terça-feira, 22 de julho de 2025

ENTREVISTA DE MELHEM ADAS CONCEDIDA A WLAUMIR DONISETI DE SOUZA

 ENTREVISTA DE MELHEM ADAS CONCEDIDA A WLAUMIR DONISETI DE SOUZA

DATA: 09/06/2009

ENTREVISTADOR = E (Wlaumir Doniseti De Souza)

MELHEM ADAS = M.A.

 

E: Por favor, o seu nome.

M. A. : Melhem Adas.

M. A.: Filiação?

E.: Sim, por favor.

M. A.: Sou filho de Pedro Adas e de Vitória Adas.

E.: O senhor nasceu onde professor?

M. A.: Eu nasci em São Paulo, fui criado numa pequena cidade chamada Sebral, perto de São José do Rio Preto. Uma cidade, na época, com seis mil habitantes. E aí meu pai ficou, ficou muito doente, naquela época tuberculose, em 1950, era gravíssimo. Aí me mandaram para São Paulo. Um tio foi me receber lá na Estação da Luz. Naquela época se pegava ferrovia, né? Então peguei a Estrada de Ferro Araraquarense de 11 pra 12 anos de idade. Desci em Araraquara, peguei a Cia. Paulista de Estrada de Ferro para fazer a baldeação. Por quê? Porque a bitola das ferrovias eram (sic) diferentes. Aí cheguei em São Paulo, um tio meu foi me buscar. Um menino de uma cidade de seis mil habitantes pra uma cidade, que, na época, já tinha mais de três milhões de habitantes. Aí fiz meus estudos em São Paulo, comecei a trabalhar bem cedo, por circunstâncias familiares, como office-boy e até hoje eu começo como office-boy de um menino que não conhecia o centro de São Paulo. Então, ao mesmo tempo que penoso, naquela época, foi um impacto muito grande, engraçado, né? Mas depois eu ria das dificuldades enfrentadas. E aí passei a fazer meu ginásio à noite, meu colégio à noite, sempre trabalhando no decorrer do dia, e assim foi. Me casei em São Paulo com Alice Mercedes Bianchi, na época. Hoje, Alice Mercedes Adas. Somos pais de quatro filhos, dois homens, duas mulheres. Dos quatro filhos, três seguiram a área de Educação. Eu tenho minha filha Anita, que você a conhece, né? Mestre em Educação, pela UNESP, eu tenho minha filha Patrícia, que fez Dança na Unicamp, que hoje utiliza dança no seu aspecto Pedagógico e tenho meu filho caçula, o Sérgio, que fez Filosofia na Universidade de São Paulo e fazia as disciplinas optativas na Geografia. E ele já me ajudava nos nossos escritos. E acabou defendendo a tese de Doutorado na área da História do Pensamento Geográfico, não é? Inclusive, se você me permite, como pai coruja, eu vou lhe dar uma notícia. O Sérgio Adas ganhou em 2007 como sendo (sic) a melhor tese de Geografia da Universidade de São Paulo. E aí o Departamento enviou a tese do Sérgio pra Brasília pro CAPES, e tivemos a notícia, essa semana , que além de ele ganhar como a melhor tese de Geografia do ano, no Brasil todo, ele ganhou como a melhor tese de Ciências Humanas. É o grande premio da CAPES, né? É o grande premio da CAPES.

E.: Uhum.

M. A.:  Então, eu to muito exultante porque eu vi o quanto ele estudou, o quanto ele se dedicou. Nos deixou bastante emocionados, não? Principalmente por ganhar o grande premio da CAPES, que é a melhor tese de Ciências Humanas do Brasil. Ele devera ir lá pra Brasília no dia dez de Julho. Vamos ver quais serão as honras.

E.: Muito bem, o senhor nasceu em que ano professor?

M. A.: Eu nasci em Dezembro de 1938. Eu vi a festança nessa localidade em que eu morava, Sebral, em 1945, a festança pelo término da guerra. Eu era criança, tinha 6, 7 anos. As famílias se organizaram. Cada uma delas se organizaram (sic) e confeccionou a bandeira dos países aliados e comemorando o fim da guerra. Me lembro disso, eu era criança.

E.: E quando o senhor veio para Ribeirão Preto?

Então, eu vim pra rp em 1970, inicio de 1970. Por quê? Na verdade eu estava já fazendo a pós....na USP, e conhecíamos muito Maurício Sardenberg, que eu fiz Geografia na PUC, eu fiz na PUC por circunstâncias, porque eu precisava trabalhar, e escolhi exatamente o curso vespertino, porque me permitia já dar as aulas. Eu já dava aulas de manhã, e no período noturno, que é quando há maior oferta de aulas. E nesse convívio na PUC, o Mauricio trabalhava lá, e Dr. Domingos Spinelli convidou-o a dar aulas em Ribeirão Preto, e pedia a ele que arregimentasse vários professores de São Paulo pra vir da aula, pra preencher uma lacuna que existia até então na Barão de Mauá, recém fundada. Então nós viemos em 6, trazidos pelo Mauricio Sardenberg, e começamos a dar aula. Março de 1970, na Mauá.

