Em maio de
2018 o (Des)Governo Temer queria vangloriar-se dos seus feitos que retrocederam
direitos sociais dos trabalhadores e cidadãos brasileiros e, com isto, cunhou,
desastrosamente, o lema “Brasil voltou, vinte anos em dois”. Rapidamente o
brasileiro reagiu e retirou a vírgula o que fez traduzir a realidade de que “O
Brasil voltou vinte anos em dois”, em nome de um mercado que consegue fazer a
grande mídia chamar de centro o que seria direita, e de centrão, o que seria o
núcleo do fisiologismo no Brasil atual.
A anedota dos
vinte anos em dois de retrocessos nas políticas públicas e sociais é semelhante
àquela da chegada da Família Real ao Brasil, em 1808, quando um PR de Príncipe
Regente era afixado nas casas que seria utilizadas pela nobreza e demais
asseclas do reino recém chegados em fuga de Napoleão Bonaparte. O carioca,
sagazmente, em resposta irônica apelidou o PR de Ponha-se na Rua.
Chegado ao
limite de seu desmando, quando o Presidente governa, mas não administra o País,
momento em que ocorrem as prévias às eleições presidências, os dados não deixam
dúvidas do quão desastroso foi o processo político e social que levou ao
impedimento de Dilma Rousseff que consolidou a legislação da delação premiada.
Aqui mais uma
semelhança com o Brasil Imperial. Assim como a assinatura da Lei Aurea, pela
Princesa Izabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de
Bourbon e Bragança, que fez a libertação formal do escravizados, foi a pedra de
toque da queda da Monarquia; a consolidação, por Dilma Rousseff, da legislação
da delação premiada que fez a Lava Jato avançar com seu projeto
político-jurídico de forma sem precedentes, foi a gota d´água para fazer o fim
do governo federal do PT.
Isto em nome de
fazer sangrar o governo, na fala do candidato a Vice Presidente de Aécio Neves
em meio ao processo de não aceitação do sufrágio de Rousseff. Esta perspectiva
foi aprimorada, por outro lado, para
evitar a sangria dos políticos corruptos que não fossem, principalmente, do PT,
na perspectiva de Jucá, em julho de 2017, num acordo “com o Supremo, e tudo”
Estado e
mercado previam a geração de 100 mil empregos este ano de 2018; já rebaixaram
para 80 mil e os dados de junho remetem ao aumento do desemprego. Ocorreu o
aumento de mortes de neonatais, e as causas estão diretamente relacionadas ao
aumento da pobreza, do recuo da atenção básica em saúde por falta de verbas e
gestão. O dólar só faz subir e já é encontrado a quase cinco reais. O mesmo
vale para a gasolina.
As dissidências
eleitorais de 2013 consolidaram a crise econômica do País e passamos, de 2014 a
2018, patinando no avanço do atraso e da extrema pobreza. Metade dos
brasileiros não recebem mais de três salários mínimos em meio a preços que só
fazem subir. Há choro e ranger de dentes pelo País a fora e a República e seus
representantes políticos não se constrangem, pelo contrário fazem aprofundar a
distância entre os dois brasis em suas diversas formas. O Brasil e o Brazil; o
Brasil branco e o Brasil negro; o Brasil dos donos do mercado e do Estado e o
Brasil dos trabalhadores e dos cidadãos aviltados.
Em meio a esta
realidade as convenções partidárias se realizam e o discurso onírico de seus
candidatos a Presidência da República só faz lembrar as eleições de 2013. Muita
propaganda enganosa e pouco debate das questões da economia e da sociedade
real. Muitos acordos por cargos e nenhuma coerência programática. Muita divisão
da sociedade entre os polos vermelho e azul, direita e esquerda. E, a dura
realidade de quem sangra de verdade é o pobre.