Brinde
(Wlaumir Souza)
Você chegou até aqui
Parabéns
O mês natalino
Ganhou o melhor mimo
Que Noel e a Divindade
Podem embalar com candura
Estar vivo
É o carinho por excelência
É o trato devocional
Como presente raro
No presente iluminado
Brinde
(Wlaumir Souza)
Você chegou até aqui
Parabéns
O mês natalino
Ganhou o melhor mimo
Que Noel e a Divindade
Podem embalar com candura
Estar vivo
É o carinho por excelência
É o trato devocional
Como presente raro
No presente iluminado
Dezembrite
(Wlaumir Souza)
Dezembro tem ares de festas
Dezembro tem sons de confraternização
Dezembro tem lavras de esperança
Dezembro tem estrondos de amor
Tudo para o Natal
Tudo para o Ano Novo
No Natal o nascimento – promessas de Jesus
No Ano Novo o velho que se esvai – gratidão ao Papai Noel
Segue em cores mil
De verde, de vermelho, de dourado
Sonhos infantis resilientes
Nos novatos da vida e nos veteranos da experiência terrestre
A euforia faz parte
Quer nas compras
Como no receber presentes
Segue bailando encantada pela melodia
Natalina e de Ano Novo
Seguem todos iluminados
A palavra é pisca-pisca de vida
A palavra é esperança radiante
Segue dezembrite
Contagiando a todos e todas
Irmanados na perspectiva
De que no novo sempre vem – Natal
De que o antigo deixa presentes – Ano Novo em Papi Noel
Felicidades mil
Todos acompanhados pelo abraço da história
De ser feliz já em dezembro
Caninha
(Wlaumir Souza)
A cana plantada
A cana inclinada
A cana cortada
A cana sujeito
Para onde foi o sujeito?
Humano esgarçado
Humano talhado
Humano esbagaçado
Humano migrado
De que lugar é o sujeito?
Sujeitado
A-sujeitado
Negado
No açúcar
No anidro
Bofetada
(Wlaumir Souza)
Desejar-te é um monólogo
Sincopado
Peito em trote
Diálogos monossilábicos
Meia? Arrastão
Cusparada sem perdão
Bofetada publica
A glória da tradição
Negam-te há séculos
Resistes!
A ordem te convoca
Por paixão
Na esquina?
Na penumbra?
Não...
No meio da procissão,
Invisível,
Intima de muitos
Discursos, contra
Atos a favor.
Solta?!
Todos confessam
A ordem precisa de ti
Profissional mais antiga
Dominada
Nas caladas
Ato II
(Wlaumir Souza)
Depende
Apenas de nós
Embora o pensamento racional
Tenha imposto isto
Como norma
O aquilo
São tantos relacionamentos
Tantas possibilidades
E desejos múltiplos
E entrecortantes
Desejos que negam os nossos
Quê
Bem pouco reta
De apenas eu
Recíproco
(Wlaumir Souza)
Agora falta pouco
Lá vem
Com mais promessas
Alguns já se cansaram do encantos
Outros ainda têm dúvidas
Gerar o que prometes
Muitos são envoltos pelos braços
E abraços
Deleite
Diante aos votos
Desejo a você
Te inspirando
Intensamente
Nada
Diante do amado
A ausência da partilha
Do abraço intenso
Dos corações ritmados
A respiração
Em uníssono
Segundos
(Wlaumir Souza)
Teus orgasmos
No meu
O meu
No teu
Simples
Plenos
Assim
Sem gêneros
Ou textos
Ou pretextos
Plenos na forma
Livres e profundos no conteúdo
Abre-se a humanidade
Sem limites de natureza
Exauridos na contagem
Regressiva da vida
Pusemo-nos a amar
Descuidados das regras
Como se pode verdadeiramente
Ser no plural e no devir
Resolução
(Wlaumir Souza)
Dou-vos de presente
Como sempre me pedistes
Em silêncio
Minha ausência
Além da dor
Depois da tempestade
De sentimentos contraditórios
Da ambivalência existencial
Impares
Foi libertador
Pedinte
(Wlaumir Souza)
O concreto por cama
O vento em cobertor
O luzeiro como abajur
O estelar na bebedeira
O fósforo em meio á indiferença
O humano em chamas de excludência
O burguês fingindo audiência
O caixão de papelão
O torrão da indigência
O silêncio da complacência
O benefício da classe
O condenado pela hierarquia
Traição
(Wlaumir Souza)
No registro da escrita
O não dito
O mau dito
Maldito
Mal maligno
Oco percorrido
Traçado em linhas destemidas
O fiel da balança traída
O verbo corrigido
Torturado na penumbra
