sábado, 19 de outubro de 2013

Mulheres, aos (en)cargos!

Mulheres, aos (en)cargos!

Postado em 21 de Setembro de 2012 às 11:09 na categoria Caleidoscópio
Wlaumir Doniseti de Souza
Não resta dúvida que, apesar de todas as transformações, o patriarcado permanece faceiro. Muitas foram as conquistas de mulheres, negros e LGBTTS, em especial das primeiras, face aos preconceitos e discriminações sofridos. Todavia, a maior força do patriarcado está em conseguir, em pleno século XXI, introjetar seus estereótipos da vida humana e até animal. Assim, não poucas mulheres, negros e LGBTTS atuam contra os direitos defendidos pelos grupos organizados ou reproduzem a exclusão como meio de serem aceitos pelo grupo masculino dominante.
presapresa
Uma das estratégias utilizadas para tentar minar o patriarcado tem sido a política de cotas quer seja para mulheres, negros ou LGBTTS. Por isto mesmo, o sistema patriarcal lança mão dos mais variados argumentos contrários e esta política que reconhece o fato de que não é possível que todos sejam tratados de maneira igual, uma vez que a igualdade privilegia ainda mais os donos do poder no sistema, ou seja, o homem branco e heterossexual. Assim, tratar de modo desigual os desiguais seria uma forma positiva de minimizar os preconceitos, discriminações e exclusões das minorias.

Para ficarmos na questão das mulheres, basta pensar que a política de cotas organizada no ano de 1995 até a presente data não surtiu o efeito esperado. Não por acaso, no ano de 2009 a política de cotas femininas para candidaturas foi modificada de modo a obrigar os partidos a preencherem as vagas de mulheres à candidatura. Isto ocorreu devido à visão de que não se era obrigado a ter as candidatas femininas, mas apenas oferecer a possibilidade da candidatura.




liberta liberta
Comparado 2008 com 2012 assiste-se a um crescimento aproximado de 85% no número de participação de mulheres. Todavia, este incremento numérico não reflete uma retração no patriarcado. Muitas candidatas não estão comprometidas com a agenda feminina e muito menos com o feminismo. Algumas, mesmo portadoras de diplomas universitários estão coladas ao modelo machista sem jamais ter entendido a demanda de gênero ou das mulheres, quanto menos a dos LGBTTS e negros.

Para embaralhar ainda mais as cartas, não poucas candidatas estão em religiões altamente conservadoras e outras tantas retrógradas que disseminam preconceitos e discriminações. Outras tantas fazem um discurso “da mulher-mãe” compreensiva, com um pano de fundo profissional, como estratégia eleitoral, mas que em nada tem haver com a agenda feminista. Em resumo, a ampliação das mulheres não necessariamente representa uma vitória real dos 80 anos do voto feminino, pois muitas reproduzirão o modelo machista excluindo, discriminando e preconceituando outras mulheres, negros e gays. Afinal, a maior aliada na discriminação das minorias – quer sejam outras mulheres, negros ou LGBTTS – tende a ser a mulher de elite branca (devidamente entendido em conformidade a cada realidade local) que esta se rejubila com a possibilidade de exercer o mando aos sujeitos dos andares de baixo de sua classe social e aos outros tantos denominados de minorias ao qual ela pensa – equivocadamente – não pertencer.
Humanidade perversa!

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