sábado, 19 de outubro de 2013

Prefeita, prefeitas!

Prefeita, prefeitas!

Postado em 11 de Outubro de 2012 às 15:10 na categoria Caleidoscópio


Wlaumir Doniseti de Souza

A legislação eleitoral de 1995 previa que os partidos deveriam destinar parte de suas candidaturas às mulheres. Na primeira eleição sob esta lei, aproximadamente 3,5% das cidades sufragaram mulheres para prefeita, em 1996, ou 187. Desde então, num crescendo, o ano de 2000 elegeu 317 prefeitas ou 5,7%; em 2004, 407 ou 7,32%; no ano de 2008, 9,07% ou 504. Na eleição deste ano, legitimou-se, no primeiro turno que 11,36% dos 5463 municípios do País serão governados por prefeitas, a partir de 2013, ou seja, 621 cidades. Dos 15.128 candidatos a prefeito, em 2012, 2026 foram mulheres. São números históricos.




Pela ordem, o PMDB elegeu 122 mulheres, o PSDB, 95; o PT, 67; o PSD, 56; o PSB, 51 e o PP, 44. Coube a Minas Gerais o maior número de mulheres eleitas, que governarão 71 cidades, ou seja, 8% dos municípios. Todavia, é na Paraíba que as mulheres se destacam ao ocupar duas de cada 10 prefeituras a partir de 2013. A maioria absoluta em cidades espalhadas pelo interior do Brasil. No Acre, nenhuma mulher foi eleita para administrar a prefeitura.

Na região de Ribeirão Preto, Monte Alto e Orlândia serão administradas por mulheres, a primeira cidade por Silvia Meira (PTB)  e a segunda por Flávia Mendes (PSB). Das cidades desta região nove prefeitos tiveram sua administração aprovada pelos eleitores ao serem reeleitos. E Dárcy Vera (PSD) é o destaque. Afinal, eleita em primeiro turno para o seu primeiro mandado e, candidata a reeleição, conseguiu ir para o segundo turno com uma votação, para dizer o mínimo, expressiva, e está no terceiro partido mais significativo no quesito mulher prefeita.

Durante a campanha eleitoral, Dárcy teve de enfrentar todos os demais candidatos que a mantiveram no foco das críticas. Todavia, entre as críticas as que interessam neste espaço são as misóginas. Duas me chamaram a atenção pela violência simbólica envolvida. 

Denominar a candidata de Carminha – personagem da novela das 21h da maior rede televisiva do Brasil – para dizer o mínimo foi machista e sexista. Além de tentar fazer, em meio à nova roupagem, os velhos ataques de desqualificar a pessoa humana feminina por possíveis características pessoais. Seguida a esta a “acusação” de que “choca ovos que não põe” misturava, mais uma vez, a vida privada e pública da candidata. Mesclava o fato de ela ter filhos adotivos e o dizer que fez algo que outro teria planejado na Prefeitura Municipal.

Assistir estes tipos de ataques, entre outros episódios machistas e misóginos da campanha, só não deixou o tédio tomar contar da propaganda em favor da candidata feminina devido ao espanto de que em pleno século XXI alguns dos candidatos se revelaram moradores de uma “Fazenda iluminada” denominada Ribeirão Preto. Pior que isto apenas o fato de que o candidato que perdeu a prefeitura para Dárcy em sua primeira gestão se descontrolar ao vivo devido ao fato da derrota (pra uma mulher?).

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