sábado, 15 de dezembro de 2018

Bolsonaro e a Velha e Tradicional Política no Brasil: contemporanização conservadora




Logo após a eleição de Lula para seu primeiro mandato que daria origem a era Lula (2003-2010), FHC ao analisar as causas da derrota do PSDB acentuava o discurso ético do partido contra as acusações que pesavam sobre o tucanato que governara o Brasil até 2002. Para retomar o poder, seria preciso retirar das mãos do Partido dos Trabalhadores a bandeira da ética, segundo FHC.
De lá para cá o PSDB não conseguiu tal feito, pelo contrário; viu alguns de seus principais quadros partidários envolvidos em escândalos, de onde se destaca o caso de Aécio Neves, sobretudo, a partir de 2014 quando é acusado de recebe dinheiro não declarado da J&F e ter repassado a diversos partidos para compor sua frente partidária, dentre estes, o PSL (Partido Social Liberal) ao qual pertence ao futuro presidente da república .
FHC ao abordar tal tema não levava em conta apenas a eleição do Partido dos Trabalhadores à Presidência da República, mas, o fato de que todos os candidatos que se elegeram na Nova República foram fiéis discursivos da honestidade. Em boa medida isto se deve a baixa escolaridade da nação que não compreende suficientemente os debates intelectuais sobre economia, para além da situação cotidiana, e dos embates da Constituição Cidadã, de 1988, com o neoliberalismo que a quer devastada nos direitos sociais e trabalhistas. Recorde o caçador de marajás que era Collor e como acabou sua presidência.
Seguindo a mesma toada e contando com a pouca escolarização da nação, Bolsonaro realizou o mesmo discurso, em tom mais contundente, da honestidade acentuada pela militarização da política e do Estado como bandeiras que encontravam eco desde parte das manifestações que se iniciaram em 2013, durante o Governo Dilma Rousseff (2011 – 2016).
Faltando menos de um mês para Bolsonaro assumir o poder da federação brasileira ele se vê, em hipótese, vitima daquilo que esbravejou contra. Nem iniciou o governo e em meio a transição se vê entre acusações ao clã Bolsonaro que já faz muitos refletirem sobre o voto equivocado. Fabrício Bolsonaro, herdeiro político para ser candidato a presidência no futuro, se vê diante de denúncias do COAF sobre transações não transparentes de dinheiro com servidores de seu gabinete político.
Mais que isto, diversas propostas de campanha, bem ao tom popularesco para ser entendido pela massa, não serão cumpridas. Cito apenas a questão ministerial. Afirmava que seriam 7 a menos que os 22 que estão postos até o presente. Neste ponto, faz repetir a história das eleições. Em geral, todos os presidentes em primeiro mandato iniciaram o governo com um número menor de ministérios que foram crescendo na medida em que teve de negociar votos com o legislativo. Quanto mais projetos significativos a serem aprovados e mantidos, e para evitar, o impedimento político, mais ministérios são criados. Assim, os presidentes acabaram seus mandatos com mais ministérios do que haviam iniciado seu mandato e, no caso de Bolsonaro mais do que havia prometido em campanha demonstrando que está compondo sua base de votos com dificuldades mesmo com o apoio da bancada BBB.
Além disto, o presidente eleito afirmava que não teria em seus quadros pessoas com problemas com a justiça. Não é o que se vê. 9 futuros ministros tem algo a explicar a justiça e ao País. Além de seu filho. O que demonstra o quanto seu poder prático é diferente da retórica diante da velha política: paternalismos, clientelismo, fisiologismo, acordos sem transparência entre outras características. Bradando, Bolsonaro, que não negociaria com a velha política, inicia o mandato como no passado.
O Legislativo federal por seu turno já se arma para garantir sua sobrevivência na política tradicional e para isto faz aprovar uma série de pautas bombas para manter o presidente atual e o futuro como reféns do modelo político. Neste ponto a isenção de impostos para Sudan e Sudene, e o aumento do limite de gastos de estados e municípios já demonstra a gula por cargos e verbas continua como dantes. Mais que isto, que não se contentarão com os cargos de segundo e terceiro escalão que Bolsonaro lhes quer apresentar como formula de acordo para aparentar uma nova política aos olhos dos incautos.
Se num primeiro momento negociou com as Bancadas temática, em especial com a BB, da Bala, do Boi e da Bíblia, colocando em evidência que além da militarização está em xeque, no Brasil, a secularização do Estado e o direitos sociais dele decorrentes. Neste segundo momento inicia a negociação com os partidos. Que acenam, mas não assumem posição a espera dos cargos e ministérios, além de verbas, para votar propostas tão impopulares, e nada debatidas durante a campanha pelos candidatos diante de uma plateia limitada ao discurso da honestidade, como a alteração do artigo 7 da Constituição, qual seja:
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
- relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos;
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
III - fundo de garantia do tempo de serviço;
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;
- piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho;
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável;
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria;
IX - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
- proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa;
XI - participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei;
XII - salário-família para os seus dependentes;
XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; (Vide Decreto-Lei nº 5.452, de 1943)
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva;
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal; (Vide Del 5.452, art. 59 § 1º)
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal;
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias;
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei;
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança;
XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;
XXIV - aposentadoria;
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até seis anos de idade em creches e pré-escolas;
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;
XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei;
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
XXIX - ação, quanto a créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de:
a)
cinco anos para o trabalhador urbano, até o limite de dois anos após a extinção do contrato;
b)
até dois anos após a extinção do contrato, para o trabalhador rural;
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 28, de 25/05/2000)
a) (Revogada). (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 28, de 25/05/2000)
b) (Revogada). (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 28, de 25/05/2000)
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;
XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência;
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos;
XXXIII
proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre aos menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de quatorze anos, salvo na condição de aprendiz ;
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VIII, XV, XVII, XVIII, XIX, XXI e XXIV, bem como a sua integração à previdência social.
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a simplificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência social. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 72, de 2013)

