O “zoológico
humano” não é um fato novo. Existiu em diferentes formatos desde antiguidade e
sua última exposição, no formato tradicional, ocorreu em 1956, na Bélgica, na
cidade de Bruxelas. Estes “zoológicos humanos” contemporâneos eram populares na
América do Norte e na Europa onde a população branca os visitava para comprovar
a “teoria evolutiva” onde o negro, o esquimó e o indígena seriam os elos humanos
entre o macaco e a pessoa branca. Um misto de animal com ser humano.
Eram
indígenas, africanos ou esquimós – entre outros – que serviam a sanha europeia
ou norte-americana de construir o eu e o outro de forma etnocêntrica, ou seja,
colocando-se como modelo superior e perfeito de civilização em oposição às
demais, o outro. O eu, branco, civilizado, educado ou ainda o homem, heterossexual
era construído em oposição ao outro, não branco, selvagem e sem educação e
ainda a mulher e o homoafetivo. Postos em jaulas,- esquimós, africanos e
indígenas - estes outros, exibiam seus
comportamentos em ambientes construídos para recuperar seus locais de
existência. Nada diferente do que vemos ainda hoje em zoológicos com animais
classificados como irracionais ou, no caso do BBB, com os animais ditos
racionais.
O BBB é uma
jaula devidamente construída com as novas tecnologias – espelhos, paisagens,
câmeras, microfones e produtos à venda –
e não por acaso foi comparado a um campo de concentração, por uma dos
participantes desta edição de número 16, pois era o local onde as pessoas iam
aos poucos definhando e eram observadas rigorosamente pelos algozes que se
consideram superiores – antissemitismo. Por vezes eram utilizados como cobaias
de experimentos sem qualquer dimensão ética. No plano ainda dos campos de
concentração o extermínio é feito em paredões numa dissimulação da morte
simbólica do perdedor.
O mesmo ocorre
com o “zoológico humano” BBB em seu décimo sexto ano. O ambiente foi produzido
para causar conforto – no lugar de jaulas o confinamento recebe o nome de casa
– um eufemismo de péssimo gosto para quem está internado na “Fundação Casa”.
Por vezes são dados estímulos para provocar comportamentos e medi-los em sua
radiância. Por outra, dão se “Prêmios” para tornar a estadia mais suportável e
estimular a competição entre os pares, e dá-lhe entorpecer das consciências via
drogas lícitas para demonstrar ao público o comportamento humano sem reservas.
Os preconceitos
e atitudes mais comezinhos podem ser assistidos em todos os naipes produzido,
no caso do BBB16, pela pessoa mais simples, passando pela burguesia repleta de
bens e que desfruta do ócio do capitalista ao portador de doutor em filosofia,
todos equiparados pela realidade do humano, exageradamente humano. Assim, as
estruturas sociais de dominação da mulher por ser mulher é o que mais apareceu
até a presenta data com a “macholândia”.
Claro que
ninguém se identificará em alto e bom som como um machista típico; afinal a
função do machismo é unir os machos em detrimento das fêmeas que serão
utilizadas para o avanço dos homens sem que as mesmas notem sendo exploradas e
dominadas. Assim, vemos o espetáculo do preconceito e da discriminação
realizada pelo galã loiro, passando pelo negro ao intelectual chancelado pelo
título de doutor ao “bicho grilo”.
“Fantástico”
observar como os atores sociais – os personagens da vida real do BBB – se comportam
em meio as estruturas socias artificiais do zoológico televisio cultural do
machão.
As mulheres por
seu turno, também se uniram, “sem nada dizer ou nada notar” da dominação
masculina disfarçada em “reinado do quarteto masculino”. Assim, para não
combinar voto de forma explícita determinaram apenas votar nos líderes. Interessante
como as mulheres para sobreviver a séculos de patriarcado conseguem fazer
acordos quase silenciosos para sobreviver em meio a dominação e exploração que
sofrem; mas que também podem reagir, desde que seguindo certo código imposto
pelo patriarcado: a docilidade disfarçando o poder.
Não deu em
outra: um paredão de homem contra mulher ou seria de mulher contra homem? A
vitória não poderia ser mais típica da sociedade patriarcal e machista
brasileira: vitória do homem branco heterossexual.
Mas, como de
todas as mazelas a menos dita – mesmo por quê criminalizada – é o racismo.
Assim, a presa mais fácil tornou-se aquele que agiu de forma explícita diante do
que a macholândia determinou e como única vítima no altar da vida simples e sem
intenções é visto como alvo certo e frágil; afinal, quantos negros morrem antes
do final do filme? Quantos chegaram a reta final de qualquer BBB? A presença
negra é só cumprir “cotas”?
Assim, podemos
ver muito em um BBB deste ano ou dos anteriores, mas, em especial um
espetáculo, o do capital. Até onde se vai por mais de um milhão diante de uma
emissora que lucra centenas de milhões com um zoológico contemporâneo? A
pesquisa por amostra simbólica dos costumes
capitalista está no ar com a pergunta: “até onde você iria”?.
Pensando no cotidiano: até onde iria por e para manter um emprego? Até onde iria para conseguir um aumento, projeção ou promoção?
Mas, a Globo não está sozinha neste espetáculo de exploração capitalista; O SBT tem programa em outro formato que lembra o mesmo, afinal, quem não se lembra do "quem quer dinheiro" e doa aviõezinhos de dinheiro que fazia a massa se digladiar por alguns reais?
Pensando no cotidiano: até onde iria por e para manter um emprego? Até onde iria para conseguir um aumento, projeção ou promoção?
Mas, a Globo não está sozinha neste espetáculo de exploração capitalista; O SBT tem programa em outro formato que lembra o mesmo, afinal, quem não se lembra do "quem quer dinheiro" e doa aviõezinhos de dinheiro que fazia a massa se digladiar por alguns reais?