sábado, 18 de junho de 2022

Filme “Jurassic word”: uma análise do ponto de referência étnico-racial

 

Filme “Jurassic word”: uma análise do ponto de referência étnico-racial

(Wlaumir Souza)

                Cresci vendo, nos filmes, a morte sistemática de pretos e pardos ( que juntos formam os negros). Não me lembro de produções que os negros terminassem felizes e vitoriosos com os abraços do par amoroso. Pelo contrário, tendiam a morrer – assassinados das mais diferentes formas – bem antes  do final do filme.

                 As mensagens eram claras: 1- Os brancos são os heróis, 2 – Os brancos têm famílias felizes no início e no final da história, 3 – Os negros não sobrevivem por muito tempo, 4 – Negros não são heróis ou vencedores, 4- Negros não têm final feliz em família.

                 Não poucas vezes, na sala de casa, falávamos – Vamos ver até quando o negro do filme sobrevive. Sabíamos de antemão que a vida do negro não seria relevante para toda a história.

                Este tipo de produção fílmica legitimava, “discretamente”, uma séria de estereótipos e preconceitos que nas ruas se traduziam em discriminação, racismo, e os traços de nazismo e fascismo “aceitáveis” pela sociedade branca, heterossexual e cristã.

                Jurasssic Word vem com um vento de esperança incompleto, contra esta tendência que ainda sobrevive em uma série de produções – do filme à novela, das tirinhas de gibi aos livros. Traz uma nova representação dos negros. Eles sobrevivem até o final da tramas. Mas, ainda não têm uma família feliz para compor ou para a qual retornar.

                É um início. Mas, ainda falta muito para uma representação adequada do universo negro.

                Seria de se esperar mais de um filme que aborda a questão de um planeta em sua diversidade de vidas e existências. Mas, é um bom começo, ainda que tardio, de uma nova era de produção fílmica. Pois, apesar de tudo, os negros são retratados com competências e habilidades admiráveis.

               Transportando para o plano da “realidade” as tramas onde os negros morriam antes do final justificavam uma sociedade que não via negros velhos pelas ruas, elevando ao absurdo do social, justificava a carnificina que se faz no cotidiano pelas forças repressoras do Estado.

                Mas, ainda fica um vazio. Se os negros não têm famílias para retornar, amores para viver, ainda se justifica a solidão negra, sobretudo da mulher negra. Não à toa que o militar negro que sobrevive ao ataque dos dinossauros teve amores, e a mulher negra lésbica é silenciada sobre esta história dos amores.

                Diga-me o que vês na arte que te direi qual o real que consegues ler e interpretar.



 

domingo, 12 de junho de 2022

Polo

Polo

(Wlaumir Souza)

Preconceito nos separa

Antítese

Desejo que nos atrai

Traídos

Distraídos

Distendidos

Na esquina da vida

Pela discriminação impingida

Segue a fantasia como realização

Fantasia do cheiro

Fantasia do toque

Fantasia do para sempre

Gozo inaudito

De repetir o de sempre

Não

 


 

segunda-feira, 6 de junho de 2022

Tic-tac

 Tic-tac

(Wlaumir Souza)

O tempo

É um deus devorador

Devora sonhos e esperanças

De bons e maus

Contrário a inflexibilidade

Segue dando novas oportunidades

A sonhadores e esperançosos

A Cada um e a todos e todas

Segue a cada dia dizendo

Acorda

Segue

Emende-se ou remende-se

Agarre seu desejo

E vá e se transforme

Numa dialética

Entre oportunidade e devorar

É o deus tempo o mais contraditório

Ao lidar com a liberdade

De ser e estar

Num contínuo infindo

É o deus menos lembrado

É na culpa o mais cultuado

Se tivesse feito assim

Se tivesse dito assim

Seguem as portas e janelas abertas

Salta na liberdade

E escolha no seu tempo

Tic-Tac