E, para garantir que não se entenderá para lá do discurso da honestidade o que será feito, a não ser diante da prática cotidiana do trabalhador e do cidadão que perderá direitos sociais de cidadania se quer o projeto Escola sem Partido, por hora arquivada. Assim, após a reforma do sistema sindical para perda de recursos e limitar suas ações, se quer a maordaça nos professores. Uma vez sendo aprovada, se for, a Escola sem partido iniciará o movimento crescente será visto, por exemplo, pelo projeto Imprensa sem Partido, etc num avançar do Estado militarizado para conter a massa reduzida em seus direitos arduamente conquistados ao longo de séculos do mundo contemporâneo, para se falar no mundo europeu ocidental.

Para aprovar tamanha reforma neoliberal, não compreendida pelo povo pouco escolarizado, mas, por ele vivido no cotidiano após aprovação, não bastará aos partidos, bancadas e deputados sair na foto com o apoio do presidente eleito e que assumirá em janeiro de 2018. Será necessário, muitos cargos, verbas e polícia na rua do Estado Militarizado (Diferente de Ditadura) que amordaçará  primeiro os sindicatos, por isto a extinção do Ministério do Trabalho, e depois, tentará as escolas e imprensa.
Feliz velho ano pré Revolução Francesa! Do ponto de vista eurocêntrico. Feliz ano da velha república, do ponto de vista do Brasil, para a derrocada das conquistas trabalhistas do Estado de Vargas, ao qual FHC  não conseguiu desmontar, embora o desejasse, e, mais que isto, feliz fim da Constituição Cidadã e com o consequente fim da Nova República se Bolsonaro conseguir as reformas que almeja para idolatrar o modelo neoliberal dos EUA de Tramp.

domingo, 11 de novembro de 2018

Theatro Pedro II e a Cultura em Ribeirão Preto: Don Giovanni e Ballet “Carmen, do tempo e de hoje”


As últimas apresentações que assisti no Theatro Pedro II de Ribeirão Preto tem exposto a crise do País e do Município, e a falta de apoio à cultura ao ponto que esta merece. Nas duas ocasiões sai feliz com o resultado diante da realidade patrocínio às artes do interior paulista que tanto amo e admiro pelos esforços incessantes ao longo da história.
Nas duas ocasiões – Don Giovanni e Ballet “Carmen, do tempo e de hoje” – o cenário foi uma forma de improviso. Em boa medida o figurino idem, sendo nítido que tende a ser uma esforço pessoal dos artistas envolvidos. Isto não é um demérito para o desempenho, mas um sinal de que podemos mais e melhor no que diz respeito a cultura em Ribeirão Preto e, em especial, no Theatro Pedro II.
A Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto (OSRP) como de costume desde a saída de Roberto Minczuk da regência tem feito mais com menos, ao que parece, a cada apresentação. Parabéns à mantenedora, ao Maestro Reginaldo Nascimento e aos patrocinadores que faz sobreviver este ícone nacional da música.

