domingo, 22 de março de 2015

Identidade de classe e as manifestações partidárias no Brasil: em questão a circulação de classes

As manifestações dos dias 13 e 15 de março de 2015, no Brasil, foram o que o capitalismo previa de longa data. Capitalistas tradicionais de um lado e os neófitos do consumo capitalista de outro. Uns a favor a circulação de posição de classe e outros defendendo o privilégio de uma sociedade estática no que diz a circulação do poder e das elites.
De lado a lado os preconceitos e estereótipos rasos que discriminam e inviabilizam o diálogo. De coxinhas a petralhas, passando por tucanalhas a corruPTos tudo o que se faz é ampliar a estigmatização, a estereotipização e a discriminação que não favorecem a cidadania plena de todos os cidadãos, mas, antes, mantém os agentes do capital e os detentores do poder de Estado – seja da pretensa esquerda ou da direita – em unidade contra os avanços das questões que interessam ao povo.
A estigmatização, como a história demonstrou, sempre foi mais eficiente contra as minorias construídas em cada contexto cultural. Assim, na URSS era fácil preconceituar alguém que defendesse o capital; no ocidente capitalista, por sua vez, foi simples desmoralizar a esquerda. O controle dos meios de comunicação são os mesmos, embora as técnicas e os recursos diferentes no socialismo e no capitalismo.
Seja como for, as manifestações foram as esperadas. Os neófitos do consumo capitalista, no dia 13, via apoio do Estado sob o comando do PT, saíram enfileirados sufragando a confiabilidade do governo, única maneira de se manterem no consumo, no atual modelo político-econômico, asseverando que há recursos para todos desde que o Estado realize a redistribuição. Os capitalistas tradicionais por sua vez, no dia 15, receosos por considerarem que não há recursos para todos e o que acumularam é o fiel da balança de sua existência confortável e de seus filhos e que a exploração das outras frações de classe é inevitável, de outro. E, neste ponto, a circulação de classes seria o seu fim.
Interessante notar que os quebra-quebras, a destruição ou a violência foram casos isolados, afinal, todos estavam a serviço da ordem e do progresso, embora cada um a seu modo. Todavia, todos com raiva e ódio do outro oponente ao modelo que defendem. De parte a parte, todos brandiam pela justiça – uns a social, outros a institucional de Estado tradicional capitalista – contra corrupção. Apesar de que os pequenos atos corruptos do cotidiano não entrassem em voga como o silenciar do outro, como elemento negador da democracia, ou a catraca livre do metrô em favor dos defensores do capital que não foram favoráveis ao “Movimento não é só por R$0,20”.

Todavia, neste embate previsível que usa o não a corrupção como mote para fortalecer o lado a que pertencem, sem esperar com isto grandes transformações e, mesmo que ocorram, os embates permanecerão devido ao não reconhecimento da derrota eleitoral, o que faz que a campanha permaneça nas ruas como modo de desgaste do governo com vistas a futuro pleito vitorioso em construção contínua. E, neste ponto, a alarde da campanha que não cessa é mais importante que uma oposição fiscalizadora e séria.
Neste embate, mais do que a denúncia da corrupção e da cooptação, estava em praça pública a disputa por mudanças redistributivas ou a concentração da renda mesmo que sob Ditadura. Não por acaso um dos alvos fora Paulo Freire que pretendia via educação garantir a circulação das elites.
Paulo Freire ao trabalhar por toda a vida por uma educação transformadora queria mais do que um “fora corrupção partidária” onde um lado acusa o outro sem purgar os próprios desvios – afinal o que para um lado é "reforço de caixa" para outro é "dinheiro não contabilizado".
Paulo Freire em seu amadurecimento intelectual e moral-ético é intragável a parcelas das populações nacionais que tendo em sua Corte – quer algo mais reacionário que isto, o termo corte, nobre colega? – Suprema, o STF, que é de composição política por via constitucional, o modelo mais conciso da não circulação do poder e das classes. Afinal, interessa STF de nomeação política só quando o controle do Estado é total de direita, quando tem um mínimo de posição de esquerda é golpe? 
Vamos crescer Brasil... e a educação transformadora de qualidade é o caminho dos avanços éticos! Mesmo que para os privilegiados na nação a transformação educacional materialize o seu maior medo, a circulação das classes numa sociedade de classes via competência profissional. Amadurece Brasil... Circulação de posição de classe é capitalismo, mas é mordenizador demais para uma país acostumado ao quase estamento de classe "herdado do Império" num mundo que se diz Contemporâneo.

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