República envergonhada
Já não são
poucas as pessoas que conheço que se arrependeram de ir às ruas contra o
Governo Dilma Rousseff. A realidade do governo Temer tem se demonstrado mais
temerária que os prognósticos de seus opositores. Espelhado por uma postura
imperial que a todos compra não mais com títulos e prebendas, mas com cargos
temporários e verbas, ao que tudo indica.
Num espelho
fractal do Império, não se contentando em propor uma idade mínima de
aposentadoria que nos igualaria a Lei do Sexagenário, Temer agora reelabora a
lei de trabalho escravo. Não basta para ele ser trabalho análogo à escravidão. Tem
de ser trabalho escravo ipsis litteeris , ou seja, a pior realidade possível
onde a coação seja feita por grilhões.
A República se
envergonha historicamente de tal Presidente que fará o Brasil ser repreendido
pela Organização Internacional do Trabalho. Vergonha diante dos discursos
republicanos democráticos que imaginavam-se livre do Leviatã que surge dos
mares pobres de Brasília.
Como se não
bastasse o retrocesso social, trabalhista e da cidadania, vivemos a realidade
do discurso da honestidade na/da política travestido de ideologia - enquanto
discurso que encobre a realidade da configuração de possíveis organizações
criminosas em partidos políticos. Agora não mais dos que se dizem de esquerda,
mas na direita tradicional que aceitou fazer par com a Arena para dissimular a
Ditadura. Neste vértice o retorno de
Aécio Neves ao Senado seria o prenúncio da permanência de Temer na Presidência
após a denúncia de Janot.
O Lebiatã vai
tomando corpo. Sem constrangimento levantando-se do lamaçal de Brasília e seus
apaniguados na firme certeza de que fazem o uso do público em nome dos
interesses privados dos correligionários. E, mais, de tal forma que parece consolidar
a fala de Romero Jucá: “Um grande acordo nacional com o supremo e tudo”. Onde as
tentativas de punição seriam a farsa no sistema para consolidar a (des)ordem em
favor dos donos na política.
Inesperada
será uma eleição em 2018 que poderá responder, da forma mais legítima, para
negar este pacto de caciques carcomidos pela história das denúncias de
corrupção da direita que a classe médica em uníssono silencia panelas em nome
da exploração do subemprego nos andares de baixo das camadas sociais.