O Coro Sinfônico da OSRP foi uma grata e feliz apresentação. Demonstrou intensidade e carisma na apresentação de “Carmen, do tempo e de hoje”. Os solistas não fizeram por menos e também se destacaram.
Mas, a noite, como não poderia deixar de ser, foi de Marisol Gallo e Elydio Antonelli com o seu corpo de baile impar e jovem.
Marisol Gallo, Marisol Gallo, Marisol Galo e seu par merecem todas as salvas de palmas. Casal desde cedo na arte e na vida, são de expressão internacional e merecem mais espaço na produção artística do Theatro Pedro II e de Ribeirão Preto.
As notas tristes ficam pela repetição da apresentação de Carmen, desta vez inovado pelo ballet, e de Don Giovanni que foi apresentado com mais méritos pelo grupo do Teatro Minaz. E, a falta de um bis ao final do Ballet.
 Vivas para Marisol Galo, Elydio Antonelli, solistas, Corale Orquestra! Uma noite de prazer e felicidade que pode ser reconhecida pelos aplausos incessantes ao termino da apresentação. Parabéns e cada vez mais sucesso!

quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Bolsonaro e a revolta do senso comum e religioso


A cada nova eleição é renovada a esperança de tempos melhores. De uma economia estável e próspera sem inflação e juros baixos, de uma sociedade mais participativa, de um congresso mais ético e representativo da vontade nacional, entre tantas outras questões da fé política, como o fim da corrupção de um mandato para outro.
Quando se elegeu Fernando Collor de Mello, Fernando Henrique Cardoso, Luís Inácio Lula da Sivla, Dilma Rousseff e agora Jair Messias Bolsonaro todas estas questões de fé política estavam presentes. E, cada vez com maior vigor a busca de um representante que tivesse um governo onde não houvesse corrupção. Recordando que este ciclo democrático iniciou-se sob o lema das cores da bandeira na busca do fim dos marajás. Seria o fim da Nova República?
A busca do povo por um governo e um Estado honestos é legitima e, mais que isto, demonstra que a crise sucessiva, e até aqui infinda, que se vive neste País tem esgarçado cada vez mais o tecido social que viabiliza a solidariedade social. E, contradiz, o complexifica o dito popular de que o governo é a cara do povo. Ao menos na busca da honestidade parece divergir nos anseios.
Todavia, se no passado a dependência de instituições para organizar movimentos era premente o que equivalia a dizer que se veria mais do mesmo na política. Agora, com as redes sociais altamente popularizadas no Brasil, elas se tornaram um veículo que podem fazer eclodir insatisfação generalizada por movimentos de ação direta cada vez mais reais no cotidiano. O que remete ao fato de que ao sistema econômico capitalista que se alimente de crises somou-se a crise constante na política.
Em boa medida isto se faz pelo desgaste das instituições que deveriam representar o povo ou interpretar sua vontade: os três poderes. Interessante notar que a insatisfação que seria dirigida principalmente aos políticos por não representarem a nação tem se movimentado contra o judiciário e , agora, também, os professores pelo discurso mesmo da política partidária.
E isto faz parte do processo histórico de transformação do projeto burguês que teve na origem a cumplice da ciência e da filosofia. A ciência com seu saber prático, metódico, testado e validado desbravou o mundo para o avanço do lucro burguês e desmistificou o poder da religião e da metafísica que legitimavam as monarquias, eram as raízes da razão instrumental. A Filosofia, por sua parte, elaborou todo o discurso para legitimar a propriedade privada e a representação social via eleições (de burgueses) e da tripartição dos poderes democráticos e republicanos.
Assim, se o projeto burguês se contrapunha ao monárquico, logo o projeto burguês faria emergir o seu contraditório. E isto se deu para além do povo, isto ocorreu sobretudo no século XX com a popularização da ciência que saiu do privilégio burguês e se espraiou pelo subproduto do capitalismo, as classes medianas, de onde a conscientização constante deste grupo que os interesses burgueses não eram os seus.
Boa parte destas classes medianas dedicam-se aos ramos da ciência que permanecem cumplice, e por isto mesmo mais bem remuneradas, com o projeto burguês de ampliação do lucro a qualquer custo social.  As áreas técnicas e teconológicas líderes por excelência da manutenção e avanço da razão instrumental.
Contudo, as humanas, que outrora legitimaram o projeto burguês de democracia republicana, ampliou seus horizontes para perspectivas não gratas a burguesia. As questões sociais. Isto foi uma ruptura na interpretação da realidade que se aprofunda com as teorias críticas do sistema. Uma traição ao burguês que teve como principal aliado de seu projeto político e produtivo a ciência e a filosofia.
Isto posto, a burguesia reage àquela que seria sua matriz de pensamento e busca pôr freios a esta produção de saber e celebra seu casamento com a religião. É o coroamento do pensamento conservador. Mas, para cada tempo sua religião predominante é construída aos moldes dos interesses a legitimar. No nosso caso é o lucro o deus a ser contemplado encontra melhor espaço na teologia da prosperidade mais ampla entre evangélicos.