E.: E como o Dr. Spinelli conhecia o Dr. Sardenberg, o Sr sabe?

M. A.: Então, esse fato, nunca me ficou bem esclarecido, eu acredito que o Dr. Spinelli ficou sabendo que o Mauricio tinha sofrido sanções. Tinha perdido a cadeira dele pela ditadura militar. Em decorrência da ação da ditadura, do governo militar, e eu acredito que, se não me engano, foi o Edivar Lopes que o indicou para o Dr. Spinelli. E o Dr. Spinelli de vários amigos, eram conhecidos. Ele já estava dando aula na Mauá. Também o Fernando Carvalho dava aula na Mauá. A Silvia Carvalho dava aula na Mauá, e se aposentaram pela UNESP Araraquara, o professor  Reis, de latim. Não, não. Eu acredito, que não foi o Edivar. Eu acredito que foi por intermédio do Reis, ou do Fernando Carvalho.

E.: Qual é o nome do Reis. O senhor se lembra?

M. A.: O primeiro nome dele não estou me recordando. Reis...Reis...ele saiu posteriormente da Mauá, e não me lembro.

E.: E como foi sua primeira entrada na Mauá? Quando o senhor chegou.

M. A. Então. Foi muito emocionante, porque a  gente, ainda jovem, inibido sd toda aquela esperança de transformar o mundo, não é? Foi muito gratificante, porque o Dr. Domingos Spinelli nos recebeu muito bem. Ele cobria as viagens, cobria hospedagem, e eu fiquei dessa circunstância de março ate agosto, viajando semanalmente pra cá. Junto com todos os outros, né? Junto com Maurício, junto com Sergio Bandeira de Mello, junto com Milton Belizário, posteriormente, depois (sic) com Dantas, que você o conhece. É...Evaldo Omar vieira, professor Evaldo, nós vínhamos, então, de ônibus. E então retornávamos, porque estávamos também com atividades em São Paulo, então foi um período muito interessante também esse. E inclusive e eu chamo de período áureo, porque a de se destacar o seguinte. O Dr. Spinelli teve uma coragem extraordinária em pegar muitos professores, em admitir, em contratar muitos professor, em até então tinham sido período das atividades em suas faculdades oficiais. No final de semana, cursos de especialização, onde vieram dar aula na Mauá, Otaviano, pra você ter idéia, Beto prado, não é? Na área de biologia, o Saraiva, na área de Geografia, veio Valverde do Rio, que é um ícone na nossa área, porque foi um dos primeiros funcionários do IBGE, um dos primeiros a aplicar um metodologia científica, uma pesquisa de campo, um pioneiro extraordinário. E enfim, vieram muitos outros professores com a suas portas fechadas, em muitas outras instituições. O Dr. Spinelli foi corajoso e receptivo porque na verdade, aqui existia um comando militar que a todo momento cobrava de Spinelli, porque ele tinha contratado aqueles professores. E ele, bom político, não é? Colocava, ajeitava a situação, não se amedrontou diante, exatamente, aí das sanções que existiam na época. Então, tem um período muito rico. Esses cursos de final de semana, sexta e sábado, com gente altamente gabaritada, gente com uma belíssima formação. Então você vê, que foi um período áureo, que se estendeu ao longo da década de 70, da década de 70, depois driblando exatamente as injunçloes aí da ditadura. Então existia o curso de Ciências Sociais , dentro do qual eu me inseri, dando Geografia Humana, e Sergio Bandeira de Mello, dando, na época, se não me engano, Problemas Brasileiros, o Evaldo Amaro dando Sociologia, o Maurício dando Ciência Política, o Milton Belisário dando.. o Zé Dantas dando História., um pessoal também de Franca... um pessoal de, também, de Franca, na área de Geografia e História, o professor Ungría Romano, enfim, um conjunto de professores bastante afinados com a educação, acreditando que poderiam dar condições relevantes a formação em ribeirão, numa faculdade nova, uma instituição isolada, e conseguimos, foram grandes cursos dados aí , tive a oportunidade de trazer gente de departamento de Geografia de São Paulo, Nelson de La Corte, Adilson Avante de Abreu, e esses cursos de especialização se estendiam meses a fora, mas sendo trabalhado na sexta e no sábado, no período integral. Então, foi um período áureo de formação, de estruturação da faculdade. Encontrados com uma receptividade muito grande por parte de alunos, muito interessados que viam, principalmente aqui, a oportunidade numa instituição isolada, de lançar sua trajetória, de buscar sua trajetória por meio dessa instituição O Valtinho, como nós o chamávamos, a Dona Aparecida, da qual nós guardamos um grande carinho, faz parte dessa nossa vida. Porque eles eram, na época, os alicerces, na resolução de problemas que surgiam, os maus variados que você possa imaginar. Eu tenho, particularmente, pelo Valtinho e Dona Aparecida, o pessoal que tava mais ligado a nos. Ainda uma instituição pequena, né? Que ocupava lá a praça Ramos, não esse prédio grande que possui lá. Pra onde que nos tínhamos que improvisar muitas cosias, trazíamos, conseguíamos emprestado muitos recursos didático-pedagógicos, porque a gbt nessa possibilidade da educação. Esse período foi marcado pela, pelos estudos, como chamava aquela disciplina imposta pela ditadura?

