Wlaumir Souza
“Não vai ter
copa” é a expressão mais forte do “Movimento não é só por R$0,20”, que em
alguns dias passará a ser “Não vai ter Olimpíada” e que ecoará por muito tempo
em nossos ouvidos e livros.
“Não vai ter
copa” é um símbolo da realidade dos Brasis. Um “grito de guerra” convocando
para o despertar diante do fato de que enquanto um grupo restrito se regozija, esbanja
e se esbalda em meio aos quitutes dos boleiros, o outro Brasil se manifesta
pelo investimento precário em educação, saúde, mobilidade, moradia, segurança,
salários dignos em meio ao País que é a sétima economia do globo e fraco na
distribuição de renda.
Não por acaso
as elites e as classes médias (reais e não aquelas propagandeadas pela campanha
político-partidária de nova classe média que é uma camada do proletariado
devidamente endividada com o crédito fácil e quase irresponsável que mantém o
crescimento interno de modo um tanto quanto artificial) odeiam os programas de
distribuição de renda, pois lhes nega o privilégio enquanto “elite local” de
explorar, dominar e excluir ao bel prazer da insensibilidade para com os mais
pobres – com a meritória(?) exceção da caridade que alivia as consciências e
nada muda nas estruturas sociais deixando o dominador com aura de benfeitor e
não apenas de feitor de fazenda ou de curral eleitoral ou de apadrinhados dos
dominantes.
“Não vai ter
copa” expressa que esta se realizará de fato, mas, antes, que não ocorrerá como
de costume: com quase todos cantando o hino “vamos todos, pra frente Brasil”.
Ou seja, assim como os senhores de escravos dormiam atônitos com a possibilidade
do levante da senzala na madrugada que a todos os brancos livres poderia matar,
nos nossos dias a “senzala”, todos os tipos de dominados e excluídos, manda
lembrança via manifestação social e diz que não se desfrutará da ideologia do
brasileiro bonzinho, cordial e outros adjetivos fabricados por uma elite que
inculca a submissão como padrão sem que haja resistência pública ao modelo
hegemônico.
Copa haverá,
mas, não mais como dantes no País da bola com a favela calada e os anarquistas
nas algemas do regime do capital (des)humano. À insensibilidade dos dominantes
se somará os gritos – contidos pela repressão via monopólio legítimo da
violência(?) pelo Estado – nas praças, nas avenidas e onde for possível dizer
além da copa a população deseja cozinha, almoço, jantar, segurança, mobilidade,
saúde, educação... Desnudando um governo que se propôs como de esquerda e que
para todos os lados se enreda com os partidos e elites mais tradicionais e, em
alguns casos, mais suspeitos da República Democrática. As denúncias abundarão
com a idílica esperança de haja liberdade de expressão na mídia nacional e
internacional sem o controle dos interesses transnacionais da FIFA ou dos anunciantes e patrocinadores.
“Não vai ter
copa”, por outro lado, ao aliciar parte da burguesia liberal é uma clara
denúncia de que esta acabou com o protecionismo local aos direitos dos abusos
dos nacionais contra a sua própria nação e a todos colocou como sujeitos da espoliação
internacional em nome de um dos eventos mais lucrativos para os de fora e a
revelia da elite verde amarela e do próprio Estado que o isentou de impostos.
Boa copa a tod@s quer seja com quitutes ou com
gritos que vença a democracia e a justiça com gols de um placar há muito
equivocado.
Imagina na Olimpíada!!!
Imagina na Olimpíada!!!
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