Acoimado de desgraçado
Tudo percorrido
Resta apenas o não dito
Tinha
(Wlaumir Souza)
A felicidade
Simples
A saudade
Complexa
Elaborou
De forma exata
Troca de olhares
Pupilas dilatadas
Beijo correspondido
Estalo de alegria
Nostalgia
(Wlaumir Souza)
Um dia
O futuro presenteou
Com o regalo da presença
Quisera que ainda fosse
Ausência
Diante de tantas pedras
No caminhar
Recolheu todas
Reconheceu o sentido
De cada uma e única
Narrou a história
Em alto e bom tom
E se foi
Livre do passado
Aberto ao futuro
Tudo no presente
De uma calçada de pedras encantadas
Pela simbologia da vida
Da paz e da esperança
Lancinante
(Wlaumir Souza)
Amei-te
Sempre
Como me é possível
Amar-te
No Presente
O passado e o futuro
Ingentes
Me assombram e assolam
Com lembranças e esperanças
Resta e fica o Hoje
Como real imaginário
Inaudito
Repleto de sonhos e desejos
De um compasso sem fim
De esperança
Estufa
(Wlaumir Souza)
Calor Senegalês
Outrora o da Colônia
Ardor Amazônico
No Mato Grosso
Queimadura abrandada
Efeito do lucro
Segue o Aquecimento
Torrando vidas
Rendendo fortunas vis
Vivas a sinecura
Travestido de honestidade
A derrubada em massa
Assola o planeta
Solitário de viventes
De árvores e de aves
De rios e de peixes
Inquisição
(Wlaumir Souza)
Caro leitor
Estou aqui como escrevedor
Em prosa poética
Para lhe inquerir
Qual nome vem à sua mente
E ao seu coração
Quando lhe pergunto
O que é o amor
Quando o verbo passa a sujeito
O que lhe invoca os sentimentos e pensamentos
Confesso que o meu amor
Tem nome e sobrenome
Só não teve redação
Sigo assim escrevedor
Sem ponto de exclamação
Apenas interrogação
Enquanto tatos outros
Aqui e além
Vivem as reticências
ARE em festa de vinte
anos
(Wlaumir Souza)
As Academias reunidas
Num festival de motivos
Versavam sobre
Letras
Artes
Tudo de que enobrece o humano
Faltava a flor do cidadão
Faltava a fonte da civilização
Que a todos transforma
Que a tudo ilumina
Que letras e artes produz
Do cadinho das Academias
Saíram três letras
ARE
Repletas de significados
Academia Ribeirão-pretana de Letras
Nasceu em pleno início do Século XXI
Toda contemporânea
Versou sobre o sabor da dodiscência
Numa relação dialética de pluralidades mil
Diversidades sonhadoras
De todos Educar pelo servir
Educando-se a si mesma
Pôs-se a aprender
Primeiro para Ribeirão Preto
E nos seus vinte anos
Hoje comemorados
Serve também á Região Metropolitana
Vivas à Academia
Vivas à Educação
Vivas aos confrades e confreiras
Deste nobre sodalício
Que venham mais vinte anos
Que venha o século
Nesta nobre cidade de Ribeirão Preto
Ditosos
(Wlaumir Souza)
De todas as graças a
mais perfeita
Amor
Entre todas as lições de amor a mais intensa
Desapego
Privilegiados mesmo são os que escolhem
Escolhidos
Em meio a um oceano cósmico de existências estelares
Se olham
Se vêm
Se enxergam
Se entregam
E sorriem juntos para
a vida
Solidão
(Wlaumir Souza)
Uns vêm
Outros veem
Raros são
Seguimos na estrada
Da busca eterna
De uma inalcançável completude
Quer fantasiada de amor ou felicidade
A vida em porvir
É um devir sem fim
De partidas e econtros
Uns seguem
Outros adormecem
Uns vêm
Outros veem
Raros são
Filme “Jurassic word”: uma análise do ponto de referência étnico-racial
(Wlaumir Souza)
Cresci
vendo, nos filmes, a morte sistemática de pretos e pardos ( que juntos formam
os negros). Não me lembro de produções que os negros terminassem felizes e
vitoriosos com os abraços do par amoroso. Pelo contrário, tendiam a morrer –
assassinados das mais diferentes formas – bem antes do final do filme.
As mensagens eram claras: 1- Os brancos são os
heróis, 2 – Os brancos têm famílias felizes no início e no final da história, 3
– Os negros não sobrevivem por muito tempo, 4 – Negros não são heróis ou
vencedores, 4- Negros não têm final feliz em família.
