segunda-feira, 27 de novembro de 2023

Átimo

Átimo

(Wlaumir Souza)

Segura a minha mão

Enquanto há tempo

Enquanto a tenho estendida

Beija a minha boca

Enquanto é tua

 

Deu-me 33 nãos

Soturno e invertido

Rejeitei-te duas vezes

 

No final

Todos perderam no desencontro

No embate paralelo do tempo

No começo abortado

O fim persistiu

 

Não abro mão de mim

Sabotando o que restou

Segui adiante

No caminho das pedras triangulares

Peregrinando o Vale dos Desenganos

 

Descansei na Praça do mérito

Onde a resiliência desabrocha

Rumo a novos horizontes

Como peregrino da existência

Descobri caminhos e percursos

Dantes impossíveis

Se estivesse ao lado seu

 


 

 


segunda-feira, 20 de novembro de 2023

Brevidade

 Brevidade

(Wlaumir Souza)

O tempo parou

Fraturado pelo desejo

Não acolhido

Suspirou tanto

Tantas vezes

O coração tremia

Arritmia da realidade

Profunda

Distante

 

O tempo parou

Longos breves anos se passaram

E o desejo a latejar

Congelado no tempo do agora

Sempre o mesmo

Martelando no peito

Com o peso da pata de elefante

Inclemente na mente

Latejando em memórias e sonhos

 

O tempo parou

Ressequido da esperança

Delirava em lágrimas agridoces

Suspirou tanto e tantas vezes

Que um eco se formou

Se alastrou

Corpo adiante

Corpo afora

 

O tempo parou

Tão tempo

Tão estático

Tão átimo

Tão circular



 

segunda-feira, 13 de novembro de 2023

Equinócio

 Equinócio

(Wlaumir Souza)

Que o amor floresça

Qual primavera

Com a alegria infantil

Descobrindo o algodão-doce

Venha sem medo ou vergonha de ser

Na verdade feliz

De ser sujeito na imaginação

Irmanada em laços e abraços

De sentidos mil

Eternize-se no tempo do presente

Posto o amor incontido

Não reconhecer ao tempo

Poder algum além do agora

O Cosmos se realinhou

As oportunidades sorriem

Vem novos ventos

Em brisas e maresias estelares

O portal de abriu

Seu privilégio é escolher

Entrar ou partir



 

segunda-feira, 6 de novembro de 2023

Reflexos

 Reflexos

(Wlaumir Souza)

Pergunta de toque

No meio do percurso

Continua como interrogatório noturno

Livre de amarras

Caleja a mente

Se põe a voar

Entrelaçando ideias e ideais

Ilumina os pontos mais íntimos

Fita tudo em um claro-escuro

De brumas de inverno

Que existiam outrora

Ainda resistem ao Aquecimento Global

Fica tilintando qual mensageiro dos ventos

Em noite de inverno

Não quer saber de castelos

Deseja a mente por completa

A existência diante de si

E da experiência lapidar

Questiona no pretérito imperfeito

O que poderia ser

Além do que foi 

Ou não se realizou



segunda-feira, 9 de outubro de 2023

VIDA

 VIDA

 (Wlaumir Souza)

Marcadas nas estradas de vida

As pegadas em rastros de furacão

Encruzilhadas e ciladas

Oportunidades e desenlaces

Frustrações e realizações

Trilhando a cada pedra

Uma resiliência de confetes

Encantei-me por ser Fênix

A cada raiar do sol

A vida encanta e se desdobra

Em furta-cor de oportunidades

E miríades de oportunidades

A vida é agora

É este átimo relâmpago

Que se mira no futuro

Se enxerga no passado

Fugidia se ascende e ilumina

Tudo o que pode ser

Num abraço de esperança

Seguindo as trilhas percorridas

Inventando novos caminhos



segunda-feira, 25 de setembro de 2023

TRAÇOS

 TRAÇOS

(Wlaumir Souza)

Me destes tantos nãos

Das mais diferentes formas

Adicionados pelas atitudes

Que pelas palavras

Que os colecionei

Um a um os contei

Vida segue

Fiz com eles

Um destino reinventado

Trançado de dor e esperança

Conquistas e refugos

Ralentando caminhei adiante

Trazendo nas mãos a esperança

No olhar a espera

Reencontrei o sentido

Vivi entre o Céu e o Inferno

Numa gangorra

Em meio a flores que desabrochavam

Espinhos que murchavam

Como ensinou Cora Coralina

Escolhi o Sol

Atingi as Estrelas

Infinitamente mais belas e diversas

Numa eternidade caleidoscópica luzidia

Sem ponto final

Apenas e simplesmente

Exclamação eternal



segunda-feira, 18 de setembro de 2023

DESEJO

 DESEJO

(Wlaumir Souza)

