sábado, 19 de outubro de 2013

O voto que não diz o nome

O voto que não diz o nome

Postado em 05 de Novembro de 2012 às 12:11 na categoria Caleidoscópio
Por Wlaumir Doniseti de Souza


Um fenômeno que se repete nas últimas eleições no Brasil é a questão do voto evangélico e os direitos dos cidadãos LGBTTS e das mulheres. O cenário maior deste embate foi a capital paulista no ano de 2012, mas o fenômeno se repetiu com diferentes nuances ao longo do território. As pessoas mais esclarecidas, mesmo quando não se diziam as palavras mestras evangélicos, mulher e LGBTTS, percebiam o discurso surdo, porém renitente da questão.

O “Ato I” desta cena foi a candidatura de Russomano. Tão logo ficaram explícitos seus vínculos religiosos a reação em cadeia se deu. Aparentemente sem uma explicação clássica visto que os comentários já eram públicos e mesmo assim ascendia. O problema se deu quanto o apoio se tornou “oficial”. Buscando espaço nesta senda retrógrada, no “Ato II” Serra buscou crescer, mais uma vez, consolidando sua união com Malafaia. Foi o canto do cisne.

No outro vértice, ocorria o “Ato III”, a entrada da negação explícita destas correntes conservadoras no que diz respeito à família, direitos reprodutivos e da mulher e de LBTTS: Marta Suplicy. 



Embora o Partido dos Trabalhadores venha se empenhando cada vez mais para consolidar o personalismo de Lula, não há dúvida de que sem Marta S., Fernando Haddad jamais iria para o segundo turno ou ganharia o preito. A entrada de Marta na campanha foi como o canto da Musa para que todos os “modernos” se unissem ao redor de Haddad contra as falas e práticas não plurais ou de não diversidade. Foi uma entrada tão vitoriosa que mesmo os gays do PSDB – devidamente engravatados, discretos e muitos casados – provavelmente votaram no PT da capital.

Este voto que não diz o nome, os dos simpatizantes do direito de todos amarem e serem respeitados foram a marca surda face ao canto do cisne contra a diversidade em uma das cidades mais plurais do País, mas não só ali. 
                                         

No outro vértice, na “Fazenda Iluminada Ribeirão Preto” não se problematizou as questões da mulher e dos LGBTTS ou do voto evangélico. Elegeu-se pela segunda vez uma prefeita evangélica que poucos recursos destinou ao movimento gay e boa parte da população desconhece ou desconhecia sua religião. E, portanto, boa parte de sua base eleitoral e plataforma política é surda.

Pior que isto foi ver que o candidato do PSDB não se decidiu por encampar a bandeira da igualdade e da solidariedade com a diversidade e com as mulheres e ainda problematizar a questão do voto evangélico em uma das principais cidades do interior paulista. Nogueira teria feito um grande favor a esta cidade e nos colocado onde muitos pensam que estamos, mas aonde jamais chegamos, na “vanguarda” visto que o “voto pode não dizer o nome” mas vota e decide eleição contra os anacrônicos.

E, para complexificar um pouco mais a questão, são assassinados mais LGBTTS no governo federal do PT do que morria no governo federal do PSDB, ou seja, FFHH soube unir-se a agenda moderna ao mesmo tempo que tergiversava com os antiquados do País, algo que o PT parece não conseguir quando se alia com oponentes históricos.

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