Não poucas vezes, na sala de casa, falávamos –
Vamos ver até quando o negro do filme sobrevive. Sabíamos de antemão que a vida
do negro não seria relevante para toda a história.
Este
tipo de produção fílmica legitimava, “discretamente”, uma séria de estereótipos
e preconceitos que nas ruas se traduziam em discriminação, racismo, e os traços
de nazismo e fascismo “aceitáveis” pela sociedade branca, heterossexual e
cristã.
Jurasssic
Word vem com um vento de esperança incompleto, contra esta tendência que ainda
sobrevive em uma série de produções – do filme à novela, das tirinhas de gibi
aos livros. Traz uma nova representação dos negros. Eles sobrevivem até o final
da tramas. Mas, ainda não têm uma família feliz para compor ou para a qual
retornar.
É um
início. Mas, ainda falta muito para uma representação adequada do universo
negro.
Seria
de se esperar mais de um filme que aborda a questão de um planeta em sua
diversidade de vidas e existências. Mas, é um bom começo, ainda que tardio, de
uma nova era de produção fílmica. Pois, apesar de tudo, os negros são
retratados com competências e habilidades admiráveis.
Transportando para o plano da “realidade” as tramas onde os
negros morriam antes do final justificavam uma sociedade que não via negros
velhos pelas ruas, elevando ao absurdo do social, justificava a carnificina que
se faz no cotidiano pelas forças repressoras do Estado.
Mas,
ainda fica um vazio. Se os negros não têm famílias para retornar, amores para
viver, ainda se justifica a solidão negra, sobretudo da mulher negra. Não à toa
que o militar negro que sobrevive ao ataque dos dinossauros teve amores, e a
mulher negra lésbica é silenciada sobre esta história dos amores.
Diga-me
o que vês na arte que te direi qual o real que consegues ler e interpretar.
Polo
(Wlaumir Souza)
Preconceito nos separa
Antítese
Desejo que nos atrai
Traídos
Distraídos
Distendidos
Na esquina da vida
Pela discriminação impingida
Segue a fantasia como realização
Fantasia do cheiro
Fantasia do toque
Fantasia do para sempre
Gozo inaudito
De repetir o de sempre
Não
Tic-tac
(Wlaumir Souza)
O tempo
É um deus devorador
Devora sonhos e esperanças
De bons e maus
Contrário a inflexibilidade
Segue dando novas oportunidades
A sonhadores e esperançosos
A Cada um e a todos e todas
Segue a cada dia dizendo
Acorda
Segue
Emende-se ou remende-se
Agarre seu desejo
E vá e se transforme
Numa dialética
Entre oportunidade e devorar
É o deus tempo o mais contraditório
Ao lidar com a liberdade
De ser e estar
Num contínuo infindo
É o deus menos lembrado
É na culpa o mais cultuado
Se tivesse feito assim
Se tivesse dito assim
Seguem as portas e janelas abertas
Salta na liberdade
E escolha no seu tempo
Tic-Tac
Democracia
(Wlaumir Souza)
Liberdade
Sou cativo
De mim mesmo
Do eu profundo
Afundado em nós
Sociais ou políticos
Quimera do sonhos culturais
Foste forjada na Filosofia
Vivida no Parlamento
E aclamada pelas multidões
Vai segue adiante
Dilatando seu alcance
Escandalizando a gente burguesa
Que outro te proclamava
Em alto e bom som
Com armas em punho
Nas Revoluções Constitucionalistas
Agora se travestiram de conservadores
Da ordem de exclusão
Da desordem da exploração
Da dialética da escravidão assalariada
Clama Democria
Por seus pares
O sufrágio universal
Os Direitos Humanos
O fim do essencialismo
Tão fundador e mantenedor
Da ordem dos desiguais
Obsessão
(Wlaumir Souza)
O capitalismo e o capital
Unidos na produção
De coisas e obsessivos
Produz sem parar
Em série ou aparentemente exclusivo
Quer todos consumindo
Dia e noite
Enquanto se estiver acordado
Mesmo dormindo
Faz com que nada satisfaça
Sempre mudando a oferta e demanda
Faz brilhar os olhos
Como se fosse uma religião
Onde o Deus muda todo dia
A cada hora
A cada instante
A fração de satisfação não se detém
Não se mantém
O vazio é eterno
O vício grita
Passando de objeto em objeto
Não cessa na busca
De eterna insatisfação
Consome tudo
De gentes ao planeta
Consome tudo
Até as forças dos corpos