Quero compor versos

De uma sonata de amor

Penso nas notas mais perfumadas

As letras amantes de si mesmas

Entoam a regência primaveril

Me busco na trilha da emoção

Fica o sentido profundo

Vivo na ciranda da existência

Composta em versos

De um braseiro sem fim

Com sentimentos e emoções

Que fazem coração

Compor uma sinfonia

Onde nos tímpanos

Ecoam coros

De Eros e Cupido entrelaçados



segunda-feira, 11 de setembro de 2023

QUIMERAS

 QUIMERAS

(Wlaumir Souza)

Na infância

Ensinaram que o passamento

Transformávamo-nos em estrelas

 

Na adolescência

Me garantiram a vida eterna

Entre reencarnação e ressurreição

 

Na meia idade

Vejo as estrelas do céu se apagarem

A cada óbito

O dia nublado

Sinto o mundo de lá

Mais atraente em quimeras

 

Na velhice

Espero contemplar a verdade

Do silêncio infinito

Do átimo cósmico

E sentir simplesmente o fim

De quem mergulha e funde ao universo

Sem princípio e nem fim

Deus encantando o encantado

De fecundar o tempo e o espaço

Com um pó de mim



 

 

segunda-feira, 4 de setembro de 2023

SENTIDO

 SENTIDO

(Wlaumir Souza)

Perguntei ao vento

Qual o sentido da existência

Sussurrou palavras inauditas

De sentidos múltiplos

Completou

Só saberás a sentença da existência

Quando fores passado

O entenderás em cortes profundos de viver

Que pesa no presente

Como possibilidade de ser

Viva e sinta o percurso

De pensar que o futuro sempre vem

Caminhando passo a passo

Perceberás que mais relevante que o sentido

É a própria existência

A existência é o sentido

E não o sentido a existência

Viva e reviverás




 

segunda-feira, 28 de agosto de 2023

PIANÍSSIMO

 PIANÍSSIMO

(Wlaumir Souza)

Na primeira estação a vida

Sonhava com labirintos de partituras

Fui guiado por suas mãos

Em tons e semitons

Em falas de coloridos acordes

De escala em escala

Solfejando pela vida

Por vezes em mi menor ou maior

Presente ala representava

Mesmo que ralentando a presença

Doce e terna otimista mestra

Que mesmo nos encontros estacados

Quem a conhece se encanta pela melodia

De vida-arte sobrevida

Sua estatura poucos alcançam

Em partituras de saber

Muitos sonham com ela

Piano

Piano

Num abraço

De orquestra sinfoniando a existência

Rege a ópera da amizade

Como ninguém

Não quero a pausa

Desejo as sonoridades únicas

Sob a sua regência sem fim

Seguimos em trinados

Diante do século XX e XXI

Entre o alegro e o vivace

Dançando um rondó infinito

 


 

segunda-feira, 21 de agosto de 2023

EXÉQUIAS

 EXÉQUIAS

(Wlaumir Souza)

A  religião alardeia o infinito

Competindo com os Cosmos

Deus apresente a finitude

A morte

Ponto final ou de exclamação

Permanece a interrogação

Do que sonha e crê

Do que deseja e teme

Corta a carne de quem fica

Em pesar e dor

Para iluminar a presença do ausente

Saudade é o que impera

Uma penumbra do Universo interno

Se ilumina em pranto

No encerrar das existências

Tão longas no viver

Tão breves no esmaecer de perecer

No limiar entre o dito-vivido

E o silêncio profundo

Da Paz Profunda sem fim



segunda-feira, 7 de agosto de 2023

Finitude

 Fim

(Wlaumir Souza)

 

Chegou a sexta-feira

Tão rápida e líquida

Passou o Ano Novo Gregoriano

Vão se anos

Onde aportará já ao sei

Lá se vai  meu natalício

Mais de meio século percorrido

Olho para trás e não vejo o tempo

Miro o futuro e parece infinito

Não o meu

Posto que um dia finda

O das gerações

Da vida pedindo mais vida

Sigo esse conselho

E me iludo com a eternidade do hoje

Visto que o amanhã é sempre amanhã

E nunca achega-se ao raior do sol

Vivas ao desaniversário



segunda-feira, 24 de julho de 2023

Dias

 Dias

(Wlaumir Souza)

