Uma das características dos países
alcunhados de atrasados, terceiro mundo, subdesenvolvido ou em desenvolvimento
é a inexistência de planejamento ou, se existe, é pouco eficiente-eficaz. Este
um dos problemas da Administração no Brasil. Em geral têm-se metas sem um
planejamento que se demonstre eficaz, ou seja, na teoria chega-se, a saber, o
que se quer, na implantação é limitada, equivocada ou inexistente.
Dois dos demonstrativos disto no
Brasil são as crises hídrica e energética. Todas, visíveis há anos do ponto de
vista interno ou internacional, no micro e no macro. E, não há como
responsabilizar governos anteriores. Os dois partidos políticos envolvidos
estão no poder há mais de uma década e demonstram a ineficiência e ineficácia estratégica.
Interessante notar que as duas crises
são simbióticas. Ambas colocam limites na expansão da produção do país e pode
levar ao colapso do sistema produtivo, e de certa forma, o social. Elas marcam
o Brasil como o país que era denominado de um dos mais privilegiados em questão
de água doce para o posto de possível primeiro a assistir o processo migratório
dos flagelados do clima.
Os excluídos pelo clima é uma
denúncia de ambientalistas de décadas. Mais que isto, a posição geográfica do
Brasil em paralelo com a África demonstra que podemos passar a ser desérticos
se não fizermos as lições de casa. Este o cenário mais negativo de todos.
Todavia, o não planejar por um lado
também pode ser uma forma de viabilizar projetos não visíveis ao público de
imediato.
Não por acaso os adeptos do modelo
neoliberal defendem o avanço das privatizações das fontes e rios há muito tempo
como forma de racionalizar o uso. Isto mesmo, em breve poder-se-á assistir a
privatização das nascentes e seus cursos com o discurso da eficiência
administrativa do privado sobre o publico, visto que este permitiu a seca
generalizada ou generalizante.
Ou seja, o planejamento
ineficiente-ineficaz pode revelar o interesse privatista. Deixar o povo passar
pela privação da água seria uma forma de mobilizar a opinião pública por uma
resposta que o Estado “não conseguiu oferecer”. Ou seja, legitimar a
privatização de nossos recursos hídricos como forma de “protege-los” e garantir
o acesso, claro, aos que podem pagar. Com isto a água não seria um Direito
Humano, mas, uma mercadoria.
Isto posto, no que diz respeito aos
recursos hídricos, o que ocorreria seria o encarecimento da conta de água e
energia elétrica, num primeiro momento, sem que isto garantisse o acesso
permanente aos recursos e, mais que isto, garantiria que pela privatização, a
energia elétrica teria de ser ainda mais cara visto que o recurso não seria de
uso universal.
Não combater o efeito estufa também é
uma forma de fazer política e gerar lucros.