sábado, 19 de outubro de 2013

Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher

Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher

Postado em 01 de Dezembro de 2011 às 11:12 na categoria Caleidoscópio
Por Wlaumir Doniseti de Souza

As violências possíveis no campo do humano são dos mais diferentes naipes. Da mais explicita, a física, às mais sutis – por vezes, mais devastadoras: a simbólica – quando os valores femininos e suas posturas e práticas são ridicularizadas ou condenadas ou inferiorizadas; a econômica – quando são privadas do acesso a recursos e seus derivados – manifesta quando familiares ou tutores negam dinheiro, herança, uso e fruto, e mesmo, a mais simples compra de produto ou serviço; a moral, quando baseado nos valores dominantes masculinos são expostas a comentários depreciativos de suas condutas a partir do molde tido como honroso; a sexual, que passa pelo estupro ao sexo consentido por insistência ou ameaça de fim de relacionamento da parte do parceiro – este, um outro tipo de estupro; a política – que nega a visibilidade, o espaço público e políticas públicas específicas de direitos humanos. Entre outras!
Gravura da artista plastica Micaela CyrinoGravura da artista plastica Micaela Cyrino
25 de novembro elevado a Dia Internacional da Não Violência Contra a Mulher no ano de 1981, em Bogotá, em meio ao I Encontro Feminista da América Latina e do Caribe, em honra a mulheres assassinadas pela ditadura dominicana – mas não apenas ali –, é um marco na visibilidade e na transformação da sociedade ancorada na dominação, controle e exploração da mulher punida violentamente quando não alinhada aos modelos impostos e, em alguns casos, por diversão. 
Quase duas décadas depois, em 1999, a Assembléia Geral da ONU elevou o 25 de novembro a Dia Internacional para a eliminação da violência contra as mulheres, reconhecendo o marco feminista da não violência como elemento fundamental da dignidade humana feminina. A institucionalização data adota e propicia visibilidade a um problema escamoteado pela dominação masculina.
Todavia, na terceira década do 25 de novembro a questão da violência contra a mulher ainda não se equacionou. Para se ter uma idéia da dimensão do problema, de acordo com a Fundação Perseu Abramo, em 2010, a cada 24 segundos uma mulher foi espancada – ou seja, a violência mais visível, mas não a única. Pior do que isto é a constatação de que os violentadores são, em sua maioria, pessoas conhecidas da mulher: pais, irmãos, maridos, namorados... em especial no espaço do lar. Ou seja, para além da “Família Sagrada” – feliz e harmoniosa, tem-se a “família real”.
Como se isto não bastasse, neste teatro dos horrores, devemos lembrar que o fato da necessidade de se aprovar a lei Maria da Penha, em 2006, demonstra o quanto instituições que deveriam estar vinculadas a defesa do humano – independente de seu sexo ou sexualidade - não o fazia no que dizia respeito às mulheres ou ao feminino: as togas e seu cortejo.

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