Tranço poemas

Atribuo estéticas infinitas

Na busca do que sou

Do que posso me tornar

Caminhante

Segue

As letras efervescentes

Dizem mais que a vida

Cravam o desejo

Em composições perdidas

No labirinto onírico do compor

A vida segue se exibindo

Em metáforas multicor

De reminiscências que só o autor conhece

E os sentidos atribuídos são do leitor

Por excelência



 

segunda-feira, 17 de julho de 2023

MEMÓRIA

 MEMÓRIA

(Wlaumir Souza)

Quando as palavras não são suficientes

As faíscas nos olhos clamam pelo negado

Renegado

Siga em frente e enfrente

Busque novos sentidos

Nas navalhas mais profundas da existência

A memória incontida

Afirma

Que o amarelo não era verde

Que o não nunca foi talvez

Fuja do engodo narcisista e perverso

De sonhor com o que deseja

Projetando a a própria ruina

Em memórias do que nunca foi

Ou poderia ter sido

Liberte o desejo

Voa para as esperanças

Construa inovações

De uma inteiramente nova memória

À sua vida que sempre merece mais e melhor



segunda-feira, 10 de julho de 2023

Envelhecência

Envelhecência

(Wlaumir Souza)

Jamais pensei nesse momento

Incauto que fui

Num picar de estrelas

Me olho e me vejo

Em plena envelhecência

Envelheci mais rápido

Que o  florescer                                                          Diria Cronos

Admiro o tempo

Corroendo as estações

Tão lentas no presente

Velocistas no pretérito

Imperfeitas memórias voam à mente

Cá estou

Diante do espelho

A marca dos tempos são minhas

A história pertence a todos

Que de fronte aberta

Perscrutam a si mesmos

 

(Wlaumir Souza)

Jamais pensei nesse momento

Incauto que fui

Num picas de estrelas

Me olho e me vejo

Em plena envelhecência

Envelheci mais rápido

Que o florescer                                                                           

Diria Cronos

Admiro o tempo

Corroendo as estações

Tão lentas no presente

Velocistas no pretérito

Imperfeitas memórias voam à mente

Cá estou

Diante do espelho

A marca dos tempos são minhas

A história pertence a todos

Que de fronte aberta

Perscrutam a si mesmos



 

segunda-feira, 3 de julho de 2023

Percurso

 Percurso

(Wlaumir Souza)


Foi longe demais

Tão longe

Que me fez distante

A única resposta era o não da razão

O sim

Nunca dito pelo Amor

Virou eco do silêncio

Retinindo na existência

Amordaçado na vida

Vida do Tempo

Da ausência de texto e de contexto

Foi ausente de mais

Para ser



segunda-feira, 26 de junho de 2023

Parto

 Parto

(Wlaumir Souza)

Tua partida me cindiu

Em tantos átomos

Do quanto sou façanha

Luz e Treva em miscelânea

Festejam em dor

O beijo da Lua com o Sol

Refiz o sentido face à ausência

Caminhando em pedras secas

Colecionando os destroços

Em meio a solitude

Sorri para o Eu profundo

Mergulhei nos abismos de significantes

Depois de como mil anos sem lucidez

Sorri novamente

À vida recompondo

Em melodia de oportunidades

Sem Fim



 

domingo, 11 de junho de 2023

Percursos

 

Percursos

(Wlaumir Souza)

Entre caminhos e possibilidades

Me perdi em labirintos de desejos

Trançados pelas fiandeiras do Destino

A liberdade brandiu o sinete da vitória

Os riscos foram inglórios

Caminhei em estradas espinhosas

Redefini os percursos

E não parei

Fui até a Paz Profunda

Que se destina a quem ousa buscar

Os sentidos mil da existência

Em vestes que se trocam pela busca da plenitude

Trouxe assim entre possibilidades e caminhos

O Destino que sempre quis



segunda-feira, 5 de junho de 2023

Contemporâneo

 

Contemporâneo

(Wlaumir Souza)

Amo-te assim

Frente e Verso

Do avesso e no reverso

 

Somos gêneros ilimitados

Sexualidade em devir

Prazer dizendo

Sim

 

Amo-te assim

Sem pudor

Sem pecado

Com abraços e afagos

Beijos e toques

 

Abaixo o patriarcado

Viva a diversidade

De amar-te assim



domingo, 28 de maio de 2023

Festança

 Festança

(Wlaumir Souza)

