas, que urgia à escola também educar e, assim, assumir mais um compromisso com
a sociedade que ia para além da explicação de fórmulas, datas, elementos e
passar a compor o cenário de tradutora dos valores aceitos pela sociedade.
Este feito é
de uma complexidade sem precedentes. Outrora o educando chega a escola com
valores morais razoavelmente acentuados e passa a discuti-los do ponto de vista
ético com a comunidade educativa e educadora. Agora, não. A moral é perpassada
pelos meios de comunicação, pela família, pela vizinhança e sobretudo por uma
escola com parcos recursos humanos e materiais.
Se desejamos e
aspiramos e trabalhamos por uma sociedade melhor, precisamos do implemento
disciplinas de Ética e para além deste que o cotidiano escolar possa traduzir
em ações os valores éticos assumidos pelo humanismo na busca da paz, da
solidariedade à diversidade e a pluralidade. Sem isto, teremos cidadão cada vez
mais atomizados e preocupados apenas com uma questão, a reprodução do capital
para a própria subsistência o que equivale ao salve-se quem puder. E, nada mais
imoral e antiético que isto.