sábado, 29 de março de 2014

Ditaduras? Jamais! ou 50 anos depois do Golpe Militar

                                                                                                                              Wlaumir Souza
Inquietante como o lugar social pode nos definir, restringir ou iluminar. E, neste ponto, o regime político no qual se vive ou se viveu ou se sonha viver pode, e muito, contribuir para uma perspectiva ou outra.
50 anos após o início do golpe militar – que surripiou o lugar do democrático, no Brasil, em nome do medo imposto pelas armas da tortura como meio leviatânico de manter o controle da propriedade enquanto forma de exclusão, exploração e dominação – ainda ouve-se a pergunta se foi golpe ou revolução.

As respostas continuarão as mesmas enquanto houver sobreviventes que se favoreceram, enriqueceram ou destacaram-se a custa do ódio, da discriminação e da censura construída pelo regime militar. Marciais saudosos e seus cúmplices na ocultação do real (além de cadáveres) e de salários polpudos para o livre abuso do poder com estímulo estatal oficioso, alardearão que foi revolução em nome da “Família e de Deus”. Nem é bom lembrar que “Homem de bem” foi um periódico nazista.
No outro vértice, os derrotados de outrora – perseguidos, vilipendiados, torturados escorraçados, presos ou degredados –  e hora os vitoriosos no regime, os republicanos democráticos (?) e outros tantos que não tão simpáticos a este regime se deixaram seduzir pelo galgar da ascensão social, política, econômica e cultural e que bradam, - Foi golpe!
Local comum dizer que ao vencedor cabe dominar (escrever) a história, além das batatas. Assim, lemos livros que enaltecem homens, brancos e heterossexuais em quase todos os espaços: do livro didático, passando pelo jornal, aos meios de entretenimento mais populares ou sofisticados. Todavia, se ainda, na segunda década do século XXI, a pergunta persiste – foi revolução ou golpe? – demonstra-se por esta via que a vitória da democracia republicana ainda não se deu por completa. E, talvez isto nunca venha ocorrer enquanto dialética da história.
Num país fraturado por uma separação de classes tão abusiva; com um racismo excludente eficiente sem se institucionalizar ao impedir a ascensão social do outro, mesmo com a criminalização do segregacionismo; e, de um machismo que encontra guarida até em despacho de juízes mesmo após a conquista da tipificação realizada pela Lei Maria da Penha; e estas leis são provas da condição de exceção ou segunda categoria de cidadania concedida aos "segundos sexos" e ao "pecado da cor" que são arduamente combatidos pela mobilização social nacional e o apoio de agências internacionais.


Enquanto estas questões e tantas outras não forem resolvidas ou equacionadas estarão dadas as condições para que o pensamento, o sentimento e a atitude autoritária, ditatorial, mandonista, nazista, sexista, etnocêntrica, fascista, stalinista, entre tantas outras... ocorram. Em outros termos, somente quando a democracia republicana se democratizar republicanamente em sua universalidade emancipadora em favor das diversidades e pluralidades democráticas os discursos mais sublimes deixarão de ser metafísica sem costumes.

2 comentários:

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  2. Sou contra toda e qualquer forma de autoritarismo, mandonismo ou ditadura dos mais diferentes naipes políticos/estatal. Leia o texto sem tanta paixão e verá. Paz!

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