Lá vem as festas

Juninas e Julinas

Toda decorada de ouro

O ouro do milho

A festança da colheita

Do milagre da vida se reproduzindo

Todos e todas estão alegres

À mesa

Toda resplandecente

Tem curau

Tem pipoca

Tem bolo

Tem paçoca

Tem pamonha

Tem tudo que o milho traz

Traz fartura

Traz alegria

Traz festa

Tem tudo que na roça dá

Do bom e do melhor

Reluzindo á mesa

Animada pela Sanfona  e pela viola

Elas cantam e encantam

O quentão anima os corações

Todas e todos em busca de uma nova Paixão

Dançam e sorriem

Em meio as bandeirolas de toda cor

Ao redor da Bandeira dos Santos

Reza e festa

Comilança e papo solto

Encontros e abraços

É a tradição reinventada

É o Brasil

Festança vivida e vívida

Ao longo dos séculos

Comemorada até na cidade

Saudosa da festa ingênua

Do campo e da roça

Que fazia famílias

Que fazia acordos

Que fazia noivados

Que fazia casamentos

A criançada ao longo dos meses

Juninas e Julinas

São as festanças da fecundidade

Da terra e sua colheita

Da humanidade e sua perpetuação

Dos sonhos e sua realidade



 

segunda-feira, 22 de maio de 2023

Viagem

 

Viagem

(Wlaumir Souza)

 

Vou partir

As malas prontas

Bagagem em ordem

 

Parto de mim

Sem deixar saudades do-eu

 

Vago livre

Comigo a-lado

Desolado

Do nada



domingo, 14 de maio de 2023

Dantes

 

Dantes

(Wlaumir Souza)

No pomar das amarguras

As agruras se distinguem

Enquanto o vinco da dor

Abraça o perdão

Trêmulo em gemido

Suspira o horror

O porvir regozija

A esperança dormita

Enquanto o alfaiate costura

A história perdida



segunda-feira, 24 de abril de 2023

Precisão

 

Precisão

(Wlaumir Souza)

E quando

Tudo está no lugar

Exato

Simétrico

 

O que fazer

Com sentimentos

- Apenas teus/meus

Que não dizem nada

A ninguém

 

Alguém.

Além.

Amém!

 

A vida plena

Enjaulada

Encarcerada

- Barras de ouro

De outro



segunda-feira, 10 de abril de 2023

Poetar

 Poetar

(Wlaumir Souza)

Apenas me aventurando

Atrevendo-me

Como quem diz ao mundo

Tudo é possível

 

Poetar

Compor

Dissimular

Transliterar

 

O vivido em palavras

Os sonhos em versos

As aspirações em letras

A tristeza no re...verso

 

Poetar

Traduzir

Driblar

Confabular

 

Com as palavras sonhar

E o mundo conclamar

Humanos: Realizai!



 

segunda-feira, 3 de abril de 2023

Partilha

 Partilha

(Wlaumir Souza)

Chega uma hora

Em que é preciso a cortina baixar

E o coro silenciar

 

Momento de gratidão

De ressonância do silêncio retumbante

Reverberando o alardeado

Não para o outro

Mas, para si mesmo

 

Afinal, o final

É término?

Ou reconhecimento?

É a raia expandida?

 

Velas

Rodas

Asas

...

 

O passado

O presente

Entreveem-se

Numa separação eterna

Confabulam

 

- Vá adiante!

- Siga o vento!

 


segunda-feira, 20 de março de 2023

O amor que não diz

 

O amor que não diz

(Wlaumir Souza)

Ao teu lado o silêncio mais profundo

Ouço sentimentos

Silêncio e cortesia entrecortam os gestos

Desejo e fúria – desperta o inconsciente

 

Dizer o quê?

Que te amo.

Amar no século XXI – o que significa

Pedante! Temporário! Transitório...

Quero mais!

 

Acordar contigo

Sonhar o último dia

Com o som do silêncio

Ora compreendido!

