terça-feira, 19 de maio de 2015

Sangrando o PT: Do Partido dos Trabalhadores ao Partido dos Traidores

FFHH (1994-2002) ao encerrar seu governo derrotado por LLuLLa (2003-2010) lançava como pedra de toque, para o PSDB vencer o PT, a tomada da bandeira da Ética para perderem a alcunha de tucanalhas. Ao finalizar seu segundo mandato na Presidência da República os tucanos estavam no centro das denúncias de ilegalidades e imoralidades e precisaria inverter o discurso para voltar ao Planalto. Esta era a análise do Príncipe da Sociologia.
Ao lado, e apesar das denúncias de falta de ética para por fim ao governo tucano e seus sonhos de corte capitalista ad infinitum “democrático”, estava a crença de que o projeto de poder do PSDB, e com ele o da elite de SP, seria um plano vencedor por seu discurso racional de competência e mérito. Todavia, o tucanato se viu divorciado da base eleitoral ao aprovar o fator previdenciário.
A querela pelo poder e pela bandeira ética desembocou nas denúncias sucessivas contra os trabalhistas no governo e teve como ápice, até aquele momento, o Mensalão (2005-2006). Em agosto de 2007, o STF aceitou a denúncia contra o mensalão que conduziu ao processo concluído em 13 de março de 2014. Dia simbólico para marcar a trajetória histórica dos Trabalhadores. Dos 40 denunciados foram condenados 24; 4 com prestação de serviços à comunidade, 12 em regime semi-aberto e 8 em regime fechado. Afinal, a legislação no Estado Capitalista foram produzidas para manter nas prisões os pobres e não os criminosos de elite – mesmo os condenados em regime fechado a esta altura estão quase todos em “liberdade”.
Em meio aos avanços da Ação Penal 470, as atitudes racionais típicas dos tucanos weberianos, todavia, não surtiram efeito nos pleitos eleitorais, como esperado, sobretudo na Presidência. Neste ponto, FFHH acrescentou mais um elemento ao projeto da tomada da bandeira da ética, em março de 2013, ao dizer: “A nossa mensagem tem de ser simples, tem que ser direta e pegar na população. O PSDB precisa de um banho de povo. Precisamos do povo.”
Deste prisma, as Manifestações 6 de junho, na avenida paulista, de 2013, que se iniciaram com o tema da mobilidade urbana no “Não é só por R$0,20” , depois, foi ampliado para o não à corrupção e à qualidade dos serviços públicos em geral e o papel da polícia militarizada no Brasil.  Foi a “mão na luva” para o PSDB para colocar nas ruas suas “mensagens simples” em meio ao “banho de povo” “cheiroso”. Traduzindo, os trabalhistas seriam petralhas e não podem estar no poder mesmo que eleitos democraticamente.
Os embates entre “não me representa” e “sem partido” entre outras tendências nas manifestações de junho eram prenúncios das tentativas de cooptação da direita de um movimento que surgiu de esquerda. Mas, ainda não era o banho de povo que o PSDB precisava, segundo FFHH, para tomar a bandeira da ética.
A reeleição da Presidenta Ddillmma (2011- ?) foi o estopim para que o “banho de povo” se ampliasse. Instrumentalizar o discurso da ética contra os trabalhistas fazia-se  ainda mais urgente. Neste ponto, utilizar as ferramentas das mídias sociais que estavam, e estão, ao alcance do povo, como meio de legitimação da ação, seria lapidar. O processo de demanda pela ética deveria “partir, aparenetemente, do povo” e não do(s) Partido(s). Assim, grupos da internet como “Vem pra rua”, “Revoltados on-line” e “Brasil livre” passaram a ser estrelas – desculpem o trocadinho – deste projeto! Mesmo assim, o verdadeiro “banho de povo” parecia incompatível com o PSDB, que não foi às ruas com seus líderes com receio de serem pouco bem recebidos.
Em março de 2015 ocorreu a “cisão” com a racionalidade weberiana na política típica do PSDB, com um novo incremento no projeto de poder em meio a fala de Aloysio Nunes Ferreira: “Não quero que ela saia, quero sangrar a Dilma, não quero que o Brasil seja presidido pelo Michel Temer (PMDB)”.
Todavia, o “banho de povo”, nem neste ponto de manifestações convocadas pelas redes sociais e com incremento dos tucanos, ocorreu. Embora a manifestação de março tenha sido significativa demonstração de força política não conseguiu se manter no mês seguinte, para além das “massas cheirosas”.
Restou ao PSDB e aliados fazer o “sangrar de Dilma” se tornar o “sangrar do Brasil” viabilizando uma agenda de aprovações no Congresso que ampliem a impopularidade da Presidenta que ficará entre a cruz e a espada. Se sancionar ou vetar os projetos aprovados pelo legislativo agrada uns e desagrada outros: terceirização, nova fórmula para aposentadoria integral – um mea culpa atrasado pelo fator previdenciário –  lei da bengala, entre outros.

Assim, a irracionalidade chegou ao Congresso para inviabilizar o governo sancionado pelo povo que tinha de escolher entre o “choque de gestão” e o “ajuste fiscal”. Em todos os casos quem pagaria a conta seria e é o Brasil!
Agora, se não conseguiram o poder pela via eleitoral, estão dispostos a sacrificar o País em nome de seu projeto de volta ao poder? Fica mais uma pergunta: quem ou alguém paga a conta destes votos organizados e contrários à presidência? A meta é desgastar a presidência, ampliar a impopularidade e assim, via irracionalidade política, voltar ao poder?



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