sábado, 15 de dezembro de 2018

Bolsonaro e a Velha e Tradicional Política no Brasil: contemporanização conservadora




Logo após a eleição de Lula para seu primeiro mandato que daria origem a era Lula (2003-2010), FHC ao analisar as causas da derrota do PSDB acentuava o discurso ético do partido contra as acusações que pesavam sobre o tucanato que governara o Brasil até 2002. Para retomar o poder, seria preciso retirar das mãos do Partido dos Trabalhadores a bandeira da ética, segundo FHC.
De lá para cá o PSDB não conseguiu tal feito, pelo contrário; viu alguns de seus principais quadros partidários envolvidos em escândalos, de onde se destaca o caso de Aécio Neves, sobretudo, a partir de 2014 quando é acusado de recebe dinheiro não declarado da J&F e ter repassado a diversos partidos para compor sua frente partidária, dentre estes, o PSL (Partido Social Liberal) ao qual pertence ao futuro presidente da república .
FHC ao abordar tal tema não levava em conta apenas a eleição do Partido dos Trabalhadores à Presidência da República, mas, o fato de que todos os candidatos que se elegeram na Nova República foram fiéis discursivos da honestidade. Em boa medida isto se deve a baixa escolaridade da nação que não compreende suficientemente os debates intelectuais sobre economia, para além da situação cotidiana, e dos embates da Constituição Cidadã, de 1988, com o neoliberalismo que a quer devastada nos direitos sociais e trabalhistas. Recorde o caçador de marajás que era Collor e como acabou sua presidência.
Seguindo a mesma toada e contando com a pouca escolarização da nação, Bolsonaro realizou o mesmo discurso, em tom mais contundente, da honestidade acentuada pela militarização da política e do Estado como bandeiras que encontravam eco desde parte das manifestações que se iniciaram em 2013, durante o Governo Dilma Rousseff (2011 – 2016).
Faltando menos de um mês para Bolsonaro assumir o poder da federação brasileira ele se vê, em hipótese, vitima daquilo que esbravejou contra. Nem iniciou o governo e em meio a transição se vê entre acusações ao clã Bolsonaro que já faz muitos refletirem sobre o voto equivocado. Fabrício Bolsonaro, herdeiro político para ser candidato a presidência no futuro, se vê diante de denúncias do COAF sobre transações não transparentes de dinheiro com servidores de seu gabinete político.
Mais que isto, diversas propostas de campanha, bem ao tom popularesco para ser entendido pela massa, não serão cumpridas. Cito apenas a questão ministerial. Afirmava que seriam 7 a menos que os 22 que estão postos até o presente. Neste ponto, faz repetir a história das eleições. Em geral, todos os presidentes em primeiro mandato iniciaram o governo com um número menor de ministérios que foram crescendo na medida em que teve de negociar votos com o legislativo. Quanto mais projetos significativos a serem aprovados e mantidos, e para evitar, o impedimento político, mais ministérios são criados. Assim, os presidentes acabaram seus mandatos com mais ministérios do que haviam iniciado seu mandato e, no caso de Bolsonaro mais do que havia prometido em campanha demonstrando que está compondo sua base de votos com dificuldades mesmo com o apoio da bancada BBB.
Além disto, o presidente eleito afirmava que não teria em seus quadros pessoas com problemas com a justiça. Não é o que se vê. 9 futuros ministros tem algo a explicar a justiça e ao País. Além de seu filho. O que demonstra o quanto seu poder prático é diferente da retórica diante da velha política: paternalismos, clientelismo, fisiologismo, acordos sem transparência entre outras características. Bradando, Bolsonaro, que não negociaria com a velha política, inicia o mandato como no passado.
O Legislativo federal por seu turno já se arma para garantir sua sobrevivência na política tradicional e para isto faz aprovar uma série de pautas bombas para manter o presidente atual e o futuro como reféns do modelo político. Neste ponto a isenção de impostos para Sudan e Sudene, e o aumento do limite de gastos de estados e municípios já demonstra a gula por cargos e verbas continua como dantes. Mais que isto, que não se contentarão com os cargos de segundo e terceiro escalão que Bolsonaro lhes quer apresentar como formula de acordo para aparentar uma nova política aos olhos dos incautos.
Se num primeiro momento negociou com as Bancadas temática, em especial com a BB, da Bala, do Boi e da Bíblia, colocando em evidência que além da militarização está em xeque, no Brasil, a secularização do Estado e o direitos sociais dele decorrentes. Neste segundo momento inicia a negociação com os partidos. Que acenam, mas não assumem posição a espera dos cargos e ministérios, além de verbas, para votar propostas tão impopulares, e nada debatidas durante a campanha pelos candidatos diante de uma plateia limitada ao discurso da honestidade, como a alteração do artigo 7 da Constituição, qual seja:
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
- relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos;
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
III - fundo de garantia do tempo de serviço;
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;
- piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho;
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável;
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria;
IX - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
- proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa;
XI - participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei;
XII - salário-família para os seus dependentes;
XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; (Vide Decreto-Lei nº 5.452, de 1943)
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva;
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal; (Vide Del 5.452, art. 59 § 1º)
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal;
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias;
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei;
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança;
XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;
XXIV - aposentadoria;
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até seis anos de idade em creches e pré-escolas;
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;
XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei;
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
XXIX - ação, quanto a créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de:
a)
cinco anos para o trabalhador urbano, até o limite de dois anos após a extinção do contrato;
b)
até dois anos após a extinção do contrato, para o trabalhador rural;
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 28, de 25/05/2000)
a) (Revogada). (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 28, de 25/05/2000)
b) (Revogada). (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 28, de 25/05/2000)
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;
XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência;
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos;
XXXIII
proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre aos menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de quatorze anos, salvo na condição de aprendiz ;
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VIII, XV, XVII, XVIII, XIX, XXI e XXIV, bem como a sua integração à previdência social.
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a simplificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência social. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 72, de 2013)

E, para garantir que não se entenderá para lá do discurso da honestidade o que será feito, a não ser diante da prática cotidiana do trabalhador e do cidadão que perderá direitos sociais de cidadania se quer o projeto Escola sem Partido, por hora arquivada. Assim, após a reforma do sistema sindical para perda de recursos e limitar suas ações, se quer a maordaça nos professores. Uma vez sendo aprovada, se for, a Escola sem partido iniciará o movimento crescente será visto, por exemplo, pelo projeto Imprensa sem Partido, etc num avançar do Estado militarizado para conter a massa reduzida em seus direitos arduamente conquistados ao longo de séculos do mundo contemporâneo, para se falar no mundo europeu ocidental.

Para aprovar tamanha reforma neoliberal, não compreendida pelo povo pouco escolarizado, mas, por ele vivido no cotidiano após aprovação, não bastará aos partidos, bancadas e deputados sair na foto com o apoio do presidente eleito e que assumirá em janeiro de 2018. Será necessário, muitos cargos, verbas e polícia na rua do Estado Militarizado (Diferente de Ditadura) que amordaçará  primeiro os sindicatos, por isto a extinção do Ministério do Trabalho, e depois, tentará as escolas e imprensa.
Feliz velho ano pré Revolução Francesa! Do ponto de vista eurocêntrico. Feliz ano da velha república, do ponto de vista do Brasil, para a derrocada das conquistas trabalhistas do Estado de Vargas, ao qual FHC  não conseguiu desmontar, embora o desejasse, e, mais que isto, feliz fim da Constituição Cidadã e com o consequente fim da Nova República se Bolsonaro conseguir as reformas que almeja para idolatrar o modelo neoliberal dos EUA de Tramp.