domingo, 1 de março de 2015

“Tucanalhas” e “Petralhas” e o lugar do público

Neste embate futebolístico da denúncia da corrupção de petralhas e tucanalhas todos querem ser honestos vendo apenas as irregularidades dos outros e não as nossas.
Se desejamos um país melhor temos de ir para além do partidário, ou seja, de uma parte apenas do país, e trabalharmos pelo todo. Sem com isto sair da exclusão para entrar no ditatorial. Necessitamos ir para além do ideológico de direita que acusa apenas a esquerda a vice-versa.
Sou favorável aos avanços da “Lava a jato” e, se for o caso, que se faça uma revisão das penas dos “mensaleiros” do PT em virtude das novas evidências que vierem a ser arroladas. Mas, também considero urgente que o processo contra os “mensaleiros” tucanos de MG avance.

Mas, igualmente, sou favorável a que a corrupção privada em uma de suas formas mais puras, as das denúncias contra o HSBC, tenham igual acusação pública e investigação. Os corruptores não podem passar ilesos em nome do discurso neoliberal que arvora as virtudes do privado em detrimento do público.
Necessitamos avançar para além do partidário sem entrar no jogo das Igrejas, dos Exércitos e dos militantes que se dizem uno, não o sendo, e quando o são, executam os outros em nome do “todos somos um” avessos a pluralidade e a diversidade.
A democracia exige que as virtudes democráticas e republicanas vão para além deste pueril jogo de cartas marcadas em favor do meu e contra o teu e que inviabiliza o Brasil que todos queremos.
E, neste ponto, precisamos de um judiciário que tal qual a mulher que representa a justiça e a liberdade a francesa supere as carcomidas certezas e não se faça vítima da cooptação do poder econômico ou cúmplice da corrupção do público passeando em praça pública com bens confiscados via processo judicial.
Sim, os problemas são mais amplos e requerem uma maturidade onde não mais sejamos tal qual o burocrata de Estado preocupado com os privilégios da carreira pública que lhe dá benesses que ao cidadão comum são negadas e, para garantir estas, esquecem as mazelas do passado.
Urge que as investigações pretéritas quanto a Petrobrás sejam feitas, afinal, um dos acusadores históricos destas mazelas fora o nome de um dos queridinhos da maior emissora do país, Paulo Francis.
O não retrogradar das denúncias levará o País ao porto seguro de sempre, o congraçamento das partes em nome da Estadania e em detrimento da cidadania. Ou, nos piores dos casos, para as elites da Estadania penas breves devidamente planejadas pelo arcabouço legal no que diz as condenações dos crimes de elite, para a elite e pela as elites.
Precisamos mais do que na hora da eleição escolher um candidato por certa ideologia, seja de direita ou de esquerda, tendo de escamotear seu passado sombrio. E, com isto, banalizando-se a corrupção da própria orientação ideológica e clamando apenas pela condenação do outro. Precisamos mais do que escolher entre um tipo de corrupção ideológica e outra.
O Brasil, terra onde acusa-se o outro partido em nome de mais do mesmo, afinal, desde a colônia aos membros das Elites, sobretudos a de Estado é ofertada a segurança acima do judiciário da estadania – enquanto o povo abre falência em nome dos privilégios dos banqueiros e dos rentistas que escamoteiam suas fortunas em paraísos fiscais que são nada fiscalizados.

Que vença a cidadania onde o público é capaz de pensamento crítico e moral avançado em detrimento dos particularismos sectários ingênuos e sistemáticamente legitimadores de outro modelo de opressão ao invés da cidadania plena para todos.

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