Passo a passo em meio a redes sociais que são o paraíso do senso comum vê-se a ciência e professores serem questionados por piadas e trocadilhos aparentemente pueris, mas que tem como pano de fundo deslegitimar a ciência humana em nome da religião. Uma melhor parceira para o projeto burguês, pois que desenvolve servos em meio ao que seria cidadão.
Assim, edifica-se uma contradição mais profunda no projeto burguês. A necessidade da aparente irracionalidade e do caos em seu devir aos olhos do povo. O espaço propício a revolta do senso comum diante do fracasso do projeto neoliberal em andamento.
É neste contexto que se inscreve o lema de Jari Bolsonaro – Brasil acima de tudo, Deus acima de todos; e o projeto “Escola sem partido”. É um lema que apaga as individualidades cada vez mais valorizadas pelas ciências humanas e professores,  e negada pela religião ao (in)por modelos para todos numa negação da contradição entre maioria e minorias.
O caldo está pronto. Veremos a que nos levará em meio ao senso comum e da religião em detrimento das ciências neste governo que se iniciará.

sábado, 22 de setembro de 2018

Outubro histórico de 2018 ou a democracia na berlinda


Outubro tem tudo para ser, novamente, um mês histórico para o Brasil. Com o fim da Ditadura Militar (1964-1985) se iniciou a Nova República. No dia 5 de outubro de 1988 a promulgação da Constituição Cidadã que fora aprovada em 22 de setembro de 1988 pela Assembleia Nacional Constituinte, confirmou as regras a seguirem seguidas pela nação. No ano que a Constituição Cidadã completará 30 anos teremos no dia 7 de outubro de 2018, o primeiro turno, e, se houver, o segundo turno se realizará no dia 28 do mesmo mês.
Esta eleição é impar na Nova República por ter caráter extraoficial de um plebiscito. Onde se escolherá entre um presidente de tendência autoritária capitalista e os demais candidatos. Hoje o candidato, denominado por muitos de fascista, está em primeiro lugar nas pesquisas eleitorais. E, pode, a depender da realidade, ser eleito no primeiro turno.
Isto fez com que o sociólogo falasse mais alto em FHC do que o político. Embora, ao final, a política partidária prevaleça. Chamou a atenção para o fato de que os candidatos democratas – das mais diferentes conformações partidáris – precisam se unir contra o risco do retorno a um modelo excludente oficialmente que tem na violência simbólica ou material sua marca de Caim.

Estou entre os que concordam que estamos diante de um plebiscito para se saber se o melhor para o Brasil é um regime militar ou militarizado e a democracia na República Federativa do Brasil. Assim, os democratas precisam se unir, enquanto  há tempo, diante da ameaça real de sufragação de Bolsonaro, quer no primeiro ou segundo turno.
Os valores que nos unem, aos democratas, nesta hora deve estar acima das linhas partidárias, quais sejam: a liberdade, a diversidade, a pluralidade, a defesa de políticas públicas e sociais, a liberdade de cátedra, o diálogo de preferência a mão armada para a solução de conflitos e delitos, a igualdade entre homens e mulheres, brancos e negros e outras etnias,  entre tantos outros valores caro a Democracia Repúblicana
Assim, após o Plebiscito, oficial de Estado, de 21 de abril de 1993, que demandava a escolha entre parlamentarismo e presidencialismo; entre monarquia ou república. Era a discussão da forma e o sistema de governo do Brasil da República Cidadão. Temos agora um plebiscito extraoficial, onde nos bastidores as forças retrógradas se organizam  para retomar o poder nesta República que nasceu de um golpe militar contra a monarquia e pelo militarismo está marcada.
Esta realidade foi composta por diferentes fatores, desde a disputa sangrenta entre PSDB e PT pelo governo que finda este ano, até a corrupção desenfreada de políticos. Precisamos fortalecer as instituições democráticas e com ela a responsabilização dos envolvidos no processo. E, neste processo, fortalecer meios e procedimentos democráticos para que não se use meios e instituições democráticas para fins não democráticos. O "Fora Temer" será substituído pelo "Fora Bolsonaro"?


