Atualmente,
usa-se, no Ocidente, sobretudo, liberdade de imprimir como sinônimo de
liberdade expressão, de imprensa. Não são. A liberdade de imprimir foi conquistada, na
Inglaterra, em 1688, quando a Revolução Inglesa acabou com a imposição da
existência de autorização prévia do governo, o imprimateur, para que textos
fossem impressos. O conteúdo ainda não estava em questão, pois, a
responsabilidade sobre aquele é do escrevente. Neste tempo imprensa ainda era
os tipos utilizados para imprimir textos. A imprensa, como a conhecemos hoje,
é, em muito, resultado dos avanços do capital – e com ele, das técnicas.
Assim, em
Paris, cometeu-se duplo crime.
Um, contra a
liberdade de imprimir. Os que atacaram a revista “Charlie Hebdo”– que são
apenas a mão visível deste processo de luta contra as liberdades básicas das
democracias – não consideram a possibilidade de uma tipografia que imprima
livremente qualquer conteúdo que resvale no terreno do “religioso-político” sem
a autorização do comando religioso, no caso muçulmano transformado em “político-religioso”.
O Imrimateur
da Igreja Católica, que durou bem além, no ocidente, que o ano de 1688, e chega
até os dias de hoje, no que diz respeito a liberdade de expressão com autores
ainda condenados ao silêncio no século XX, demonstra que neste quesito os
muçulmanos não estão sós.
Dois, contra a
liberdade de expressão, de livre manifestação do pensamento, dos sentimentos,
das interpretações e elucubrações que as artes viabilizam e que historicamente
foi uma conquista posterior a liberdade de imprimir. Os Direitos Humanos
consolidaram esta demanda que até os dias de hoje sofre ataques.
O ataque de
morte ocorrido em Paris, no dia 07 de janeiro de 2014, demonstra que passados
tantos séculos as liberdades ainda encontram opositores capazes de fazer os
atoas mais atrozes enquanto “mãos-invisíveis” manipulam as cenas. Assim, muitos
atores que atuam contra a liberdade de expressão de diferentes modos veem a
tona para defende-la. Contradição que faz parte do sistema visto que a mesma
liberdade que condenam é a que lhes permite se manifestar e avançar.
Lamentavelmente,
aqui não é Paris.
Enquanto lá
ocorre a mobilização social dos profissionais da área de informação com apoio
da população, por aqui, sabe-se de jornalista que se diz “cria da Ditadura”.
Sabe-se de jornalista que garante que em sua atuação aprende que não existe
nenhum tipo de isenção no jornalismo praticado. Sabe-se de jornalista que
limita a opinião de seus subalternos. Sendo assim a mão-visível das
mãos-invisíveis que faz parecer haver liberdade de imprimir e expressar enquanto
não o há via controle do capital.
Que pena Paris
não ser aqui! Se fosse nosso jornalismo seria melhor, nossas análises mais
amplas, e a tirania das maiorias ou das minorias jamais sobreviveriam em meio a
secunda década do século XXI.
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