E.: EPB? Estudos de problemas brasileiros?

M. A.: Estudo de problemas brasileiros etc ,nos até dávamos tudo isso, nós ate dávamos EPB, mas na nossa visão, não é, não é o título, a nomenclatura da disciplina, ao contrário, mas tomávamos cuidados, porque nas salas poderia existir e existiam agentes policias infiltrados, então nós guardávamos um certo cuidado, mas sem contudo abandonar aquela postura crítica, né? Que estabeleciam-se a relação com a realidade social. Então procurávamos uma verdade, e procurávamos dentro das limitações uma educação progressista, não só conteudísta, a mais preocupado no desenvolvimento de postias sociais, e segundo, na verdade, a vdisoa, ou a premissa que a educação com o dizia o  Paulo Freire, além de amor, é um ato político então seguíamos exatamente essa trajetória, e acredito que essas sementes ficaram plantadas. Eu acho que essa é a grande satisfação do professores da prática pedagógica, da prática da educação propriamente dita, você chegar num certo ponto da sua vida, e encontra com ex alunos de 30, 40 anos atrás e particularmente dessa época que foi o período militar, e eles dizer, poxa vida, na verdade, as aulas que eram dadas na Mauá, os professores tinham a missão de desocultar a verdade, desocultar e apontar as contradições sociais, as contradições então isso é muito gratificante, que nos da vontade de começar tudo denovo. Que mais que me vem a cabeça...

E.: Quando o Sr chegou, por exemplo, chegou o Sr, o era uma equipe.

M. A.: Éramos uma equipe

 E.: Vocês receberam alguma orientação ou não? Ou não teve nenhum limite à fala de vocês?

M. A.: Nos sabíamos da existência, pelo menos pra mim, o Dr. Spinelli nunca pediu pra limitar a fala. Acredito que pro outros também, porque senão um contaria para o outro, não é? Não, a não ouve, nos deixaram bem a vontade, mas tínhamos senso de realidade. Sabíamos até onde poderíamos ir, sabíamos que tínhamos, muitas vezes, que falar em entrelinhas, então não houve nenhum tipo de advertência, é um grande mérito do Dr. Spinelli, eu tenho uma profunda admiração por ele, por todas as suas contradições intrínsecas ao ser humanos, mas ele foi um homem de pulso, benevolente, compreensivo, e principalmente, por ter acolhido um monte de professores que não tinham emprego, e pra acolher esses professores que não tinham emprego, por causa de sansões do governo militar, ele teve que enfrentar também a chefia militar instalada em Ribeirão Preto, e ele enfrentou e driblou.

E.: E como vocês ficavam sabendo desses dribles?