sábado, 25 de agosto de 2018

Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto (OSRP)


De acordo com artigo do Jornal Diário da Manhã, de 23 de fevereiro de 1961, a Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto teve origem em 1921. E, assim, completará, em 2021, cem anos. Faltam apenas três anos. O trabalho deste patrimônio histórico da cidade de Ribeirão Preto faz com que esta esteja seja segunda mais antiga instituições musicais deste naipe do País, estando atrás apenas da Orquestra Sinfônica do Theatro do Rio de Janeiro, fundada em 1909.
Graças ao trabalho de várias gerações e do esforço contínuo da Associação Musical de Ribeirão Preto, que data de 1938, o trabalho da OSRP é fonte de regozijo para a população até os dias atuais. Entre altos e baixos, destaca-se recentemente o trabalho extraordinário do maestro Roberto Minczuk (1967) que fez desta Orquestra uma referência internacional. Tive o privilégio de ainda jovem ouvir várias de suas regências da OSRP. Sonoridade, colorido e entusiasmo não faltam ao brilhantismo da Orquestra e do maestro em questão.
No dia 11 de agosto deste ano tive o prazer inenarrável de auscultar a OSRP regida pelo maestro internacional Knut Andreas com participação do violoncelista André Micheletti como solista. Noite agradável onde tantas personalidades do campo da música local estavam presentes para prestigiar a noite.

Foi extraordinário o que se saboreou nesta noite.
Por outro lado, em meio a sonoridade e regência extraordinárias, saltava aos olhos, em primeiro lugar, o quanto está reduzido ao mínimo os músicos da OSRP. Mais que isto, a Instituição enfrenta grave crise econômica que a assola de larga data. Em meio a esta crise, onde o atraso de salário é uma realidade contrária ao prazer que proporcionam os musicistas, ouvimos, nós de Ribeirão Preto, do maestro e do solista a solicitação de apoio econômico para que a música da Orquestra possa permanecer viva.
A indignação com a falta de apoio à OSRP foi manifesta por todos os presentes na forma de aplausos intensos, com as pessoas levantadas de seus assentos históricos do Patrimônio Histórico do Theatro Pedro II, às falas em questão.
É urgente que o poder público municipal apoie, com dotação orçamentária própria, contínua e ininterrupta, esta OSRP que é símbolo da cultura da cidade. Além disto, escrevo para solicitar o  apoio do empresariado local e de suas organizações para que o sonho tornado realidade de tantas gerações de ribeirão-pretanos não se perca no tempo e no espaço.
Todos sabemos que a hora é de crise econômica, mas, pior que esta é o colapso das instituições culturais, do patrimônio histórico, que humanizam a memória e a sensibilidade de tantos e tantas cidadãos. A vida sozinha seria dura demais, precisamos de arte para amar e sonhar.

sábado, 21 de julho de 2018

Temer e “O Brasil voltou vinte anos em dois”


