sábado, 21 de julho de 2018

Temer e “O Brasil voltou vinte anos em dois”


Em maio de 2018 o (Des)Governo Temer queria vangloriar-se dos seus feitos que retrocederam direitos sociais dos trabalhadores e cidadãos brasileiros e, com isto, cunhou, desastrosamente, o lema “Brasil voltou, vinte anos em dois”. Rapidamente o brasileiro reagiu e retirou a vírgula o que fez traduzir a realidade de que “O Brasil voltou vinte anos em dois”, em nome de um mercado que consegue fazer a grande mídia chamar de centro o que seria direita, e de centrão, o que seria o núcleo do fisiologismo no Brasil atual.
A anedota dos vinte anos em dois de retrocessos nas políticas públicas e sociais é semelhante àquela da chegada da Família Real ao Brasil, em 1808, quando um PR de Príncipe Regente era afixado nas casas que seria utilizadas pela nobreza e demais asseclas do reino recém chegados em fuga de Napoleão Bonaparte. O carioca, sagazmente, em resposta irônica apelidou o PR de Ponha-se na Rua.
Chegado ao limite de seu desmando, quando o Presidente governa, mas não administra o País, momento em que ocorrem as prévias às eleições presidências, os dados não deixam dúvidas do quão desastroso foi o processo político e social que levou ao impedimento de Dilma Rousseff que consolidou a legislação da delação premiada.
Aqui mais uma semelhança com o Brasil Imperial. Assim como a assinatura da Lei Aurea, pela Princesa Izabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bourbon e Bragança, que fez a libertação formal do escravizados, foi a pedra de toque da queda da Monarquia; a consolidação, por Dilma Rousseff, da legislação da delação premiada que fez a Lava Jato avançar com seu projeto político-jurídico de forma sem precedentes, foi a gota d´água para fazer o fim do governo federal do PT.
Isto em nome de fazer sangrar o governo, na fala do candidato a Vice Presidente de Aécio Neves em meio ao processo de não aceitação do sufrágio de Rousseff. Esta perspectiva foi aprimorada, por outro lado,  para evitar a sangria dos políticos corruptos que não fossem, principalmente, do PT, na perspectiva de Jucá, em julho de 2017, num acordo “com o Supremo, e tudo”

Estado e mercado previam a geração de 100 mil empregos este ano de 2018; já rebaixaram para 80 mil e os dados de junho remetem ao aumento do desemprego. Ocorreu o aumento de mortes de neonatais, e as causas estão diretamente relacionadas ao aumento da pobreza, do recuo da atenção básica em saúde por falta de verbas e gestão. O dólar só faz subir e já é encontrado a quase cinco reais. O mesmo vale para a gasolina.
As dissidências eleitorais de 2013 consolidaram a crise econômica do País e passamos, de 2014 a 2018, patinando no avanço do atraso e da extrema pobreza. Metade dos brasileiros não recebem mais de três salários mínimos em meio a preços que só fazem subir. Há choro e ranger de dentes pelo País a fora e a República e seus representantes políticos não se constrangem, pelo contrário fazem aprofundar a distância entre os dois brasis em suas diversas formas. O Brasil e o Brazil; o Brasil branco e o Brasil negro; o Brasil dos donos do mercado e do Estado e o Brasil dos trabalhadores e dos cidadãos aviltados.
Em meio a esta realidade as convenções partidárias se realizam e o discurso onírico de seus candidatos a Presidência da República só faz lembrar as eleições de 2013. Muita propaganda enganosa e pouco debate das questões da economia e da sociedade real. Muitos acordos por cargos e nenhuma coerência programática. Muita divisão da sociedade entre os polos vermelho e azul, direita e esquerda. E, a dura realidade de quem sangra de verdade é o pobre.