 

Ao teu lado o silêncio

Foi presença ardente

Significando a existência

Melhor a presença com silêncio

Ao silêncio com tua ausência



quarta-feira, 8 de março de 2023

Mulheridades

 

Mulheridades

 

No 8 de março

Homenageamos as mulheres

Na diversidade das mulheridades

Em sua mais ampla forma e distinção

De universal os direitos

Para além do físico constrangedor e do metafísico opressor

Da dicotomia homem-mulher

A todas as mulheres que se tornam

Uni-vos na mulheridade plural

Contra todo universalismo e essencialismo

Não nos importa se nasceu

Com vírgula ou exclamação

Nos interessa o sentido da existência

Não vos enganeis

Em meio a mulheridades

Quem é contra todes

É contra todas

O reacionário

Reage a ação de emancipação

Quer silenciar um

Com a cumplicidade da oprimida

O reacionário quer o naturalismo ideologicamente forjado

Para silenciar agora todes

E num lapso a breve

A todas

Uni-vos mulheres nas mulheridades 

Com vírgula ou exclamação

O opressor só se rende

Face a união

Na carne e na alma

Na labauta e na diversão

Com os aliados e os cumplices

Seguindo a tornar-se

O que ilumina construir

Com tuas forças e desejos

Com as entranhas do seu ser




segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

Nó cego

 

Nó cego

(Wlaumir Souza)

O silêncio se instalou

Estalou

Só o ninguém notou

O silêncio se fez completo

Como se até as rotas dos planetas

Estivessem congeladas

Tamanha profundidade sentida

Continuou invisível e não sentida

Pela multidão das mídias sociais



segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

Equinócio

Equinócio

(Wlaumir Souza)

As folhas vibram

Atritam

Reclamam

 

O vento desliza

O ruivo animado

A presença fina

 

O casaco pesado,

Em férias

A meia estação

Inspira

 

É o inverno reclamando

Seus últimos instantes

Se foram.

 


domingo, 22 de janeiro de 2023

Epitáfio

Epitáfio

(Wlaumir Souza)

No dia em que partir

Quero que seja definitivo!

 

Novas encadernações

Apenas se forem garantidas as páginas com  ...

 

As amizades com ;

. apenas no ódio e na desilusão.

 

No dia em que o meu corpo se estilhaçar

Quero um milésimo de silêncio – e nenhum mais

Seguido de beijos mil

Assim todos saberão – o que provei e o que perdi!

Seria possível que houvesse tantos beijos

Quanto abraços ternos

 

Ao anoitecer não me procurem nas estrelas

Não estarei lá!

Estarei trabalhando em favor dos nãos que recebi

Quanto aos sins, foram recíprocos.

 

Queria poder dizer

Que disse sim a tod@s.

Infelizmente

Não foi possível.



domingo, 15 de janeiro de 2023

Do que vês

 Do que vês

(Wlaumir Souza)

Pergunto

Com quantas mentiras somos capazes de viver

De quantas somos capazes de sobreviver

 

Diga!

O embuste mais grave...

O que fazemos a nós mesmos

O que entregamos aos outros

 

Pense...

De todos os engodos

Algum nos tornou o que somos

Outros nos travestiram

O que veem em nós

 

Somos o que

 

No real tem algo de fidedigno

Tornamo-nos apócrifos de nós mesmos

Escrito por outros!

Lidos por desconhecidos!

Tramados por enganos!

 

Engodos no existir...

Somam ou subtraem nossa existência

Qual o espólio que interessa?

A verdade que nos torna o que somos?

A vida como ela é: teatro de circuncisões?



segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

Dás

 Dás

(Wlaumir Souza)

De todas as que mais me incomodam

São as humanas

 

Vividas

Não percebidas

Vívidas

Sentidas

 

No passado sem respostas

O presente incompreendido

Retrocesso insoluto

 

Mazelas

Vencestes

Arrogante nem mesmo prêmio almejou

O humano abandonado



 

 

domingo, 1 de janeiro de 2023

Raiar

 

Raiar

(Wlaumir Souza)

Janeiro despertou

Com as promessas divinizadoras

De novos tempos

Em presente decorado de azul em dourado

Abre-se com a senha de doze meses

Vê-se na retina da Estação

O presente-futuro de 365 dias

Cada um condecorado com horas de oportunidades

Perfumadas com as flores do Passado

Em Memórias mil

O mimo é novidadeiro

Desenlaça a Esperança

Que flana pela Roda da Fortuna

Dias passarão

Dias virão

Permanecerá o contínuo o Universo

Posto à experiência na Vida

Que segue o ciclo ao redor do Sol

Luz que se ilumina iluminando

Lançando a fecundidade do dizer

Diante de tantos infinitos entes estelares

Viver é o maior presente

Viver é o maior privilégio

Enlaçado pelos códigos secretos

Segue Janeiro semeando

Mais 

Muito mais e além