sábado, 19 de outubro de 2013

Escravidão – uma sobrevivência histórica - no século XXI

Escravidão – uma sobrevivência histórica - no século XXI

Postado em 11 de Novembro de 2011 às 09:11 na categoria Caleidoscópio
Por Wlaumir Doniseti de Souza

Uma das mais antiga e vil forma de organização e exploração do trabalho é tomada na escravidão. Em diferentes modalidades, foi encontrada nas mais diferentes culturas ao longo do tempo. Da Grécia antiga, que nos legou a Política, a Democracia e a Filosofia - entre tantas outras contribuições humanas das mais elevadas – aos dias de hoje, a escravidão é uma permanência histórica com matizes os mais diferentes.
As senhoritas de Avignon de Picasso As senhoritas de Avignon de Picasso
Enganam-se os que pensam que a libertação, 1888, dos africanos e seus descendentes, no Brasil, sob pressão da Inglaterra e de outros países, colocou um ponto final na questão. Estamos muito distante deste ponto final e, talvez, nunca o encontremos no mundo real.
No ano de 1814 a França e a Inglaterra assinaram o Tratado de Paris que abordava a problemática do tráfico de negros escravizados. Era o marco de uma legislação internacional que até os dias atuais se aprimora na busca de por fim a escravidão e/ou tráfico de pessoas. 
 Todavia uma questão de gênero sobressai no século XX e se estende até o hoje. O marco, neste sentido, é o “Acordo para a repressão do tráfico de mulheres brancas”, em 1904, Paris. Era o reconhecimento de um fato há muito escamoteado: o tráfico de mulheres – sobretudo brancas, mas não exclusivamente – o que denunciava uma posição étnica excludente à européia – para a exploração da prostituição. E, em 1947, outro elemento é reconhecido como problemático, ao lado do tráfico de mulheres estava o de crianças. Outros acordos e convenções vieram depois, todavia, a questão não foi resolvida.
Para se ter uma noção da dinâmica envolvida: a terceira maior lucratividade ilegal é o tráfico humano, perdendo para contrabando de armas e drogas. E, o Brasil é um dos maiores “fornecedores” de mulheres nas Américas e ponto de apoio à rede internacional – com destaque para adolescentes. 
De acordo com o Relatório da Organização Internacional de Migrações (OIM), referente ao ano de 2006, no mundo, o tráfico de mulheres rende por volta de 32 bilhões de dólares, sendo a maior parte do recurso advindo da prostituição escrava. Dentre estas mulheres escravizadas, aproximadamente a metade não sabe estar sob escravidão.
A dificuldade de se combater o tráfico e a escravidão sexual são devido ao tipo de cliente que atende, passando por profissionais liberais a ocupantes de cargos estratégicos no Estado. Não é a toa que se pode ver publicidade nas ruas e avenidas de casas que oferecem o serviço. A prostituição não é crime. Crime é o que pode estar em torno, silenciado pela violência imposta aos corpos enfileirados e, por vezes, incapaz de pensar a própria situação ou possibilidade de escape.


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