O termo
revolução, em geral, é utilizado para grandes transformações políticas e,
depois de Thomas Khun, século XX, para a ciência. Já no século XVIII passou a
ser utilizado para as mutações ocorridas no sistema produtivo que adveio de
manufatureiro a industrial com a produção mecanizada, sobretudo, com a invenção
da máquina a vapor por James Watt, em 1760. Esta é a conhecida Revolução
Industrial que ocorreu na Inglaterra e é denominada como Revolução 1.0.
A Segunda
Revolução Industrial se caracterizou principalmente pela eletricidade e o
petróleo, como combustíveis, e os avanços na indústria química e do aço. Teve
início na segunda metade do século XIX e se encerrou na Segunda Grande Guerra
(1939-1945). É a Revolução 2.0.
No final da
Segunda Grande Guerra tem-se a Terceira Revolução Industrial ou Revolução Informacional
ou Revolução 3.0, mas permanece em mutação até os dias atuais. Evolve os
Estados Unidos com a energia nuclear do átomo, a robótica na linha de montagem,
e o uso da internet e do computador pessoal na década de 1990. Massificou os
produtos e viabilizou a globalização.
Quarta
Revolução Industrial ou Indústria 4.0 é a do tempo atual. Dentre suas
características destacam-se as tecnologias de troca de dados e automação
utilizando-se para isto da internet das coisas, inteligência artificial,
computação em nuvem e big-data entre outros aspectos técnico-científicos. Assim,
as coisas interagem entre si mais do que com os seres humanos. São as fábricas
inteligentes. É a robótica que faz antever o decréscimo dos postos de emprego.
Em cada
Revolução Industrial seguiu o que se convencionou chamar de crise no capitalismo.
Todavia, uma das características do sistema capitalista são as crises que se
sucedem como forma de fazer avançar o lucro. Assim, o que vemos nas proximidades
das Revoluções Industriais não são crises, são a reestruturação profunda do
sistema em novas bases. O início da reestruturação do Estado e da sociedade da
Revolução 4.0 dá se com a crise de 2008, diante da nova realidade produtiva
face ao mercado de capitais.
Duas de suas
consequências básicas é a ruptura com o pacto da necessidade de uma classe
média aos moldes do capitalismo neoclássico de J. M. Keynes, ou seja, é a perca
da função social do capitalismo onde os mais pobres são atingidos pelas
reformas das políticas, dentre estas a da previdência pública e a trabalhista.
Outro aspecto é a substituição da mão de obra pelos sistemas da Revolução 4.0.
Com isto se fala não mais apenas em precarização das condições do trabalhador,
para, além disto, se apresenta o subemprego estrutural.
Uma das formas
romantizadas do capitalismo para falar de subemprego estrutural é o
empreendedorismo, que poderia ser chamado também de estratégia de sobrevivência
ou “gestão da sobrevivência”.
Para responder
a situação de subemprego estrutural, diante da nova fase do capitalismo da
quarta revolução industrial, que Temer realizou a Reforma Trabalhista
oficializando o subemprego como uma das formas oficiais de arrecadação do
Estado. O fato de se tornar estrutural tende a precarizar as relações de
trabalho, também, da classe média que se pensa capitalista ou parceria dele e
não o é.
Fomentar uma
nova forma de gerir a coisa pública, diante desta realidade de negar a função
social do capital e do Estado face ao subemprego estrutural da Revolução 4.0, leva
a reforma da previdência pública.
Esta reforma não
é fruto apenas dos avanços na saúde propiciados pela Segunda Revolução Industrial,
com os antibióticos e vacinas, e as políticas públicas de saúde do Estado de
Bem-Estar Social fruto do capitalismo neoclássico que possibilitaram a ampliação
da expectativa de vida; como é alardeado. Mas, do fim do emprego como conhecemos
até a Terceira Revolução Industrial.
Assim, Reforma
Trabalhista de Temer e Reforma da Previdência pública de Bolsonaro são a
reestruturação do Estado diante da Revolução 4.0. Mudou o modo de produção e o
Estado capitalista a ele se adequa retirando direitos sociais para viabilizar a
concentração de renda aos moldes neoliberais do sistema financeiro que
privatizará a previdência.
Para se ter uma
ideia do impacto da Revolução 4.0 a expectativa é de que até 2026,
aproximadamente 30 milhões de empregos poderão ser substituídos por robôs.
Diante disto o Estado capitalista se alia ainda mais ao capitalista e exclui as
frações de classe média e, com elas, o que genericamente se chamou do povo.
O direito
social de o Estado redistribuirde renda ou de participação, na velhice, via previdência
pública, dos lucros da Nação e da Pátria, para além do fato da contribuição, são
desconstruídos.
E, o cadastro
positivo dos consumidores vem no mesmo sentido. O de saber quem no subemprego
conseguirá pagar as contas. Uma abertura do sigilo financeiro à Receita Federal
já que a nova realidade é de exclusão crescente do modelo oficial tradicional.
E, lembre-se, o discurso dos políticos era de que a Reforma Trabalhista faria
crescer a empregabilidade no dia seguinte a sua aprovação. Ainda se aguarda
este resultado negado pela realidade.
Assim, a visão
regressiva dos impostos é enraizada ainda mais via reforma trabalhista, reforma
da previdência – que adquire certo aspecto de confisco de renda dos mais pobres
que morrerão antes de se aposentar – e da lista pública dos bons pagadores é a forma que os Estado encontrou de taxar até
os mais pobres aprofundando o modo de favorecer ainda mais os mais ricos via
Estado Neoliberal que não dividirá renda, antes, a concentrará.
Para encerrar
cabe a frase magistral de Henry David Thoreau: “O preço de qualquer coisa é a
quantidade de vida que você troca por isso”. Quanto tempo de vida nos pedirão
para aposentar? Quanto tempo de vida nos restará após conseguir se aposentar?
Para evitar que a maioria de aposente se colocou, para além de todas as regras,
o gatilho por expectativa de vida. Um sonho cada vez mais ilusório.
Wlaumir Souza