quinta-feira, 2 de outubro de 2025

Sobressalto

Sobressalto

Wlaumir Souza

 A vida e sua efervescência

Regida pelos (re)encontros

(Re)abre caminhos entre encruzilhadas

Antes pouco atendidos em suas demandas

Por mais vida

Por mais amor

Por mais esperança

Tomado de assalto

Foi o Olho no Olho

O carnal e irracional

Transmutado em olhar

De espanto

De perscrutação

De admiração

De contemplação

Furtou a essência

Em tão pouco tempo

Abandonando o vazio do passado

Que se presentificava sorrateiramente nas lembranças

Tão tremidas e temidas

A falta se ausentou de sobressalto

Numa magia de encantos

Vindos do encontro

Com os cabelos em cascata

Da pele trigueira brilhante

Da visão angulada

Da mensagem capitada

Da cumplicidade instantaneamente valorada

Aceita e compreendida

Em parceria

Os roubos da vida cessaram

A melancolia se esvaiu

A angústia sobresteve o espancamento

O sol brilhou forte nas melhores memórias

Tão profundo e sutis

O pedinte da existência

Se refestelou com tamanha existência (re)encontrada

O imaginário inconsciente

Se traduziu em real

Em produção de sentido e significados

Para ser

Para existir

Inconfundível

Tornava-se auscultor

Do canto belo emitido pela vida                  

Que guiava sem sair do caminho seguro

As pedras transmutavam-se em trilhas floridas

Os buracos revestiram-se de nuvens

As curvas abriram-se às quimeras

Os algoritmos dos sentidos e sentimentos se somaram

Capturou a vida em plenitude

Imprimiu novos termos

Ao que parecia tão cotidiano e previsível

No (i)material do olhar

Se abriu aos Cosmos

Numa furta-cor de radiâncias milenares

Eclodindo as maneiras de ser

Numa comunicação uníssona

De átomos

Sons

Odores

Foi no braile que souberam

Construir os melhores capítulos

O quanto se pertenciam e se identificavam

Um ou outro

Um no outro

Sem barreiras

Um se tornando o outro

Simbiose só possível no sobressalto

Da liberdade do encontro de identidades

Uma carne

Uma mente

Um sentimento

Ainda que breve em tempo

Dado por Cronos

Indescritível eternidade

Concedida por Kairós

Duradouro em tudo ao derredor

Resplandecentemente a visita ao Paraíso Divino

O tempo de Aion raiou

Fecundou o Sagrado do abraço

Terno e puro tão buscado

Eterno na Esperança

Condenatório em seus ciclos

Calçaram os sapatos um do outro

Sentiram os prazeres de compartilhar

Uma longa vida

Dita em instantes eternos

Que a tudo silencia e completa

Sem cessar

Seguiram juntos pelos Desertos assaltantes

Que nada podiam contra eles

Neste eterno constante

No oceano cósmico que se encontravam

Cumplices no Público e no privado

Surpreendente átimo de vida

Que se eternizava na memória redivida

Que tornava a rudeza da distância

Urgência do (re)encontro

Sempre sonhado

Sempre vivido

Agradeceram a Aion

Que sempre torna possível

Nos ciclos dos tempos

Viver o (re)vivido

Ainda que imaginativo

Nessa troca sem fim

A humanidade irradiava sua esperança

De que a vida e o amor

A esperança e a paz

Se (re)encarnem

Numa natureza humana (re)inventada

Repleta se sons cósmicos

Unindo braços e abraços

Que ocorrem de sobressalto

Diante da oportunidade única da existência

Que como uma criança que dá o primeiro caminhar

Não compreende as dimensões futuras abertas

Por um simples e complexo abraço

Desbravando e inventando novos caminhos

A caminhar

Onde os Deuses sempre fizeram

Do único e eterno

Sentimento de abraçar

E se complementar

Num abraço elixir da existência sobressaltada