sábado, 19 de outubro de 2013

Presidente ou Presidenta?

Presidente ou Presidenta?

Postado em 20 de Outubro de 2011 às 11:10 na categoria Caleidoscópio
Por Wlaumir Doniseti de Souza
Somos controlados por padrões culturais de comportamento, pensamento e sentimentos. Todavia, somos capazes de perceber essa dominância quando, por algum motivo ou razão, estamos em desacordo com a norma ou esta nos desprestigia, entre outros, confirmando-se, assim, que existe a possibilidade da liberdade e da superação dos modelos implantados.
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 A forma mais elaborada de dominação é a linguagem, falada ou escrita, mas com ênfase na segunda. Não é por acaso que o Estado detém o controle formal da gramática, cabendo a ele a possibilidade de reforma ortográfica entre outros privilégios no controle da norma. Todavia, a sociedade pode reagir a este controle por variados meios, como a criação de palavras e usos não regulamentados. Constitui-se então um embate aparentemente inofensivo, mas de alcances nada modestos.
Neste sentido poderíamos retornar à discussão 1) dos livros didáticos com linguagem coloquial; 2) o uso dos termos ocupação ou  invasão quando se borda a questão do MST e outros movimentos sociais; 3) quando diz-se que ocorreu um bate-boca ou discussão ou debate. O termo utilizado, mais do que relatar o que ocorreu no mundo, indica uma tomada de posição que pode ir do pessoal passando pelo partidário ao ideológico.



O problema maior é quando o ouvinte ou leitor não é capaz de refletir ou elaborar os significados neste campo de disputa dos sentidos e significados. Neste ponto a questão de gênero não fica de fora, pelo contrário, evidencia o quanto a mulher pode estar sob uma dominação que a constrange ao segundo lugar da cidadania. Um exemplo simples é o uso  do masculino para se falar englobando o masculino e o feminino. O simples fato de não existir tantas palavras de uso duplo, quando ao gênero, evidencia que o homem viria/vem em primeiro lugar na cidadania. Neste ponto, gostaria de salientar um desses embates lido ou ouvido todos os dias.

supremacia supremacia

No início – e não apenas ali – do Governo Dilma Roussef (PT) esta anunciou que preferiria ser chamada de presidenta. Era para ser algo simples, uma vez que previsto na norma erudita a forma presidenta da palavra, mas se complexificou a questão. O fato das mídias adotarem o termo presidente – no masculino – evidencia uma tomada de posição de mão dupla. A primeira de que está na oposição ao governo e, a segunda, e menos visível, é que os meios de comunicação estão acordes de que o feminino existe para ser controlado, dominado e explorado e não para presidir ou ser cidadã de primeira classe ou igualitária. Agora pense que palavra você usa – presidente ou presidenta – e veja de que lado você está, não só da questão partidária, mas, nas disputas por espaço, cidadania e ideologia.

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