Durante as
eleições, e atravessando um dos períodos de maior seca, quase tudo que se viu,
na campanha eleitoral, foi um trabalho de desconstrução do adversário politico
e a desmobilização do eleitorado para além de qualquer gesto que não fosse o de
ir às urnas. Neste ponto chamou atenção o fato da despolitização em diferentes
níveis do eleitorado.
O primeiro e
mais notório nos últimos anos é o fato da campanha girar ao redor do MKT
profissional que quase nada incrementa no debate político para além de um País
da propaganda onde todos gostariam de viver, pois, bem diferente do mundo
cotidiano do real. Neste ponto a questão da água, no Estado de São Paulo, mas,
não só por aqui, foi alarmante.
Em um processo
contínuo de despolitização atribuía-se a falta de chuvas a S. Pedro e outros
fatores mágicos. Mais que isto, a cena de políticos em nascentes ou represas
com “curandeiros” fazendo à dança da chuva, digo, as rezas para chover. Quantos
séculos retrogradamos?
Ao invés de se
ter um debate sobre o meio ambiente e a legislação recentemente aprovada e seu
impacto negativo nas precipitações em termos de crise e segurança hídrica,
apelava-se para o pensamento e os atos mágicos que nos colocou no mesmo patamar
que as tribos. Isto para o Estado que ainda se pensa a locomotiva do Brasil.
A
despolitização realizada pelos agentes do Estado e por uma mídia cúmplice com
um dos lados em questão, não para neste ponto.
No mês em que
se marca uma data de combate internacional à AIDS, primeiro de dezembro,
assiste-se ao mesmo fenômeno em novos parâmetros. O crescimento de portadores
do vírus HIV, sobretudo entre pessoas dentre 15 a 24 anos, é atribuída ao fato
de que a nova geração não viu morrer artistas e demais pessoas célebres em
decorrência das complicações causadas pelo vírus. Nada mais pueril e
despolitizante que isto.
Sim, como
canta Cazuza, “Meus heróis morreram de overdose (AIDS)”, foi um marco que levou
o próprio Cazuza à morte pela CIDA. Sim, isto colaborou para o processo
educativo daquela geração. Mas, o ponto máximo não foi apenas o terror de se
morrer em pouco tempo, foi o fato de se investir nos mais diferentes processos
educativos de combate ao vírus.
Havia
investimento de campanhas educacionais e publicitárias, nos mais diferentes espaços,
da escola, passando pelos profissionais da saúde, à televisão, rádio, jornais e
revistas. Mais que isto, houve um combate ao pensamento mágico que queria
restringir tudo que diz respeito ao sexo e a sexualidade ao espaço privado das
consciências e do controle do pecado.
A geração que
conta entre 15 a 24 anos é a maior vitima da despolitização em nome de
doutrinas políticas e religiosas que querem ocultar o real em nome de um mundo
que só existe no imaginário de seus defensores que tem triunfado na Terra
Brasilis.
Assim, são
vítimas os jovens do crescimento do poder religioso sobre a sociedade, a
política e na decisão dos rumos da educação, por consequência. Estas decisões
silenciam a educação que foi e é o maior mecanismo sistemático de combate a qualquer
forma de doença física ou social, os preconceitos e discriminações.
Esta geração,
de 15 a 24 anos é vítima de uma despolitização continuada que fez da progressão
continuada a “progressão automática” que aliada a meios de divertimentos cada
vez mais baratos e hipnóticos, realizados em farto mercado virtual – de
computadores a celulares -, se vê sequestrada do direito a informação, sem
censura prévia de conteúdo, de modo sistemático na educação.
Sim, é
possível dar combate o HIV, mas, não só pela morte dos “Heróis da AIDS”, mas,
por um processo decisório de educação que faz da rememória politizada dos
“Heróis mortos pelo vírus” instrumentos educativos preciosos, sem que se passe
pelo conteúdo como quem dorme a beira da estrada por uma progressão sistemática
de paisagens que nada diz ou transforma devido a meta “coronelesca” de
despolitizar e mistificar das políticas.
Wlaumir Souza.
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