Em maio de 2018 o (Des)Governo Temer queria vangloriar-se dos seus feitos que retrocederam direitos sociais dos trabalhadores e cidadãos brasileiros e, com isto, cunhou, desastrosamente, o lema “Brasil voltou, vinte anos em dois”. Rapidamente o brasileiro reagiu e retirou a vírgula o que fez traduzir a realidade de que “O Brasil voltou vinte anos em dois”, em nome de um mercado que consegue fazer a grande mídia chamar de centro o que seria direita, e de centrão, o que seria o núcleo do fisiologismo no Brasil atual.
A anedota dos vinte anos em dois de retrocessos nas políticas públicas e sociais é semelhante àquela da chegada da Família Real ao Brasil, em 1808, quando um PR de Príncipe Regente era afixado nas casas que seria utilizadas pela nobreza e demais asseclas do reino recém chegados em fuga de Napoleão Bonaparte. O carioca, sagazmente, em resposta irônica apelidou o PR de Ponha-se na Rua.
Chegado ao limite de seu desmando, quando o Presidente governa, mas não administra o País, momento em que ocorrem as prévias às eleições presidências, os dados não deixam dúvidas do quão desastroso foi o processo político e social que levou ao impedimento de Dilma Rousseff que consolidou a legislação da delação premiada.
Aqui mais uma semelhança com o Brasil Imperial. Assim como a assinatura da Lei Aurea, pela Princesa Izabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bourbon e Bragança, que fez a libertação formal do escravizados, foi a pedra de toque da queda da Monarquia; a consolidação, por Dilma Rousseff, da legislação da delação premiada que fez a Lava Jato avançar com seu projeto político-jurídico de forma sem precedentes, foi a gota d´água para fazer o fim do governo federal do PT.
Isto em nome de fazer sangrar o governo, na fala do candidato a Vice Presidente de Aécio Neves em meio ao processo de não aceitação do sufrágio de Rousseff. Esta perspectiva foi aprimorada, por outro lado,  para evitar a sangria dos políticos corruptos que não fossem, principalmente, do PT, na perspectiva de Jucá, em julho de 2017, num acordo “com o Supremo, e tudo”

Estado e mercado previam a geração de 100 mil empregos este ano de 2018; já rebaixaram para 80 mil e os dados de junho remetem ao aumento do desemprego. Ocorreu o aumento de mortes de neonatais, e as causas estão diretamente relacionadas ao aumento da pobreza, do recuo da atenção básica em saúde por falta de verbas e gestão. O dólar só faz subir e já é encontrado a quase cinco reais. O mesmo vale para a gasolina.
As dissidências eleitorais de 2013 consolidaram a crise econômica do País e passamos, de 2014 a 2018, patinando no avanço do atraso e da extrema pobreza. Metade dos brasileiros não recebem mais de três salários mínimos em meio a preços que só fazem subir. Há choro e ranger de dentes pelo País a fora e a República e seus representantes políticos não se constrangem, pelo contrário fazem aprofundar a distância entre os dois brasis em suas diversas formas. O Brasil e o Brazil; o Brasil branco e o Brasil negro; o Brasil dos donos do mercado e do Estado e o Brasil dos trabalhadores e dos cidadãos aviltados.
Em meio a esta realidade as convenções partidárias se realizam e o discurso onírico de seus candidatos a Presidência da República só faz lembrar as eleições de 2013. Muita propaganda enganosa e pouco debate das questões da economia e da sociedade real. Muitos acordos por cargos e nenhuma coerência programática. Muita divisão da sociedade entre os polos vermelho e azul, direita e esquerda. E, a dura realidade de quem sangra de verdade é o pobre.


quarta-feira, 20 de junho de 2018

A Copa do Mundo e a mulher russa – não “apenas” a russa


Os esportes de competição fazem parte de um longo processo histórico de reeducação do homem e de sua masculinidade. Em boa medida os esportes substituíram a guerra como exercício contínuo da masculinidade que se auto representava como uso da força, da violência, da virilidade, da capacidade de impor a própria vontade em desprezo das outras opiniões.
Ao longo dos séculos o esporte passou a ser o novo campo de batalhas onde os homens tentam se afirmar como força viril que a tudo controla e penetra. Não à toa que o goleiro que pega as bolas está entre os mais insultados além do juiz da partida que põe limites a agressividade pelo gosto da vitória. Talvez, mais importante que isto, a imposição da derrota como humilhação pública, de onde se depreende os apelidos afeminados ou submissos que se dá ao derrotado, como o celebre “chupa”.
É uma cena entre o exercício “civilizado” da violência e o sexo como humilhação que se repete rotineiramente. Destarte, o esporte falhou aotentar inviabilizar a violência física cotidiana. Parte dos torcedores ingleses se notabilizaram pra demonstrar que não foi um alvo acertado. Não à atoa são os torcedores ingleses, afinal vêm do maior Império que o planeta viu.
O caso da mulher russa loira violentada e/ou constrangida verbalmente revela as disputas masculinas internacionais por superioridade, força e poder. Se nas guerras do passado, e mesmo do presente apesar de ser crime – oficialmente – o estupro dos e das derrotadas era parte do sague das riquezas.
Neste campo de ideias machistas, sexistas, misóginas, patriarcais os homens envolvidos nada mais esperavam que a aprovação social por revelar os valores que a duras penas mulheres e tantos outros grupos minoritários e movimentos sociais têm trabalhado para conter e reeducar.

