A novela Império no quesito como o Brasil é
corrupto tem vencido no quesito demonstração do quanto a arte imita a vida.
Estou às
vésperas de completar 45 anos dois são os maiores componentes em minhas reminiscências
sobre o Brasil: carnaval e corrupção.
Ainda menino
ouvi certa história – não me lembro de quem e de onde e sobre quem – em que em
certa cidade, à época da Ditadura Militar, um dado prefeito foi buscar na
capital do Estado de São Paulo uma verba e a trouxe para o seu município em
dinheiro vivo em uma maleta no carro. Ao chegar á cidade, parou primeiro na sua
residência, o prefeito, e foi descansar enquanto deixou o carro, com a mala de
dinheiro, parado a sua porta. Todavia, havia esquecido os vidros abertos devido
ao cansaço. Quando voltou ao carro
deu-se conta de que a bolsa com o dinheiro havia desaparecido para nunca mais
ser vista. Ou seja, as histórias de malas de dinheiro público e seu
desaparecimento são de longa data.
Neste ano, em
entrevista, no ano de 2015 ao Manhattan Connection, o porta voz neoliberal da
classe média brasileira, Zélia Cardoso de Mello narrava a decisão pelo uso de
cartão de crédito no exterior da parte de brasileiros e, mais do que isto,
dizia que a medida visava colocar fim às viagens dos nacionais com dinheiro
escondido na lingerie masculina e feminina. Ou seja, dinheiro na cueca, na
calcinha e nas meias, entre outras possibilidade, faz parte da história do
país.
Outras
histórias poderiam ser arroladas e, infelizmente, apenas tenderiam a comprovar
o grau histórico da corrupção, da fuga de capitais, e de infindos problemas com
a Receita Federal. Todavia, me deterei na imagem televisionada na novela Império.
José Alfredo personifica
o velho adágio: por trás de toda grande fortuna tem assassinato ou roubo, e não
raro, os dois. Assim, em meio a trafico de gemas, remessas ilegais de dinheiro
ao exterior, sonegação, entre outros delitos que ampliaram sua fortuna legitimada
pelo casamento com uma “quatrocentona” assistiu-se no capítulo do dia 06 de
março de 2015, o Comendador, nadando em uma piscina de dinheiro de origem
duvidosa.
A imagem é
emblemática do País que vivemos. Não basta mais mostrar dinheiro na cueca,
malas de dinheiro, vídeos de pessoas religiosas agradecendo o extravio de dinheiro
público e de propina. Estas imagens são antiquadas diante das fortunas que temos
vistos desaparecer do cofre público ou das empresas estatais. Assim, o autor
evocou a velha imagem da elite que nada em dinheiro, literalmente.
A imagem é liricamente
forte, mas, amedrontadora por demonstra a cara de parte das elites políticas e
econômicas carcomidas pela corrupção. Além do mais, a piscina evoca o dinheiro
lavado por processos aparentemente legais que perpetua no poder aqueles que não
seguiram as regras do jogo legal, mas, vencem pelo uso dos costumes corruptos.
Há se um dia o
Brasil passar a seguir o common Law iremos ver surgir em praça pública a cena que
escamoteamos de nós mesmos...?
Veja aqui a
cena da novela:
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