sábado, 19 de outubro de 2013

Boate Kiss da morte

Boate Kiss da morte

Postado em 01 de Fevereiro de 2013 às 15:02 na categoria Caleidoscópio
Por Wlaumir Doniseti de Souza
O País ainda se encontra perplexo diante do fato de tantas vidas jovens ceifadas por aquilo que não pode, pelo que tudo indica até agora, ser denominado de acidente. Há responsáveis pelos atos e pessoas a serem responsabilizadas pelas circunstâncias.

Todavia, o culpado principal não irá para o banco dos réus, diante do júri, escamoteará como o faz sistematicamente. O incriminado principal é o Estado mínimo, o Estado neoliberal e seus asseclas.

Não há bombeiros em número suficiente para atender estas emergências, de forma minimamente adequada. Não há funcionários de carreira em quantidade satisfatória a ponto de a burocracia atender a demanda com eficiência e eficácia para abertura e o acompanhamento dos espaços de consumo.

Este quadro se repete em todos os níveis do Estado contemporâneo brasileiro – e não apenas por aqui. Esta ideologia benfazeja ao sistema financeiro, aos empreiteiros e aos incorporadores, além da infinidade de prestadores de serviços, entre os quais até as ONGs têm um papel suspeito.


Não é possível pensar que o principal responsável não seja o Estado com sua letargia indulgente com o capital privado e, sobretudo, seus administradores. Assim, saem de mãos dadas os proprietários e sócios da Boate.

A perda da vida humana, propalada como bem maior, ainda é banalizada em nome da propriedade. Exatamente isto que permitiu que o incêndio ocorresse naquelas condições. Não será de se espantar que, em breve, se tenha estudos indicando os prejuízos causados com a perda destas vidas que faziam parte, em boa medida, da futura elite “intelectual” e “produtiva” do País.

Triste mesmo é saber que, em breve, tudo se transformará em estatísticas que alienam a dor dos amigos, parentes e familiares em nome de novas leis feitas ao sabor do calor da hora. E, que terá como resultado final indenizações monetárias calculadas em médias previamente elaboradas pelos modelos de cálculo do Judiciário, que em nada amenizarão a dor, o sofrimento e as angústias insondáveis dos pais e mães envolvidos.

O Estado previdente de bem-estar social, que ainda nem se implantou plenamente, já se despede — inocente imolado em praça pública, sem que a maioria veja ou dê falta. A imprevidência do Estado que possibilitou a barbárie das mortes juvenis em desespero amargor coletivo nacional.

Santa Maria rogai por nós e acolhei os inocentes mortos e, sobretudo, poupai-nos dos avanços daquelas igrejas que a tudo isto chamou de condenação divina.

Nenhum comentário:

Postar um comentário