Mas a resistência dos opressores é histórica. Afinal de contas se na copa anterior um homem ilustre representante da meritocracia brasileira branca de classe média alta puxou o coro em estádio e televisionado para o planeta com o “Dilma via tomar no c...” que problema teria em fazer algo como gritar em público pelo órgão sexual feminino em terras estrangeiras onde os direitos femininos e homossexuais são diariamente contidos pelo Estado Russo que oficializa o machismo, o sexistmo, a misoginia, o patriarcado e a homofobia?
Ledo engano, a resistência existe e ela persistirá mesmo diante de um Estado governado por Temer que negocia os direitos de muitos em troca de uma governabilidade capenga que finge ser democrática e legítima. A vergonha é nacional por revelar ao mundo que se quer “civilizado” como no cotidiano mulheres, em especial as mais pobres e negras, além de homossexuais são destratados no Brasil e para além dele.
E, não basta dizer e se fosse sua irmã, filha ou esposa, pois no patriarcado que permanece vivo nestas práticas e no imaginário, estas pessoas são propriedades do homem e eles tudo podem fazer com elas, por isto a violência contra a mulher inicia em casa e se expande para as ruas. A violência do pai, do irmão, do esposo são as mais notadas.

Basta pensar que uma mulher é morta a cada duas horas, em geral, por algum conhecido e em casa no Brasil. E um gay, em geral afeminado ou travesti, é morto por dia em uma população que não chega a 10% da população. O massacre é visível. A guerra contra o feminino e a mulher está declarada desde a colonização.
Gritar em público para humilhar e constranger a mulher para esses homens brancos, que se apresentam como heterossexuais, e se pensam de elite, nada mais é que uma brincadeira...
Para nós é reveladora da mais crua e dura realidade hipócrita que só se move pelo Direito Humano diante do colapso da falsidade documentada internacionalmente do machismo, sexismo, patriarcado e misoginia brasileiras. Para piorar, a bancada religiosa, agrária e da arma  (Boi, Bala e e Bíblia) dizem que não há necessidade de educação de gênero nas escolas.  Mais que isto, todo o movimento para retirada de Dilma do poder legítimo de Estado tinha por base a luta conta a educação de gênero nas escolas. Revelador de que lado estão e o que realmente defendem parte significativa da nação e para estes tudo não passará de repercussão exagerada.

domingo, 20 de maio de 2018

“Mito do bom ladrão” e a política


“Mito do bom ladrão” e a política

O “mito do bom ladrão” é uma antiga tradição e agrada aos da direita e da esquerda, os vermelhos e os azuis, de longa data. Esta tradição  tem entre os seus diletos  membros São Dimas – aquele que morreu  crucificado ao lado de Jesus Cristo , segundo o Evangelho de São Lucas, e se arrependeu nos últimos instantes de sua vida no ano 30 -33 d. C., no Calvário em Jerusalém. Dimas significa o que nasceu no por do sol. No último momento.
De lá para cá o “mito do bom ladrão” teve diversas interpretações, entre as quais pode-se destacar a de Robin Hood, século XII ou XIII, também conhecido em Portugal por Robin dos Bosques, sobre o qual não há confirmação da existência, mas é, na Inglaterra, um dos maiores heróis havendo um festival que o celebra. Seria contemporâneo das Cruzadas e do Rei Ricardo, Coração de Leão. Era um dentre os muitos habitantes do Bosque de Sherwood. Há diferentes versões, mas o ponto central é que roubava dos nobres para doar aos pobres.
Em hipótese, pode-se falar ao menos de dois “bons ladrões” no Brasil: Paulo Maluf que tende a gradar a direita e os azuis, de um lado, e de outro Lula da Silva, que alarga-se no lado vermelho ou da esquerda.

