Camaleão
(Wlaumir Souza)
Para Ely Vieitz Lisboa
Diante do autor
O espelho das folhas em branco
Iluminadas pelo nanquim da caneta fina
Segue ali se expondo os desejos
Segue ali metamorfoseando as verdades
Segue ali se exibindo publicamente
Alguns ao lerem disseram
- O autor está nu
Outros relataram
- Belas imagens imaginárias
Tudo publicamente
Despudoradamente
Todos estavam certos
A nudez explícita de si
Encobertas por nuvens efêmeras
Só era legível pelos pares
Que viveram os desejos
Que sobreviveram às verdades
De uma vida de poesia
De uma vida poética
Tão pública
Tão privada
Sempre escrita enluarada
Visível aos viventes árduos
Seguia o autor escrevinhando
Sob o terror das análises e interpretações
De si
Banhadas pelo Narciso do outro
Todos se perguntam
- O autor é o escritor
ou o escritor é o autor
Nenhum comentário:
Postar um comentário