M. A.: Quando alguém era chamado lá pra depor. Como também muitos de nós foram chamados pra depor, o alvo era principalmente Mauricio Sardenberg, não é? Os escritos do Maurício, a postura bastante clara do Mauricio, e a tinha exatamente, então ele era o grande alvo da chefia militar em Ribeirão Preto. Então foi um período riquíssimo, nós nos empenhávamos pra trazer colegas de fora, no sentido de contribuir da teoria, do curso , sendo na área de História e Geografia, e nos empenhávamos, sempre que possível, o apoio tanto do Dr. Spinelli, quanto do Nicolau, o Nicolau, como as=sangue mais novo, dinamizou bastante a Mauá, sob o ponto de vista, ele era bastante arrojado, ele foi bastante arrojado, permitindo e influenciando de forma significativa o Dr. Spinelli, no sentido, na verdade, tinha que se abrir pra penetração de outras cabeças, então, a própria inauguração desse cursos de especialização foram, na verdade, uma criação estimulada pelo próprio Nicolau, e patrocinada pelo Dr. Spinelli. Eu recebi uns alunos de todas as cidades, as aqui e sedentos de saber, buscando uma formação universitária, e se melhor possível, fazíamos , fazíamos esse cursos paralelos que enriqueceram a Mauá naquele tempo. Eu fiquei na Mauá, de 70 a 85,       15 anos de trabalho na Mauá, tentando implantar o curso específico de Geografia, depois foi implantado, como também o curso de História; ao longo de todo esse período tivemos todas as vicissitudes da década de 70, em decorrência da proposta pra reforma do ensino em 71 a reforma dos ensinos do 1 e 2 graus organizada muito mais pelo pessoal do IPES, e sob esse nome, composto, se alojava o empresariado paulista e carioca que desejavam do IPES, formar um grupo de pressão pra um grupo de socialismo, com implantar o socialismo, e o IPES começa a trabalhar em 61, se sabe que saem do governo militar Goldsilva, etc, que vão fazer parte do staff governamental do Castelo Branco, e depois prosseguem, né? No ciclo militar, e esse IPES que faz a reforma de 61 nos ensino de 1 e 2 graus, sem nenhuma dos professores e ai que criam o famigerado Estudos Sociais, um curso de 2, 3 anos que reduz a carga horária da História , da Geografia , tira sociologia, traz  e aumenta a carga horária das Ciências Exatas e Biológicas, e teve uma repercussão muito grande na Mauá, o curso de Ciências Sociais é repartido, em fundo é, um Estudos Sociais em 2 anos, se direito a se dar aula pra 5 e 6 série , o que foi uma distorção muito grande, e isso atrapalhou um pouco o nosso trabalho dentro da Mauá, porque era curso com cargas reduzidas, né? Mas que no fim, sobre um outro ponto de vista, deu um sustento financeiro pra Mauá, pra que ela conseguisse, na sua caminhada, na sua expansão, né? Então, essa redução, essa reforma de 71, procurou adequar a educação de a modelo político - econômico, que era calcado no capitalismo dependente, a sociedade tinha criado o excludente, sob o ponto de vista político e econômico, e cultural, haja visto que esse período era sombrio, onde qualquer livro de capa vermelha era tido como comunista, e era pra fogueira, era difícil, nesse período, conter todo o ideal, todo um ideal de Ciências Sociais, profundamente critica né? Então, na medida, tínhamos que nos conter, tínhamos que se conter, sem entretanto deixar de fazê-lo, fazíamos dentro de certas restrições.

E.: E os interrogatórios que vocês sofreram? Essa questão das entrelhinhas, era tocada pelo interrogador, ou não era?

M.A. Não, não era. Eu acredito que ele eram, eles eram, não tinham a  percepção de pegar as entrelhinhas, entendeu? Só quando surgia alguma coisa mais ostensiva, mas esclarecida, ou mais aberta é que havia, por tanto, advertências e a solicitação de não se repetir aquilo, pra não se tomar atitudes mais drásticas.

E.: Desse grupo q o Sr participava, quem recebeu advertências?

M. A. Ah! Fundamentalmente  era o Mauricio, ele era o visado, o Maurício deve que depor por várias vezes, no comando militar, na época. Ele era o mais visado. Porque ele já tinha sido perdido seus direitos, né? E nos éramos vigiados propriamente dito, havia, na faculdade, muitos colegas reacionários. Tremendamente conservadores, dentro da chamada linha dirá que fazia, também, algumas advertências veladas, mas nós driblamos todos esses.

E.: Quem eram “esses”?

M.A. Você me desculpe, eu vou me omitir. Não tô prestando um bom serviço à memória, à Historia, eu acho que, ainda, não é o momento oportuno, de detalhes.

E.: E como o professor Maurício falava sobre os depoimentos dele? Quais as questões que eles sentiam que eram as mais fortes?

M.A .: Porque, na verdade, veja você, Mauricio era um especialista em Weber, era um se não me engano, era o maior especialista em Weber e Weber, por sua vez , calcado em Marx, o Maurício era um entendido da obra do marxismo, essas advertências nós não pudemos presenciar, pois eram feitas, e ele nos relatava, e ria muito dos dribles que ele conseguia dar, como eu poderia explicar pra você...se era colocado pra ele, na verdade, mostrava que a compreensão de quem tinha lido, não é? Que efetivamente não era aquilo, que tinha sido uma leitura errada. Ele era muito habilidoso, e no fim, driblando várias vezes driblo, é curioso, não sei se você teve oportunidade de conhecer Mauricio, não? Não. É fantástico. Faleceu, infelizmente, em 8 ou 10 anos atrás. Bem antes que havia, e ele formou toda uma escola, ele era um autodidata, teve  uma participação na própria USP, na qual eu também freqüentei, por um curto período de tempo, da escola de sociologia e política da USP, tinha conhecido um ícone na década de 70 diandes, Florestan Fernandes, o próprio Fernando Henrique Cardoso, e de outros mais, que marcaram época, por tanto, a presença dele deu prestígio enorme à Mauá. A presença do Mauricio. Prestígio enorme, e os contatos que ele possuía, graças a ele que se deve a vinda de muitos outros professores nesses ciclos de período militar em Ribeirão Preto. Eu não me lembro a data que Maurício deixou de dar aula na Mauá.

