Sobressalto
Wlaumir
Souza
Regida pelos (re)encontros
(Re)abre caminhos entre encruzilhadas
Antes pouco atendidos em suas
demandas
Por mais vida
Por mais amor
Por mais esperança
Tomado de assalto
Foi o Olho no Olho
O carnal e irracional
Transmutado em olhar
De espanto
De perscrutação
De admiração
De contemplação
Furtou a essência
Em tão pouco tempo
Abandonando o vazio do passado
Que se presentificava
sorrateiramente nas lembranças
Tão tremidas e temidas
A falta se ausentou de sobressalto
Numa magia de encantos
Vindos do encontro
Com os cabelos em cascata
Da pele trigueira brilhante
Da visão angulada
Da mensagem capitada
Da cumplicidade instantaneamente
valorada
Aceita e compreendida
Em parceria
Os roubos da vida cessaram
A melancolia se esvaiu
A angústia sobresteve o espancamento
O sol brilhou forte nas melhores
memórias
Tão profundo e sutis
O pedinte da existência
Se refestelou com tamanha existência
(re)encontrada
O imaginário inconsciente
Se traduziu em real
Em produção de sentido e
significados
Para ser
Para existir
Inconfundível
Tornava-se
auscultor
Do canto belo
emitido pela vida
Que guiava sem
sair do caminho seguro
As pedras transmutavam-se
em trilhas floridas
Os buracos
revestiram-se de nuvens
As curvas abriram-se
às quimeras
Os algoritmos dos sentidos e
sentimentos se somaram
Capturou a vida em plenitude
Imprimiu novos termos
Ao que parecia tão cotidiano e
previsível
No (i)material do olhar
Se abriu aos Cosmos
Numa furta-cor de radiâncias
milenares
Eclodindo as maneiras de ser
Numa comunicação uníssona
De átomos
Sons
Odores
Foi no braile que souberam
Construir os melhores capítulos
O quanto se pertenciam e se
identificavam
Um ou outro
Um no outro
Sem barreiras
Um se tornando o outro
Simbiose só possível no sobressalto
Da liberdade do encontro de identidades
Uma carne
Uma mente
Um sentimento
Ainda que breve em tempo
Dado por Cronos
Indescritível eternidade
Concedida por Kairós
Duradouro em tudo ao derredor
Resplandecentemente a visita ao
Paraíso Divino
O tempo de Aion raiou
Fecundou o Sagrado do abraço
Terno e puro tão buscado
Eterno na Esperança
Condenatório em seus ciclos
Calçaram os sapatos um do outro
Sentiram os prazeres de compartilhar
Uma longa vida
Dita em instantes eternos
Que a tudo silencia e completa
Sem cessar
Seguiram juntos pelos Desertos
assaltantes
Que nada podiam contra eles
Neste eterno constante
No oceano cósmico que se encontravam
Cumplices no Público e no privado
Surpreendente átimo de vida
Que se eternizava na memória
redivida
Que tornava a rudeza da distância
Urgência do (re)encontro
Sempre sonhado
Sempre vivido
Agradeceram a Aion
Que sempre torna possível
Nos ciclos dos tempos
Viver o (re)vivido
Ainda que imaginativo
Nessa troca sem fim
A humanidade irradiava sua esperança
De que a vida e o amor
A esperança e a paz
Se (re)encarnem
Numa natureza humana (re)inventada
Repleta se sons cósmicos
Unindo braços e abraços
Que ocorrem de sobressalto
Diante da oportunidade única da
existência
Que como uma criança que dá o
primeiro caminhar
Não compreende as dimensões futuras
abertas
Por um simples e complexo abraço
Desbravando e inventando novos
caminhos
A caminhar
Onde os Deuses sempre fizeram
Do único e eterno
Sentimento de abraçar
E se complementar
Num abraço elixir da existência
sobressaltada
Nenhum comentário:
Postar um comentário