A ética só existe enquanto na teoria e/ou
oposição? A situação teria razões de Estado que a cidadania e a oposição
desconhecem? Transparência é um artifício que visa minar os direitos
individuais à privacidade e os desvios em cargo público? Os meios de dominação
pessoal, o discurso histriônico dos populistas e/ou carismáticos, o formalismo
jurídico da dominação racional legal que excluí as frações de classe
controladas e garante a quase impunidade das frações de classe dominante,
parecem ser o mote dos que se pretendem donos do poder e não representantes
democráticos da nação?
Rachel Sheherazade, por exemplo, no uso de
suas funções de repórter, em uma das emissoras mais populares do Brasil, disse
que a democracia era o governo da maioria para a maioria. O SBT, uma emissora
fundada por um dos judeus mais ricos e influentes do País, Silvio Santos,
passou assim a legitimar meios antidemocráticos de poder onde as minorias,
entre elas a d judaica, a exemplo da Alemanha, como homosseuxuais, Testemunhas
de Jeová, portadores de necessidades especiais... poderão ser caçados em nome
do direito da maioria?
A democracia, em especial a partir J.J.
Rousseau, é o governo eleito pela maioria e que respeita a toda a população,
incluso aí, as minorias quer elas sejam o que forem em conformidade aos
Direitos Humanos: migrantes, mulheres, negros, homossexuais...
“Pela primeira vez na história do nosso
país, na história republicana, a terceira maior autoridade do país, o
presidente da Câmara dos Deputados, é um irmão nosso... o deputado Eduardo
Cunha”, estas as palavras de Silas Malafaia ao apresentar o Presidente da
Câmara dos Deputados. Num discurso que lembra o medieval, queria assegurar que
por ser evangélico, estaria garantida a qualidade do representante e por
consequência a salvação da nação.
Na sociedade honestos ou desonestos podem
ser todo e qualquer ser humano independente das insígnias que se apregoam como
superiores: católico, evangélico, espírita ou maçom, homem, branco,
heterossexual, casado, pai de família e formado em universidade de excelência.
Se heterossexualidade, professar a uma religião
e a crença em Deus, ser casado e pai de família fossem garantias de algo, para
além dos emblemas distintivos do poder do macho, teríamos um Congresso Nacional
da melhor qualidade e seríamos primeiríssimo mundo visto que a maioria ostenta
tais requisitos.
Em meio as disputas entre oposição e
situação, liberais e conservadores, progressistas e reacionários, assistimos ao
assassinato da ética em praça pública com o uso indevido do bem público e da
representação. A República em lágrimas vê diante de si projetos outros que para
se legitimarem usam do discurso oco da ética, pois demandam na prática “os fins
justificam os meios”, na pior interpretação possível de Machiavel que intentava
com esta frase separar Igreja e Estado.
Num primeiro
momento, o adormecer das consciências, em meio ao fora PT, identificados como
únicos corruptos, não alcançavam mais os escândalos dos opositores que
demandavam o impedimento da Presidenta. Numa tentativa de defesa, assistimos a
evocação da banalização dos crimes de políticos durante o horário eleitoral, em
especial no segundo turno, uma enxurrada de denúncias entre os candidatos,que
não saíram do verbo e caíram no espaço oco da indiferença generalizada.
No tempo atual, assistimos aos avanços
judiciais que atingem apenas um partido e pouca o seus contendores. Seria o
melhor dos mundos para a oposição se não se vissem em palpos de aranha diante
das evidências que vêm da Suiça contra o deputado irmão evangélico terceira
autoridade do Brasil que fica restrito ao território nacional por temer ser
detido em outras terras.
O que vemos no Brasil é o assassinato da
ética como banalização para efetivar-se projetos que se pretendem éticos para
grupos específicos e atingindo em retrógrado os Direitos Humanos. Na mesa de
negociações o desemprego de milhares, a retirada de direitos das mulheres, o
fomento da religião nas escolas em detrimento do saber científico, a
invisibilidade dos LGBTTT,
A população estarrecida vê-se diante do
rei nu, despido do falso discurso ético diante da realidade de que o juiz
militante não pune aos crimes, mas a certos infratores num arremedo do antigo e
tradicional PPP que evidenciam que no Brasil o racismo, a discriminação por
classe e idelogoia podem guiar, por vezes e mais vezes, as mãos da justiça,
transformada em garras,
Morre a ética e seu falso projeto de
governo ético para uma nova ordem diante do fato de que ninguém quer cortar na
própria carne. Estarrecido fica o povo como vítima de uma elite deletéria sendo
culpado por eleger - mesmo quando não o quer, diante do modelo legal - os
acusados de corruptos pelo plantão midiático.