Maluf se tornou tão celebre que ganhou expressão própria no malufismo. Neste as suas virtudes destacava o “rouba, mas faz”, uma crítica às avessas de políticos outros que roubavam e nada faziam. Para além disto, e por isto mesmo, privilegiava os mais ricos em plena Ditadura Militar.
Lula, por seu turno, tornou-se uma ideia por, mesmo que roubando, o que ainda não foi devidamente comprovado, salvo as interpretações jurídicas que o condenaram, distribuiu renda ao povo por meio de políticas públicas de seu governo que tiveram continuidade no governo Dilma.
Assim, o povo compara os “bons ladrões” de nossa política para escolher em quem votar. Fica a cor vermelha ou azul no limiar de quem o “bom ladrão” privilegiará na distribuição dos recursos do Estado, e com isto, apesar da negativa de muito,s nos tornamos o País da propina desde que bem intencionada e para o lado certo: o que o “eu” julgador está.
Tanto faz se ladrão ou não, na prática se votará em quem colaborar com a linha de pensamento azul ou vermelha. O verde e amarelo pertence aos dois.

sexta-feira, 27 de abril de 2018

O Desemprego no (Des)Governo Temer(ário)

As premissas do Governo Michel Temer estão equivocadas no que dizem respeito ao bem estar do povo trabalhador assalariado. Ao alinhar-se ao (neo)liberalismo o desemprego passa a ser uma das ferramentas de controle da inflação via redução de consumo e, mais que isto, diminui a pressão por aumento salarial ou direitos trabalhistas. O resultado não poderia ser outro: desemprego em alta.
Outro fator que colabora para este desemprego é a ausência de investimento de longo prazo do setor privado. Não o fazem no Governo Temer, como não o fizeram em governos outros anteriores. Isso por um cálculo simples ganha-se mais e com menos riscos investindo no sistema financeiro brasileiro, um dos mais lucrativos e menores riscos do planeta. Ao fazer grandes obras só as realizam se for via investimento público o que é uma porta entreaberta para o corrupto e o corruptor, em hipótese.
Apesar dos discursos dos (neo)liberais afirmarem que a Reforma Trabalhista traria aumento nas vagas de trabalho formal, no Brasil, após a Reforma o que vemos neste primeiro trimestre de 2018 é exatamente o contrário. Somamos entre o Governo Dilma Rousseff  e Michel Temer chegamos a cifra de mais de treze milhões e setecentos mil desempregados. Assim, há um vácuo de realidade entre o discurso (neo)liberal e a prática nua e crua da fome e do desalento crescentes.
Rodrigo Maia antes da Reforma Trabalhista asseverava que ao dia seguinte da aprovação haveria reação do mercado com crescimento do emprego no Brasil. Após a aprovação da Reforma, que foi sancionada pelo Presidente em julho de 2017, a retomada não ocorreu. Isto levou Maia a afiançar, em dezembro,  que 2018 seria de mais emprego no Brasil.  Não ocorreu. Até aqui e a equação é simples, os esforços levado a termo pelo governo privilegia o capital e não o trabalhador. Deste prisma faz-se um discurso e outro é o resultado na prática.

Vajamos o exemplo da Reforma da Previdência alardeada por Temer e Maia. Enquanto era o Governo Dilma Rousseff mais que ser contra de uma possível reforma que favorecesse a estabilidade, fizeram ajustes que priorizavam o trabalhador em detrimento da realidade dos cofres públicos do País. Uma vez no poder, não precisando, ou achando que poderia colocar o povo fora do jogo político, queria impor uma reforma sem precedentes na redução de direitos dos futuros aposentados e atuais trabalhadores.
Nesta equação pesou também o desemprego. Como conjectura pode-se  pressupor que o governo esperasse que o desalento dos desempregados minguasse as reações à reforma. Assim, os números negativos para o cidadão assalariado eram positivos ao governo e seu projeto de reformas estruturais sem precedentes para acabar com o Estado inspirado em Vargas.
O quadro real coloca o governo Temer na lona: apenas 33 milhões de empregados formais sendo treze milhões e setecentos mil desempregados. Os trabalhadores informais somam dez milhões de setecentos mil pessoas. Os menores índices desde 2012. Quatro milhões a menos de pessoas com trabalho. Um golpe na dignidade da pessoa humana de um governo que se dizia vir para resolver a crise que ele mesmo gestou como meio de assumir o poder. A crise política-econômica tornou-se maior que seus fomentadores. O resulto é mais do mesmo os pobres cada vez mais empobrecidos e aviltados; os ricos cada vez mais indiferentes a situação do povo culpando-o por sua situação que não encontra espaço na estruturas de Estado e de mercado.
Wlaumir De Souza