E.: Foi antes do senhor?

M. A.: Gv e nós permanecemos aqui. O Evaldo Amaro Vieira, que foi o professor de sociologia, que veio conosco, também se tornou professor depois, lá na Unicamp, e da filosofia, não deu prosseguimento à sua vida acadêmica, José Dantas deu prosseguimento, ele acabou se tornando professor da UNESP, História geral, e defendeu o Dr., o Sérgio de Melo, que eu mantenho contato até hoje, abandonou também a educação... quem mais? Que eu me lembro, é (sic) esses, é (sic) esses...

E.: Quando Dr. Spinelli era interrogado, o que ele relatava pra vocês?

M. A.: Ele vinha com a fisionomia preocupada, não resta dúvida, né, mas bonachão como ele era, logo em seguida soltava aquele sorriso, no fim você acaba driblando as coisas, mas o grande mérito dele é que ele nunca estabeleceu uma censura, nunca estabeleceu um controle, né?  Confiava plenamente no desenvolvimento das aulas dos seus contratados, nos chamava na sala dele: “Ó, toma mais cuidado, acabei de ser advertido, mas fala, realiza seu trabalho do jeito que você acha que deve ser realizado, então, nesse sentido, o Dr, ele foi um bravo pra época, se foi, porque eu calculo, a faculdade, tentando se firmar sobre o ponto de vista material, não poderia correr riscos, e el correu, d uma eventual sansão. D uma enventual investina da m is dura, n eh, mas ele Tb tinha suas relações. O minstro da educação

 Na época veio visitar a Mauá e eel o recebeu não eh, eu acho q ee teinha Tb ligações maiores na cupoula de Brasília, eu acredito q sim

E como foi a cupuila do Jarbas pra sair

Eu me lembro q foi uma visita bem rápida, na praça Azevedo, em frente a Mauá, ele descerrou uma placa de sua vidita em 1971, deve ter sido 1972, foi bem rápida, fez u mpekeno descurosp dr Spinelli Tb se explanou, foi uma cpisa bem rápida que marcou a época pq eh o ministor visitando a Mauá e a amaua cosneguin o conselho as autorizaloes as autorizações  pra abertura de cursos, devido, exatamente, ao prestigio q já começava a gozar, nakela política q  vc conhece mnuito bem q o governo privilegiava as instituições privadas pra desafogar desafogar massificar a própria intituiçao superior pra desaforgar a inoperanicia das próprias instituições publicas em absorver tds os cansidatos, entoa isso fazia parte da prorpia política. Dele não m,e lembroa mais o que destacar. Anotar num papel, eu vim, na vdd

O Sr relatou sobreo o ipês neh? E qual era a relação da Mauá com o ipês?

Olha, eu nunca percebi essa relação, eu nunca percebie pq a gde força do ipês for preparao r golpe dde estado. Ele q prepara o gde golpe de 64. e ele participa da reforma de ensino e depois não vdd o ipês perde akele fervor perde a artuaçao propriamente dita então não tinha, já nessa época, não havia, que eu saiba, alguma pessaro sobra a Mauá sobra a classe representativa  não havia, pelo menos no Spinelli nunca nos realtou. Havia vigilância e setores conservadores estrieta aliança com o ppoder militar aqui estabelecido, havia e isto não resta duvida. Mas muitos interessante oq verificoiu nesse iniciomuitas pessoas q nnao tinha oportunidade de fazer  de frequntar faucldade de ciências e letras então nos tinha mos alunos advogados ,a lunos economistas, lanbbuso de faixas etárias bastante avançadas e bastante interessados, então foi um carco pra socioiendad rp pra Ra a cidad ade a emergência da Mauá. Senhoras, mtas prfs , militand a mais de 20 anios 30 anos,m no setor mprimearioa da eduçacção, no ensino primário foram fazer a afacu eou letras ou pedago ou cs em busca de uma melhort folrmaçao entoa foi um emergência muito cuiroosa nessa rp de 70 que devia ter 20000mi lhab hj com mais de 550 mil entoa foi um carco pra hist da cidasade.

O senhor relatou a questão das contradições do dr Spinelli, quais o Sr

Ao msm tempo q se mostrava liberal e confiante ele Tb era explioxisove era explodia por peq coisas e não por gdes cosias e ai q esta a gde contradidoa as peq coisa o incomodavam s mais q gdes. Q  os gdes pbls, então e Tb o fato de Spinelli ele tinha Tb um humnor um pouco oscilante. Então vc tinha q estoclher o momneto de se dirigir estrategicamengte ao solicitar a liberação de verbas para a compra de livros pra bibio our a compra a necessidad na nossa área de retrom maspas etx, vc tinha q escolher o momento adequado eu tinha uma realoaoc aefetuosa ele me respeitava mto haja visto q as minhas solicitaçeos não me lembroa laguma q ele tenha negado

E o dr   ?

