quarta-feira, 1 de maio de 2019

A negação do trabalhador no (des)governo Bolsonaro: Viva o dia do trabalho!


Um governo (neo)liberal, como é o caso de Bolsonaro, em meio a Revolução da Indústria 4.0 adquire novas características ao final da segunda década do século XXI. Dentre estes distintivos está a negação da relação capital e trabalhador, mas sem negar o trabalho. Até a Terceira Revolução Industrial não se negava o trabalhador com a virulência que se vê nos dias de hoje. O trabalhador tornou-se peça incomoda ao atual jogo de poder-capital.
A Revolução 4.0 possibilita pela primeira vez na história da humanidade, que se realize trabalho sem trabalhador, visto que as máquinas são capazes de se comunicarem entre si e executar quase todas as funções que outrora eram atividades especificamente humanas apesar das Revoluções Industriais que a precedeu.
Neste ponto, o palhacismo de Bolsonaro tem a função específica de ocultar a realidade ao trabalhador que pensa ser, ainda, alvo positivo das políticas, mas, antes e sobretudo é posto ainda mais à margem pelas engrenagens do poder de Estado.
Um dos primeiros sinais neste sentido foi a extinção do Ministério do Trabalho. Esta era reposta do futuro governo, em 2018, e realizado em 2019, para a maior crise de emprego do Brasil. A negação de um Ministério que tinha 88 anos de idade e tinha por papel reconhecer nas relações de trabalho a dialética entre trabalhador e capital. Sem o Ministério do Trabalho e o fim dos Conselhos Federais o governo vai se notabilizando pela exclusão do trabalhador-cidadão do Estado. Resta apenas a via de acesso burguesa do capitalista por suas instituições de representação que tanto apoio deram à tomada do poder por Temer.
Mais que isto, além de se negar a representação do trabalhador no Estado, o Estado, negando a dialética, se declara como servo do capital ao anunciar via fala do Presidente no dia do Trabalho voltado exclusivamente ao empresariado ao faltar da facilidade de abertura de empresas. Com isto sinaliza para o fim do trabalho como o conhecemos até agora na relação empregado-empregador. É um sinal de pejotização, que a Reforma Trabalhista unida a Reforma da Previdência, trarão como quase única forma de empregabilidade no mercado privado, primeiro e, depois, no funcionalismo público.
O império da máquina inteligente trará a ampliação da marginalização do trabalhador que não se vê mais representado no Estado, a não ser por breves vozes da oposição, embora o trabalho ainda exista, mas nos moldes da Revolução 4.0.

Um dos  sinais deste devastador cenário pode ser visto na educação a distância que hora quer se chamar de estudos a distância. A relação de educação pressupunha professor-aluno, ou seja, trabalho pedagógico contínuo. Ao passar a falar em estudo a distância o trabalho do professor perde a relevância para além da redação de apostilas e uma intervenção ou outra.  E, neste ponto, o professor perde a remuneração por autoria-leitura, como é o caso dos livros, e passa a receber por autoria-apostila. Recebe uma única vez por um material lido/estudado por milhões de acesso. Esse o cenário da Revolução 4.0 onde o trabalhador é negado a própria subsistência, embora, ainda exista trabalho.
Neste conjunto, no dia do Trabalho, e não do trabalhador visto que via a dialética histórica entre trabalhador e capital, passou a ser o dia do trabalho via máquina e capital, onde a Reforma da Previdência e Trabalhista não visam a criação de novos postos a seres humanos, mas, a garantia institucional de exploração da mão de obra humana.
É o Capital acima da sociedade patrocinada pelo Estado excludente. E, para isto retirar as anuidades obrigatórias dos conselhos de classe é apenas mais um passo na não representação do trabalhador, onde a não contribuição obrigatória dos sindicatos foi apenas mais um capítulo.
Tudo ao capital e à máquina e nada ao trabalhador, mesmo que este seja empreendedor. E,  o espetáculo do palhacismo bolsonariano visa apenas ocultar estas engrenagens e culpar o efeito como se ele fosse a causa.
E, já que é para se excluir o trabalhador das relações com o capital, por quais razões manteria o Estado Universidades de qualidade uma vez que a meta é dependência do capital internacional e suas tecnologias? É um projeto de subalternidade dependente, inclusive e sobretudo, intelectual.

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