FFHH
(1994-2002) ao encerrar seu governo derrotado por LLuLLa (2003-2010) lançava
como pedra de toque, para o PSDB vencer o PT, a tomada da bandeira da Ética
para perderem a alcunha de tucanalhas. Ao finalizar seu segundo mandato na
Presidência da República os tucanos estavam no centro das denúncias de
ilegalidades e imoralidades e precisaria inverter o discurso para voltar ao
Planalto. Esta era a análise do Príncipe da Sociologia.
Ao lado, e
apesar das denúncias de falta de ética para por fim ao governo tucano e seus
sonhos de corte capitalista ad infinitum
“democrático”, estava a crença de que o projeto de poder do PSDB, e com ele o
da elite de SP, seria um plano vencedor por seu discurso racional de
competência e mérito. Todavia, o tucanato se viu divorciado da base eleitoral
ao aprovar o fator previdenciário.
A querela pelo
poder e pela bandeira ética desembocou nas denúncias sucessivas contra os
trabalhistas no governo e teve como ápice, até aquele momento, o Mensalão
(2005-2006). Em agosto de 2007, o STF aceitou a denúncia contra o mensalão que
conduziu ao processo concluído em 13 de março de 2014. Dia simbólico para
marcar a trajetória histórica dos Trabalhadores. Dos 40 denunciados foram
condenados 24; 4 com prestação de serviços à comunidade, 12 em regime
semi-aberto e 8 em regime fechado. Afinal, a legislação no Estado Capitalista
foram produzidas para manter nas prisões os pobres e não os criminosos de elite
– mesmo os condenados em regime fechado a esta altura estão quase todos em “liberdade”.
Em meio aos
avanços da Ação Penal 470, as atitudes racionais típicas dos tucanos
weberianos, todavia, não surtiram efeito nos pleitos eleitorais, como esperado,
sobretudo na Presidência. Neste ponto, FFHH acrescentou mais um elemento ao
projeto da tomada da bandeira da ética, em março de 2013, ao dizer: “A nossa
mensagem tem de ser simples, tem que ser direta e pegar na população. O PSDB
precisa de um banho de povo. Precisamos do povo.”
Deste prisma,
as Manifestações 6 de junho, na avenida paulista, de 2013, que se iniciaram com
o tema da mobilidade urbana no “Não é só por R$0,20” , depois, foi ampliado
para o não à corrupção e à qualidade dos serviços públicos em geral e o papel
da polícia militarizada no Brasil. Foi a
“mão na luva” para o PSDB para colocar nas ruas suas “mensagens simples” em
meio ao “banho de povo” “cheiroso”. Traduzindo, os trabalhistas seriam
petralhas e não podem estar no poder mesmo que eleitos democraticamente.
Os embates
entre “não me representa” e “sem partido” entre outras tendências nas
manifestações de junho eram prenúncios das tentativas de cooptação da direita
de um movimento que surgiu de esquerda. Mas, ainda não era o banho de povo que
o PSDB precisava, segundo FFHH, para tomar a bandeira da ética.
A reeleição da
Presidenta Ddillmma (2011- ?) foi o estopim para que o “banho de povo” se
ampliasse. Instrumentalizar o discurso da ética contra os trabalhistas fazia-se
ainda mais urgente. Neste ponto, utilizar
as ferramentas das mídias sociais que estavam, e estão, ao alcance do povo,
como meio de legitimação da ação, seria lapidar. O processo de demanda pela
ética deveria “partir, aparenetemente, do povo” e não do(s) Partido(s). Assim,
grupos da internet como “Vem pra rua”, “Revoltados on-line” e “Brasil livre”
passaram a ser estrelas – desculpem o trocadinho – deste projeto! Mesmo assim,
o verdadeiro “banho de povo” parecia incompatível com o PSDB, que não foi às
ruas com seus líderes com receio de serem pouco bem recebidos.
Em março de
2015 ocorreu a “cisão” com a racionalidade weberiana na política típica do
PSDB, com um novo incremento no projeto de poder em meio a fala de Aloysio
Nunes Ferreira: “Não quero que ela saia, quero sangrar a Dilma, não quero que o
Brasil seja presidido pelo Michel Temer (PMDB)”.
Todavia, o
“banho de povo”, nem neste ponto de manifestações convocadas pelas redes
sociais e com incremento dos tucanos, ocorreu. Embora a manifestação de março
tenha sido significativa demonstração de força política não conseguiu se manter
no mês seguinte, para além das “massas cheirosas”.
Restou ao PSDB
e aliados fazer o “sangrar de Dilma” se tornar o “sangrar do Brasil”
viabilizando uma agenda de aprovações no Congresso que ampliem a impopularidade
da Presidenta que ficará entre a cruz e a espada. Se sancionar ou vetar os
projetos aprovados pelo legislativo agrada uns e desagrada outros:
terceirização, nova fórmula para aposentadoria integral – um mea culpa atrasado pelo fator
previdenciário – lei da bengala, entre
outros.
Assim, a
irracionalidade chegou ao Congresso para inviabilizar o governo sancionado pelo
povo que tinha de escolher entre o “choque de gestão” e o “ajuste fiscal”. Em
todos os casos quem pagaria a conta seria e é o Brasil!
Agora, se não
conseguiram o poder pela via eleitoral, estão dispostos a sacrificar o País em
nome de seu projeto de volta ao poder? Fica mais uma pergunta: quem ou alguém
paga a conta destes votos organizados e contrários à presidência? A meta é
desgastar a presidência, ampliar a impopularidade e assim, via irracionalidade
política, voltar ao poder?
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