quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Questão de processo de acumulação

A sociedade humana tem se notabilizado pelas formas violentas de exclusão ao longo da história. Temos mais tempo de solução dos embates pelo uso da força que do diálogo. Temos mais tempo de abuso de poder do que de Direitos Humanos. Temos mais tempo de escravidão legal do que defesa da liberdade e da igualdade e da fraternidade para todos. Temos mais tempo de Direitos do Homem que de Direitos da pessoa (gênero e de diversidade e pluralidade). E assim segue.
                Não por acaso muitos são incapazes de compreender o mundo atual. Com uma educação formal de qualidade duvidosa a solução mais fácil para ser o engodo mais a antigo: o uso da força, do constrangimento, da perseguição, da exclusão social, da prisão.
                No que diz respeito a exclusão social vários países encontram problemas para escamotear sua distinção entre cidadãos de primeira, segunda ou sabe-se lá que fração de classe.
Este o caso da proibição de menores em Centros de Compras que por definição seriam espaços privados de uso público. Assistir  autoridades jurídicas que deveriam defender a criança e o adolescente acabam por primar pela defesa do capital excluindo tais cidadãos de direitos da cidadania - exclusão por classe.
Ler que um juiz amplia a diferença étnica da comunidade negra – e não só desta – ao negar ao candomblé o estatuto de religião chamando-a de seita é ápice de um pensamento positivista, há muito criticado por suas limitações e discriminações, em favor de um grupo que se pretende dominante e em detrimento dos os outros, os não brancos, os não cristãos.

Perceber que a configuração do crime de racismo é letra morta, pois, a maior parte dos juízes são brancos e aos crimes de etnia e raça atribui o qualitativo de injúria, fazendo assim que a lei não tenha o efeito necessário e urgente diante de séculos de escravidão e de abusos diante da cor da pele que não a europeia é vexame internacional nas terras verdes e amarelas.
Ler diariamente, na mídia social mais popular do planeta, que além de homens – fato reiterado no machismo de plantão – mulheres atacam a presidenta exatamente por ser mulher e atribuir a isto a sua incompetência é a evidência do quanto a mulher branca das frações dominantes tendem a ser a maior parceira do machismo, como dizia Heleieth Saffioti, e reproduz uma violência da qual também é vítima no espaço privado e por vezes público.
E, no topo desta lista, fica o anseio desmedido de grupos que diante da violência reiterada da sociedade defende o nazismo, a ditadura e a exclusão como motes à luz do dia com a conivência cúmplice de instituições regidas por pessoas com convicções pessoais nada democráticas ou humanitárias.

                Temos muito que trabalhar educando para transformar a visão de mundo excludente em inclusiva, de discriminadora para plural e diversa, de coação para emancipação. Enquanto falarmos “deveria” e tivermos dificuldade de expressar o “poderia”... a liberdade será uma conquista e não um direito, apesar do adiantado da história.

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