sábado, 19 de outubro de 2013

O nazismo nosso de cada dia

O nazismo nosso de cada dia

Postado em 07 de Janeiro de 2013 às 16:01 na categoria Caleidoscópio
Wlaumir Doniseti de Souza

Muitos pensam que o nazismo alemão da Segunda Grande Guerra é fenômeno único da história humana. Não é. Hitler e seus propagadores e seguidores foram manifestação intensa e pública de uma forma de pensar e agir que se encontra em diferentes tempos e espaços humanos com suas peculiaridades. 

Pensar e agir em prol de uma elite tida como superior por natureza encontra-se no Egito Antigo, na Grécia, em Roma, na Idade Média e chega aos dias de hoje com sutilezas milimétricas dos que sabem que no tempo presente os espaços públicos do ocidente não estão abertos a este tipo de manifestação explícita. O capitalismo precisa da democracia para reproduzir-se e fazer-se aceitar e ponto máximo nesta postura, pró-igualdade exploratória, encontra-se no fim oficial do apartheid, em 1994.

Todavia faz parte do processo histórico as contradições, em outros termos, para aquilo que se pode denominar como os “avanços” existem também os “atrasos” quer sejam sociais, políticos ou econômicos entre tantos outros aspectos.  A existência de um papa que foi nazista na juventude não deixa de ser uma máxima desta dialética na Europa. No Brasil, com a democracia pós-ditadura militar, assiste-se a uma expansão de religiões que poderão, em breve, fazer inveja a “Santa Inquisição”. Tudo isto em meio a um dos momentos históricos de maior liberdade de expressão e manifestação do ocidente. Não há linearidade.



Não por acaso o século vinte possibilitou os avanços dos feminismos e dos movimentos LGBTTs. A bandeira da liberdade de exploração participativa demandava a expansão para as minorias. Ao capital não mais interessaria os sexos e os modos de fazer desde que estivesse atrelado hierarquicamente a ordem produtiva. Assim, esta hierarquia das profissões deveria dar conta daquilo do controle do sexo e seus fazeres.

                   
Contra tudo isto se posicionou recentemente o Papa e convocou uma união das religiões contra as teorias de gênero e as liberdades e direitos dos LGBTTs. Ou seja, contra todo o pensamento e agir ocidental prol da liberdade individual se defendeu publicamente um dos aspectos mais típicos dos nazismos, o controle e exclusão social de grupos específicos – a mulher e o gay.

Fico chocado ao ver o quanto o amor cristão pode ser nefasto, mesmo sendo eu um destes cristãos. Em especial fico atônito ao fato de, – no Brasil, ver a cifra dos assassinatos contra gays crescerem, e contra mulheres a situação não é tão diferente, – pensar que uma parcela significativa destes assassinatos tem como premissa o discurso religioso que deveria salvar e não condenar à morte quer dos corpos ou das almas.

Esses senhores “donos da ´Palavra de Deus`” têm sangue nas mãos e todos os seguidores e propagadores fingem não ver o massacre de mulheres e LGBTTs. A semelhança do que ocorreu na Alemanha Nazista, quando tudo estiver passado e essa discriminação for condenada pela história, dirão que nada sabiam e nada viram ou ouviram. Afinal, quem confessaria que foi cúmplice feliz do genocídio? Pior ainda, que graças a estes assassinatos conseguiu jogar a sorte sobre as vestes?

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