quarta-feira, 5 de março de 2014

As mazelas do carnaval ou como ser outro.

              Wlaumir Souza.     
A internet viabilizou a potencialização de vozes outrora silenciadas pelos meios de comunicação de massa e pelo Estado laico e amplificou o impacto de grupos organizados ou não na defesa ou ataque as mais diferentes questões sociais, políticas, culturais, econômicas e de gênero entre outras. O sinal mais visível desta mudança comportamental on-line com impacto direto no mundo do ser e estar no mundo são as manifestações que se proliferaram pelo mundo democrático ou não, mas, com acesso relativamente livre à internet.
Votos outrora granjeados, mas pouco ou nada atendidos após o pleito, tem sido uma tônica cada vez mais explicitada nos meios de massa de comunicação – facebook, twiteer, entre outras infinidades de ferramentas disponíveis a um clique e com baixíssimo investimento para os padrões anteriores da imprensa escrita, televisiva e de rádio, onde o rádio amador foi um dos precursores do “livre manifestar o pensar que conduz à ação com 'baixo investimento' ”.
Como podem se evidenciar enquanto excluídos do sistema e não sendo mais possível silenciá-los, atender as demandas tem sido o desafio de um Estado acostumado ao controle social de modo hierárquico com pactos históricos com as elites econômicas, políticas, sociais, religiosas e muitas mais, onde o pragmatismo que mudava a realidade do povo era trocado por projetos bem financiados ou títulos ou processos engavetados ad aeternum...
Na década de 2011 estes títeres da humanidade passaram a ter de compor o poder com atores pouco estrelados, o povo. Assim, para dar satisfação ao eleitorado conservador, e mesmo retrógrado, em número nada desprezível, tem crescido a propaganda de que o dinheiro do carnaval poderia ser revertido para outras atividades socialmente mais relevantes como a saúde e educação públicas.
Neste baile de máscaras a última coisa que se deseja, por parte das hostes do sistema, é serviço público realmente de qualidade que concorra com a iniciativa privada. Todavia, o jargão em ascensão de transferir os recursos públicos da maior festa de rua do Brasil tem aliados históricos: o racismo – que busca pelos meios mais discretos possíveis, após a lei antirracismo, anular a influência da etnia negra no país. Sonho compartilhado por algumas denominações religiosas onde a expulsão de morros tem sido apenas o sinal mais visível. Mas no embate das “crenças” o complicador tem sido o ataque quase sistemático a cemitérios com seus símbolos religiosos católicos, algo vivido há muito por judeus. Ou seja, estas gentes que “conversam” com Deus não se entendem.
Mas, politicamente, estas turbas discricionárias têm feito de tudo para maquiar o que de fato ocorre. Racismo excludente, onde for possível, da cultura negra em todas as suas vertentes do samba às músicas contemporâneas que descem do morro para o asfalto ou saem das favelas.


A reação tem sido a mais simples e com os olhos no espelho retrovisor. Os blocos se avolumam independente do poder público e com muito poder social organizados quer pela classe média, negros ou gays. Afinal, o povo canta e dança com os versos de “Não deixe o samba morrer” pois sabem da falácia de que os poucos milhões da cultura farão curativo na saúde. O remetido é outro, prestação de contas transparentes sem desvio de verbas de uma pasta à outra ao sabor da hora eleitoral.

https://www.youtube.com/watch?v=O85aPBh99P0&feature=kp

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