terça-feira, 15 de julho de 2025

Camaleão

 Camaleão

(Wlaumir Souza)

 

Para Ely Vieitz Lisboa

 

Diante do autor

O espelho das folhas em branco

Iluminadas pelo nanquim da caneta fina

Segue ali se expondo os desejos

Segue ali metamorfoseando as verdades

Segue ali se exibindo publicamente

Alguns ao lerem disseram

- O autor está nu

Outros relataram

- Belas imagens imaginárias

Tudo publicamente

Despudoradamente

Todos estavam certos

A nudez explícita de si

Encobertas por nuvens efêmeras

Só era legível pelos pares

Que viveram os desejos

Que sobreviveram às verdades

De uma vida de poesia

De uma vida poética

Tão pública

Tão privada

Sempre escrita enluarada

Visível aos viventes árduos

Seguia o autor escrevinhando

Sob o terror das análises e interpretações

De si

Banhadas pelo Narciso do outro

Todos se perguntam

- O autor é o escritor

ou o escritor é o autor



 

Nenhum comentário:

Postar um comentário