Biblioteca q estav aem formação eel imprimiu um novo modo e de dirigir olhando rpa fenret sempre ahaja visto q se tornou grandiosa

Se o Sr fosse falar das aulas, como eram?

As aulas eu dava aula expositivo, usando muito giz na minha área eh o mais importante utilizávamos tectos seminários NE? As aulas pela experiência q eu tinh ahj funda mental i e 2 eu procurava ser didático, ocnsidrerando q os cursos eram noturnos, considerando q esse pessoal viajava 80 km e outra spra voltar então u primva em dar a base, os elementos pra desvendar um texto pfazer um compreesnsoa etinah um embates com Belizário qdo ele mandava aluno pegaro o capital. Eu achaava um absurdo. Com ensino médio muitos deles deploráveis isso era colocra um desanimo muito gde pro estudante q deveria levar o sentiomenor d incapacidade eiu dixa pq VCP não manda ler a marta. Neh? Manda ler os fundamentos do materialismo histórico, eh um manual excelente q VCP vai criar a compreensão de um texot mais sofisticado eu tinha esse embates com eo pessoal e ate hj eu vejo eu tenhu netos fazendo facu q já inserem o estudante numa leiauta q qele não tem condiloes aidna de discernir o texot axando q  com isso os esultados serão favoráveis. Minha experiência diz q asao desfavoráveis.  Claro q com o tempo ele vai pro texto original

E esse ambiente ta sala de aual, o Sr falou q era preciso falr entre linhas. Nesse entreloinhas, como era o dialogo com os alunoas? Ele sacompanhavam, havia resistência SOS próprios alunos?

Não, não havia. Pela minha experiência de vida não tive problemas de resitencia de qustonamenteos de posiloes ideológicas eu Tb não assumoia uma posição extremista eu queira instrumentalizalos pra eles desvendare me e enetenderaem o socila a questão da org no esapllo o esfolo foi organizado era na vdd mostrar pra eles contradições de espaço é...o transformou em esprçao mercadoreia e eisso era reconhecido dentro do disitteme onde poderíamos ver rp, um cidade formal e informal uma cidad efomral possuidora de toda a infraestrutira e uma carente q havia uma segreaçao espacial em decorrência do próprio sistema q gere esse espaço onde os protagonistas criam por tanto um segreçacoa então não havia resistência a GNT procurava demonstrar intrimneots de analise ,spelo funcionalismo, pela dialética. Pleo oidealismo de weber era sinstrumentaliza-los, dar as ferramentas de trabalho para que eles com esse instrumentos passasem a estudar a realidade eu dizia pessoal da mesma maneira q um marceneiro precisa de ferramentas ele não vai fazer um bonito móvel com serrote e martelo ele preciso da plaina pra fazer um móvel durável nos precisamos das ferramentas eh dadas pelo estudo noa impúnhamo noa havia em absoluto claro q eles percebiam, a nossa preferência na utilização de um acabou apoiado nas denominadas nos metodos progressistas onde essas ferramentas eram...então eu hj acho q ta muito difil educar hj...

Pq? Eu vivo numa crise em q sentido? Eu sinto um vazio violento de utopias noas e tem refernecias. A minah geração pegou td um período onde VCP tinha q escolher entre socialismo e capitalismo, digamos q o capital q aqui existia não tinha resolvido os pebas da sociedade se biucas cava e acreditava outra alternativa, não tinha resolvido todas. Olha q situação dramática! A GNT acreditava nun socialismo democrático, não num socialismo de mono partidarismo ond o estado se confunde com o próprio partido. Estou me referindo a antiga URSS e ao estados do leste europeu. fazias mo critica a falta de liberdade individual, mas nos tinhas um referencial, q era a busca de um socialismo democrático. Então, qual o gde vazio hj? Eu q já me encontro na terceira idade eh q não se tem mais essa utopia. A juventude hj pensa em q Wlaumir? Em consumir. O cunsumo ta endeuzado. Eh o motor do $ eh esse o gde sentido da vida? N. enquanto no mesmo socialismo democrático se fala em nos a primeira pessoa do plural isso q vivemos  fala em eu, não se tem o espírito de coletividade . Um individualismo exacerbado, uma canalização do consumo, como sendo a gde metra da vida. A gde griefe, o gde carro, não existe preocupação social. Ontem encotrei e falei escuta. Q linda Aprgramaçao da feira do livro. Vai ter feira porf? Vair inaugurada. Veja qtos literatos virão. Euj acredito q houve um oculptamento dos reais sentidos da vida. Entao, isso pra mim e uma tragédia muito gde. Dicil hj e imagina viver com esse vácuo de utopia após o desmoronamento da URSS, em detrimento do fracasso do socialismo. So q não se explico uq akele noa eh o socialismo almejado não eh o democrático q ainda algumas pessoas acreditam. Então exautado o triunfal ismo o q presta eh isso aki. Então eh uma reflexão muito grande.