Que fabricam ou consomem
Num adoecer sem fim
Que se maquia em consumir
Sem sessar
Sem satisfazer
Sem sentir
Sem sabor
Sem sentido
Numa sucessão de objetos
Nada fálicos
Nada de nada
Na existência nadificante
De eterno consumir-se consumindo
Num sintoma sem fim da obsessão coletiva
Do capital e do capitalismo
Canô
(Wlaumir Souza)
Mãe
Não tem tradução
Midiáticas
Conhecidas dos filhos
Dona de tudo
Do passado
Do presente
O futuro em aberto
Escolha
(Wlaumir Souza)
No planeta Contemporâneo
Tudo é urgente
Urge na lógica do lucro
Impõe na métrica do capital
Fórmulas de autoajuda e autoestima
São construções publicitárias
Que substituem os milagres
De produzir cada vez mais
Faça tudo como se fosse a primeira vez
Faça tudo como se fosse a última vez
Escolha e faça e cumpra a ordem do produto
O que você prefere
A subjetividade é da mercadoria
Você é o fosse no presente do passado
Desígnio
A alegria da primeira vez
A tristeza da despedida
Ouse
O encanto da descoberta
O tédio da repetição
Eleja
A perda da pureza
O mecanismo de repetição
Escolha
Viver
Morrer
Mas produza
Reproduza o capital
O ser fosse desapareceu
Encontro
(Wlaumir Souza)
O Universo arquitetou o momento
As Galáxias planejaram o encontro
O abraço enlaçou nossos corações
Foi assim simples e direto
Uma troca de olhares visionários profundos
Duas frases ditas
E nossos corpos se juntaram num abraço
Coração a coração
Os dois no mesmo compasso ritmado
Em valsas de cantos de amor
Vivemos plenos
Um no amplexo do outro
Foi mágico
É encanto
Completamente amor
As fagulhas do Universo se realizaram
Rejeitados
(Wlaumir Souza)
Passaram-se os dias
Transcorreram os meses
Findaram os anos
Depois
Quando o destino não mais resistia
Se reencontraram
Trocaram olhares e abraços
Lágrimas rolaram
E num silêncio cumplice
Sentiram as amarras das margens
Dos mares de lágrimas
Experimentaram a violência das margens
Da sociedade que viviam
Notaram o peso do não
E do consentimento a tudo que não eram
Tudo por um contexto
Que não ressurge mais
Nem das lágrimas
Dos olhares
E dos silêncios
Seguiram adianta em silêncio
Repetindo o mesmo erro
Das margens da história do passado-presente
ANÁTEMA
(Wlaumir Souza)
Muitos daqueles morreram
Destes também
Que bom
Minha esperança insiste acesa
De que em breve
Morram daqueles muitos
Também destes
Eu
Anállise
(Wlaumir Souza)
Considerava suas ideias
Todas fora do lugar
Olhava e ouvia o mundo
Sentia tudo no avesso e no contra tempo
Seguiu décadas assim
Meio triste
Meio cabisbaixo
Até que um dia leu um livro
Se encontrou
Em letras e versos
Bem tramados em conceitos
Existencialistas
Críticos
Se viu em casa
Pela primeira vez
Abandonou os dogmas
De que nada servia
Para além de conflitos
Entre o humano e a ditadura do ser
Trocou de biblioteca e referências
Seguiu livre
Por um mundo onde
Não havia escola
Ainda
O adverso se tornou potência
De uma humanidade humana
As ideias fora do lugar
Demonstraram-se um lugar fora das ideias
Anos Novos
(Wlaumir Souza)
O Ano Novo é uma festa multicores
De todos os lados do planeta
Ecoam festas e solidarizações
Abraços e promessas
Esperanças e mistificações
Mais que um Ano Novo
A festança é tão boa
De enganar os tempos retilíneos de multiversos
Que no planeta azul
Se faz mais de um por ano
O Ano Novo Judaico
O Ano Novo Cristão
O Ano Novo Chinês
O Ano Novo Rasa Cruz
O Ano Novo Cósmico
São tantos e felizes
Que entre um ritual e outro
Muitos se perdem
Outro tanto se encontra
Meu amor – o silêncio – e eu
Elegemos comemorar todos
Pirraça feliz de quem vive feliz
Revelando que no ciclo da vida
Certeza só da vida e da morte
Bordejo
(Wlaumir Souza)
(Dedicado a Elis Gunella)
Depois da vida rasgar
Remende-se com a linha da esperança
Amparado pelo dedal do amor
Siga firme com a agulha da resiliência
Bordando novas experiências
No tecido da vida
Há sempre espaço
De mais uma paisagem
No amanhecer celestial
De uma nova quimera
Na existência que se refaz
Em meio a tantos bordejos
Que se resignificam
Num lindo pensar