O palhacismo é
uma técnica de controle de corpos e mentes que oculta, enquanto estratégia de
poder, na operacionalização do gracejo e da pilhéria política. Ele se traveste
de aparente ignorância generalizada, para se fazer de infantil e não temerária.
A irresponsabilidade é sua nota de toque onde suas falas agressivas e
depreciativas encontram respaldo no engodo dos limites intelectuais cada vez
mais estreitos do personagem embasados em preconceitos e discriminações
construídas na história do escravismo brasileiro.
No palhacismo
de Bolsonaro, a disputa se faz em todas as áreas; até no controle do
significado das palavras, que se distorcem e se desdobram com o passar dos
embates intestinais mais primitivos do ser humano na busca de poder, controle e
exploração. Assim, as falas-práticas desmedias são seguidas de explicações como
não sei nada, ou seja, sou inofensivo, não causarei danos, não se preocupe
comigo, sou apenas mais um palhaço para divertir a plateia egoísta que se vê no
espelho da discriminação que subjuga social, econômica e politicamente.
O centro do
palhacismo é a antintelectualidade, a negação da racionalidade propalada como
elementos causadores de danos à humanidade. Risco no qual não se incorre na
irresponsabilidade do palhacismo. Por isso, ministros são aparentemente atores,
que vez ou outra, são depenados em público pelo grande palhaço que não quer o
mal, embora o cause como centro de suas políticas.
Intelectual é
o risco. O palhaço aliado ao pensamento mágico religioso a cura. A ingenuidade
de má fé, que articula nos bastidores e encena o espetáculo via redes sociais,
para asseverar sua irresponsabilidade intelectual que tantos danos causam à
“liberdade, igualdade e fraternidade”. Destarte, foge da responsabilidade e a
terceiriza como forma de escamotear um projeto bem articulado de militarização,
exclusão, dependência, exploração, misoginia, racista, homofóbico e especista.
Se o
palhacismo está no picadeiro do planalto é devido a seus sufragadores que se
comportam de forma idêntica, agindo de forma irracional nas redes sociais, e
dizendo que as ameaças articuladas de militarização, exclusão, dependência,
exploração, misoginia, racismo, homofóbica e especista não passam de piadas, de
força de expressão, de brincadeira. Envergonhados diante da plateia
internacional que assiste assombrada o espetáculo da anti-democracia por vias
aparentemente democráticas, ocultam-se na pilhéria e no gracejo.
Desta forma,
não querem ser responsáveis pelos efeitos de seus votos, esta a essência do
palhacismo, a irresponsabilidade com o todo social em nome dos particularismos,
de frações de classe dominante, das maiorias de poder, controle e exploração.
Negar o papel
fundamental das Universidades e do saber científico é apenas uma gorjeta deste
projeto de subjugar as classes trabalhadoras ao modelo de capital neoliberal
onde as percas de direitos conquistados arduamente, sobretudo no último século,
é a meta. A intento final é retirar da
Constituição da função social do Estado e da propriedade. Salve-se quem puder diante deste contrato
social altamente excludente.
É um baile de
máscaras o palhacismo de Bolsonaro e seus seguidores incontestes onde o que é
encenado é a farsa de si mesmo, afinando os acordes da regência de interesses
ocultos ou inconfessos na esfera pública. Assim foi ao assumir o cargo de
Presidente da República quando, a Primeira Dama, encenou a centralidade da
mulher e do discurso de libras. Como se fosse um aceno para as minorias em
questão. Pouco tempo depois acabou com a institucionalização dos interesses das
pessoas especiais. O mesmo vemos agora com a educação superior e básica pública
que sofreram cortes que podem inviabilizá-las.
Esta encenação
de contenção de gastos oculta interesses típicos do neoliberalismo, única
faceta que obliteram: reduzir investimos nos serviços públicos para os sucatear
e justificar o avanço do capital privado nesta área. O mesmo capital privado
que apoio todo o processo de impedimento de Dilma Rousseff e que agora querem
avançar em áreas estratégicas na construção da autonomia da nação.
Que siga o
baila de máscaras na Democracia Republicana, posto que foram legitimamente
eleitos. Resistam os que não fazem parte da festa, pois, calar é consentir com
a orquestração do poder que se quer dissimular em palhacismo para não alardear
os incautos eleitores do dividir para governar.
Almeja-se o
conflito de instituições, ocultas pelo palhacismo do ator principal e seu asseclas
, para esgarçar a democracia e justificar a ampliação do autoritarismo, uma vez
que se diz em público que o Brasil é “ingovernável fora de conchavos”. Não os
conchavos da democracia, mas, antes e sobretudo, os do autoritarismo
militarizado talvez, até sem Congresso, para viabilizar as reformas – dentre
elas sobretudo a da previdência e avanço da restrição os direitos do trabalhador
– que nos colocarão de joelhos ao
capital internacional financeiro e industrial 4.0. Mas, tudo ao som de uma boa
piada discriminatória e preconceituosa ao gosto do palhacismo que já tem dólar
a mais de quatro reais, queda em dois meses seguidos de bolsa de valores e
crescimento econômico negativo, o que nos coloca mais uma vez à beira da
estagnação inflacionária.