Ainda no sentido das aulas, o Sr sentia esse embate entre o individual e o coletivo?

Existia, mas eu sentia pq Wlamir eu comecei a trabalhar no 3 do coc fantástico e c=no cursinho eram ávidos pelo conhecoiemnto eram avdiso em descobrir. Estavam em busca de descoberta ,bastava tive brilhantes alunos q fora Mem busca do conhecimento deixando esse embate ftam pro coletivo .fundamos a associação de estudos a. l. era um montenod diferente haja visto q a prod era riquíssima

Se o Sr usasse uma palavra , qual o Sr descreveria os corredores

Ricas, com gdes dicussoes , claro q não era so isso

 Apresa sala dos professores os questionamentos era uma fase de efervecencia de discussões, em busca de caminhos novos em busca de nova educ em buca de novo pais de novo relacionemento pessoal, era muito rico e hj eu não vejo essa rikeza.

E qual era a relação com esse professores q vieream de Sampa com ample experiência com os profs locasi , noa hove nenhum tipo de repulsa, noa houve nos nos enviolvemso e lembreo ta o bem de varioas profds q acabaram pedindo orientação para os demais numa posição linda de humildade

Por favor de vê um bibliografia. Formamos grupos de estudos na época. Noa houve um rechaça mento, uma houve um entrelaçamento ,uma unio.

E como funcionavam esses grupos de estudos?

Organizei um grupo onde fomos ate aprender a matemática. Pra poder entender o q surgia em 70, na nossa área chamada geo teoretica ou quantitativav q era os procedimentos estatiscos nos queiras mo q ela nada mais era do q fruto da tecnocracia instalada ate escrevi pro boletim depois q eu TDMA elementos um artigo chamado geo quantio e tecnoi ond o próprio IBGE q primava mesmo apopia da na escola francesa ela se volta para a teoretica os procedimentos eram confundidos, a técnica era confunida com o método. Então se utilizava a técnica como sendo o metdo a prod perifeiraca paulista mas não entrava nas kestos políticas e sociais. Então formamos grupos pra entender a teoretica e a indluencia dela neh? Cujo núcleo foi rio claro a unes de rio claro mas muito pouco e o IBGE, onde ficou impregnado, mas logo c viu q ela se prestava ao poder e não a soluções

Quando esse grupo foi fundado? Quando

Esse grupos fundamos o artigo saiu em 88 fundamos em 74, 78

Quem participava?

Participaram ativamente

Os alunos não?

Tinnham tb...eram muitos deles.

 

Não sei se posso chegar uma masa critica, mas eu ...pelo retorno q eu tenhu, passando mais de 30 anos, alunoas dakela época procuram retomar esse período que contribuímos nos sentido de pelo menos dentar desocultar a realidade e esse processo infalivelmente ocorreu a formação da criticidade. Pq nos mais intensamente, ta empobrecido

E Florestan Fernandes? Ele tinha contato com a Mauá. Com vcs?

Ele acabou indo pro ext deposi cassado Canadá volta com a aemergencia do PT eh eleito, mas ele eh um paradigma de uma geração. O senhor diria q eles tendia mais a democracia, ou a ditadura?

Demo, indiscutível. Pela pratica em sala, pela desço e redesco q td o conj dava, indiscutivelmente keria derrubar q era inclusive o nosso papel, a bucas da demo, o resgate de uma demo de mia confecção. Carlos Motta.. Gde hist, trouxemos varias vezes. Nos estávamos no pingüim, Mauricio, acabei de ler o q deveo ler agora?

Era akela busca incessante...era um período, ou melhor, axu q eu tenhu certeza q as esperanças eram amiores pq c tinha lago q transformar me parece q hj as coisa estão serenas, sem ter ocorrido transformações...entoa a efervecencia, mas noa era so pq era ditadura década de 50, Vargas tinha sido eleito em 51 suicídio Juscelino era eu fazia colégio tinha embate de idéias  entoa noa foi tão somente a ditadura. Já havia uam politização. Na une na própria dos estudantes

E qual era a relação de vcs com a politca organizada de rp,

Olha nesse período nos não tínhamos um contato formal superficial não hvia envolvimento, havia critica dos modelos de adm piblica instaados

E os casos de tortura em rp? Eles foram debatidos em sala de aula?

Noa, nos debatíamos fora, não. C foi debatido?

