sábado, 27 de junho de 2015

Carta aberta ao LLulla ou as razões da decadência do PT

“Revolução vinda de cima” e adesismo são as duas das pragas políticas que acentuadamente marcam a História do Brasil, sem querer tocar no clientelismo e no mandonismo, por hora. E, estes os elementos que conduzem o Partido (que foi) dos Trabalhadores ao cadafalso do poder.
Ao ser sufragado à Presidência da República o Partido dos Trabalhadores rendeu-se a forma mais tradicional de poder, o personsalismo – e neste ponto da história o foco de quase tudo – o lulismo. Interessante como a substituição da monarquia não obliterou as razões de poder pessoal. Inicia-se neste ponto o conservadorismo do Partido dos Trabalhadores.
Ao lado do personalismo, uma das seduções do poder é aliar-se aos detentores do poder tradicional. Esta uma tendência história do domínio monárquico ou burguês republicano e/ou democrático. Aliar-se aos tradicionais detentores de poder político e econômico equivale ao adesismo dos partidos políticos. O rei está morto. Viva o Rei! Melhor dizendo: Viva o Presidente!
Neste enredo tradicional do poder o Partido dos Trabalhadores se aliou aos que se propuseram da fundação à campanha que os elegeu – mesmo diante da “Carta ao povo brasileiro”, de 2002 – se não combater, construir uma modelo alternativo de governo para viabilizar um novo modelo de sociedade pautada pela democracia na busca da tão propalada fórmula da justiça social.
Todavia, unir-se aos oponentes opulentos para viabilizar projetos de “justiça social” era o suicídio político retardado pela morfina do poder. Este adesismo partidário perpetuaria um poder onde as contas públicas roeria os lanços. Num acúmulo contínuo de desgaste de poder diante de um povo que assiste a “esperança que venceu o medo” ceder diante dos fatos: juros altos, desemprego, impostos, taxas, inflação, cortes de direitos trabalhistas, redução dos direitos de pensionistas, em suma, retorno, em um prazo de menos de um ano (2014-2015), a patamares semelhantes ao que era chamado de “herança maldita” do PSDB e piorando, em muito, a vida da classe média tradicional, até então uma sobrevivente histórica do financismo do Brasil.
Ao buscar uma “revolução vinda de cima”, no caso das elites partidárias e econômicas, o Partido dos Trabalhadores se afastou gradativamente de suas bases históricas para se refestelar com as bancadas religiosas, com os banqueiros e empresários que muito receberam do Estado e pouco, ou quase nada, fizeram de efetivo para além do financiado pelo dinheiro do povo – afinal, neoliberalismo bom é para o povo – ou sem avanços de políticas públicas de terceira geração –, aos empresários continua valendo o financiamento público em longo prazo e com juros subsidiados pelo suor alheio.
Face a esta cesta de elementos – onde Cleópatra colocou a mão e morreu para manter a coroa mesmo perdendo o reino – realizar o suicídio, para fazer como Vargas “saio da vida para entrar na história”, no caso, da vida político-partidária, seria o golpe mais vil. Posar de bom moço, de defensor do projeto histórico do partido e da ética quando fez aliança de Collor a Maluf, passando pelo isolamento de Suplicy e outros aliados críticos que se mantiveram no projeto contra as razões pragmáticas do poder, é construir um castelo com areias movediças que conduzirão o lulismo e o petismo – num abraço de afogado – para onde a direita e o capitalismo sempre sonharam e trabalharam para atingir: o desabono.

Neste ponto – e não por acaso – na véspera de embarcar para os EUA (27 de junho de 2015), a Presidenta DDillmma acenou com força para seus aliados históricos – as mulheres, em especial, e para os grupos discriminados – ao pautar a questão de gênero e poder, no caso o dela mesma como quem esperava comoção. - “Você já ouviu alguém dizer que um presidente homem se intromete em tudo? (...) Acredito haver um pouco de víeis de gênero. (...) Você tem de conviver com as críticas e com os preconceitos.”
Não haja dúvida presidenta que a questão de gênero pese, mas, foi o seu governo um dos que mais compactuo com os aliados que trabalham contra o que chamam, os oponentes, de "ideologia de gênero". Agora colhe o amargor de ser cúmplice do machismo, do patriarcado, tudo devido ao fato de ser branca. 
No mesmo dia, 26 de junho de 2015, a Suprema Corte dos EUA decidiu pela legitimidade do casamento entre pessoas do mesmo sexo. E, neste ponto, acenando para os aliados históricos do PT, do Planalto ao Ministério das Relações Exteriores, passando pelo Ministério da Educação, palco doa maiores embates dos combatentes contrários aos estudos e ensino de gênero, foram iluminados pelas cores do arco-íris – símbolo da diversidade humana.
Para um bom entendedor, um ponto é letra?
DDillma deseja romper com as alianças espúrias de LLulla - o grande patriarca do PT. A criatura chegou a maioridade e deseja ir para além do que os olhos do mestre possam enxergar ou pretenda controlar. A mulher quer emancipar-se via feminino. Novos ventos virão a tona, entre elas, o alvoroço dos adesismos que tanto minaram o projeto do PT com as feministas e os LGBTs.
Basta de “Revolução vinda de cima”? A Presidenta terá disposição para enfrentar as bancadas reacionárias que controlam o Congresso? Ou, foi tudo festim - as cores do arco-íris nas fachadas e nos facebook das instituições Estatais - numa manifestação do que o oponente FFHH chamaria de "dependência" e os mais críticos de herança do colonismo como inclinação do dorso para Obama que a receberia no mesmo dia?

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