Um governo
(neo)liberal, como é o caso de Bolsonaro, em meio a Revolução da Indústria 4.0
adquire novas características ao final da segunda década do século XXI. Dentre
estes distintivos está a negação da relação capital e trabalhador, mas sem negar
o trabalho. Até a Terceira Revolução Industrial não se negava o trabalhador com
a virulência que se vê nos dias de hoje. O trabalhador tornou-se peça incomoda
ao atual jogo de poder-capital.
A Revolução
4.0 possibilita pela primeira vez na história da humanidade, que se realize
trabalho sem trabalhador, visto que as máquinas são capazes de se comunicarem
entre si e executar quase todas as funções que outrora eram atividades
especificamente humanas apesar das Revoluções Industriais que a precedeu.
Neste ponto, o
palhacismo de Bolsonaro tem a função específica de ocultar a realidade ao
trabalhador que pensa ser, ainda, alvo positivo das políticas, mas, antes e
sobretudo é posto ainda mais à margem pelas engrenagens do poder de Estado.
Um dos primeiros
sinais neste sentido foi a extinção do Ministério do Trabalho. Esta era reposta
do futuro governo, em 2018, e realizado em 2019, para a maior crise de emprego
do Brasil. A negação de um Ministério que tinha 88 anos de idade e tinha por
papel reconhecer nas relações de trabalho a dialética entre trabalhador e
capital. Sem o Ministério do Trabalho e o fim dos Conselhos Federais o governo
vai se notabilizando pela exclusão do trabalhador-cidadão do Estado. Resta
apenas a via de acesso burguesa do capitalista por suas instituições de
representação que tanto apoio deram à tomada do poder por Temer.
Mais que isto,
além de se negar a representação do trabalhador no Estado, o Estado, negando a
dialética, se declara como servo do capital ao anunciar via fala do Presidente
no dia do Trabalho voltado exclusivamente ao empresariado ao faltar da
facilidade de abertura de empresas. Com isto sinaliza para o fim do trabalho
como o conhecemos até agora na relação empregado-empregador. É um sinal de
pejotização, que a Reforma Trabalhista unida a Reforma da Previdência, trarão
como quase única forma de empregabilidade no mercado privado, primeiro e,
depois, no funcionalismo público.
O império da
máquina inteligente trará a ampliação da marginalização do trabalhador que não
se vê mais representado no Estado, a não ser por breves vozes da oposição,
embora o trabalho ainda exista, mas nos moldes da Revolução 4.0.
Um dos sinais deste devastador cenário pode ser
visto na educação a distância que hora quer se chamar de estudos a distância. A
relação de educação pressupunha professor-aluno, ou seja, trabalho pedagógico
contínuo. Ao passar a falar em estudo a distância o trabalho do professor perde
a relevância para além da redação de apostilas e uma intervenção ou outra. E, neste ponto, o professor perde a
remuneração por autoria-leitura, como é o caso dos livros, e passa a receber
por autoria-apostila. Recebe uma única vez por um material lido/estudado por
milhões de acesso. Esse o cenário da Revolução 4.0 onde o trabalhador é negado
a própria subsistência, embora, ainda exista trabalho.
Neste
conjunto, no dia do Trabalho, e não do trabalhador visto que via a dialética
histórica entre trabalhador e capital, passou a ser o dia do trabalho via
máquina e capital, onde a Reforma da Previdência e Trabalhista não visam a
criação de novos postos a seres humanos, mas, a garantia institucional de
exploração da mão de obra humana.
É o Capital
acima da sociedade patrocinada pelo Estado excludente. E, para isto retirar as
anuidades obrigatórias dos conselhos de classe é apenas mais um passo na não
representação do trabalhador, onde a não contribuição obrigatória dos
sindicatos foi apenas mais um capítulo.
Tudo ao
capital e à máquina e nada ao trabalhador, mesmo que este seja empreendedor. E, o espetáculo do palhacismo bolsonariano visa
apenas ocultar estas engrenagens e culpar o efeito como se ele fosse a causa.
E, já que é para se excluir o trabalhador das relações com o capital, por quais razões manteria o Estado Universidades de qualidade uma vez que a meta é dependência do capital internacional e suas tecnologias? É um projeto de subalternidade dependente, inclusive e sobretudo, intelectual.
E, já que é para se excluir o trabalhador das relações com o capital, por quais razões manteria o Estado Universidades de qualidade uma vez que a meta é dependência do capital internacional e suas tecnologias? É um projeto de subalternidade dependente, inclusive e sobretudo, intelectual.
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