S

 

Nos dizíamos d GNT q desaparecia, comentávamos me sala de aula a escola era freqüentada por GNT estranha, d fora mas a maisor discussão era feiata fora por uma questão de estratégia. Noa adianta exacerbar, mas era questionado. E os alunos procuravam indos sobre isso?

Procuravam nem todos, alunos mas havia uma participao gde um interesse mto gde nesse sentido. Os próprios alunos pedia mamis. Nos instrumentalize mais. Noa havia resistência as pesquias solocitadas entoa havia efeversencia do saber sim. Eh como eu t falei, noa resta duvida q o monento estimulada, mas noa determinava isso. Como menino 56, eu tinha 16 anos. Interessante essa obs do vazio da utopia, leva a um vazio mto gade

Como a falata do q estão sendo enfolidads pleoe modeleo de vida implantado se sexalta o consumo a grife,

Sr falou q Spinelli

Viagens Egito e Grécia com prfs de lah contratdos de hiost pra mostar as pirâmides museu do Cairo, visita ao Peloponeso não era so recreação eram culturais .muito culturais. Aprendi a beça vem in loco que eu nem imaginava ele organizau não sei qtas

Tb biologia int de oceanografia na Itália, nasceu daí algum convenio com a facu na área então vekja so o q a Mauá fazia. O aluno pagavo o avião, e tinha uma raxa pros cursos. Se não me engano muitosa foram financiadas em banco. No inicio muito interessante.

Ele Tb sofreu militares

Nicolau tinha um violento jogo de cintura. Ele sabe acomodar n situações ao msm tempo. Ele esta doente. Foi pro rio, adquiriu uma facu, curso de especialização me dei mto bem com o Nicolau

Nesse período todo, se o senhor fosse marcar um momento de transição qual seria a maior dificuldade pra esse grupo

Militares marcaram espaço

61 medice, quando a coisa endureceu mais, qusnod a depressão se tornou mais prefuinda a vigilância maior. Depois já em Geisel, houver um certo afrouxamento. Drástico foi com medice. Esse período foi brutal. O medo era mto gade pairava o medo, vira e mexe VCP era barrado t fazia desser do carro me lembro disso tão bem, voltando com meus filhos pequenos, minha família foi um período de gde vigilância do estado. Ai começou se abrandar em 85, continuava mas nem tanto. Foi conquistada pela sociedade, na medida do possível se questionava td isso.

Teva alguma manifestação de alunos nesse período?

De protesto?

Isso!

Da Mauá?

Havia mtu da USP. Da Mauá q me lembre, não wlaumir. 80 % eram do período noturno e gde parte das cidades vizinhas. Dificuldade d aglutinação

USP, cursos diurnos, mas a Mauá, qu eu me lmbree não. Claro q  deveria estar latente, mas as circusntancias da vida de cada um estudavam a noite. Os heróis ocultos da nação

 

 

Q eu fikei sabendo não...ele era mais da área adm, q eu saiba não.

O q o levou a sair da intituiçao?

Eu jatinho trabalhado 15 anos e editora ,me solicitou uma maior prestação d serviço e eu decidi em 85 deixar as aulas em deixar outras aulas em Sampa. E sai da Mauá com pesar. Fui comunicar ao Nicolau a minha saída precisava de tempo com a editora,m as sai com gde pesar e temhnhu carinhu mto gde aos anos inicias da Mauá. Os primeiros passos. Comçamos em março de 70 2 anos? Não tinah nenhuma turmae como pioneiros queiras mo dar o melhor de nos era um grupo fervoroso, Caxias, que não flatava, e corrigia prova e fazia seminário, procurava trazer professores de fora pra eles ter uma outra visão...introduzimos especialização ai a coisa se epalhor pro td a regia e GNT de outra cisadades nos fds quee RAM cursos pesados ,  na área de lingüística Tb fazia parte dese conj de profs da frança, imagina! Veioa um hist port, tem um livro dele...enfim, foram momenos ricos, pareciam impossíveis, mas fora mpossiveis. E esse encontro me deu a ooportunidad ede ativar a minha memória. E eu tom e sentindo muito bem em ter podido reativar. Foi mto gratificante. E emocionante pra im .,o tempo cala fundoi no nosso interior. Tepo intensamente e isso nos da um prazer mto gde. Faço parte dese td aki neh? Todos q passaram fazer parte eh um somatória. A Dulce, tanto tempo na Mauá. Marcou a vida viu? Marcou!

Quero agradecer o Sr por hora pra puxar mais a memória gostaríamos de fazer um segundo encontro pra fazer um mesaa redonda

Espero poder ter ajudado

O Sr ajudou muito

O tempo vai apagando

Eu vou soletrar pra vc

 



 

 

 

 

 

 

 

 

 

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