sábado, 19 de outubro de 2013

Século XXI, onde estás? As trevas que não se foram

Século XXI, onde estás? As trevas que não se foram

Postado em 12 de Abril de 2013 às 11:04 na categoria Caleidoscópio
Wlaumir Doniseti de Souza


Dente as características da Democracia que pretendemos viver a liberdade de opinião e expressão são elementos fundamentais. Bem instruídos nesta questão grupos os mais diversos – como nazistas, determinadas religiões, defensores de ditaduras e outros grupos de alto risco social para os divergentes – têm se alçado a voos públicos cada vez mais altos.

Em meio a esta realidade flagrante da segunda década do século XXI duas perguntas do século passado ainda se fazem presente e urgentes. Permanecem vivas as condições sociais que viabilizariam outro(s) Auschwitz? Pode a democracia permitir que alguma das variantes dos nazismos assuma o poder? A resposta à primeira pergunta é um aterrorizante, SIM! Quanto à segunda questão, a resposta é NÃO.

Sendo não a resposta quanto à legitimidade de uma das variantes do nazismo, da ditadura e de governos teocráticos assumirem o poder em meio à democracia, fica outra inquietação: teria a democracia algo de autoritário ao inviabilizar o acesso ao poder decisório a estes demandantes de controle do poder de Estado? A resposta é não.

Assim, nazistas, religiões e defensores da ditadura poderiam organizar-se livremente menos em um formato institucional: o partidário. Poderiam votar, mas, jamais serem eleitos, visto que não compreenderam a questão central da democracia - todos têm direitos e todos são humanos em sua múltipla variedade de valores com direitos com o dever de prestar contas no que tange à vida pública.

Todavia, mesmo organizados em instituições, defensores da ditadura, do poder religioso, dos nazistas não teriam o direito de bater de porta em porta para “pregar suas verdades” que têm como centro a discriminação dos outros que não seguem suas doutrinas; não poderiam fazer seus discursos de ódio em cadeia nacional de TV e rádio, mesmo que travestido das palavras doces de amor que só ama o igual valor e nega, condena e lança ao ostracismo o diverso, o plural que a democracia sustenta.

Defender a igualdade, a tolerância, a aceitação, a diversidade, a pluralidade tem sido cada vez mais perigoso devido à visão partidária que sacrifica a democracia do Estado em nome das urnas com votos de cabresto e currais eleitorais patrocinados por igrejas as mais diversas. Neste ponto, os acordos de partidos com Igrejas – da católica às evangélicas – é estarrecedor acinte ao Estado Laico que se diz democrático. Não preciso mencionar que a existência de bancadas religiosas e mais, de associações de magistrados com cunho inteiramente religioso, são problemas urgentes de se pensar e equacionar.

A laicidade de Estado é elemento primordial para garantir mesmo a diversidade e pluralidade religiosa evitando que “alucinados da verdade religiosa” demonize os outros; para evitar que os nazistas e ditadores de plantão sintam-se no direito de violentar publicamente o diferente. Já assistimos a este filme na história do ocidente. Os resultados não são nada positivos.

Neste contexto, como é possível que a presidenta, os parlamentares e o judiciário viabilizem e sustentam a presença de um político que nega a essência dos Direitos Humanos – todos são iguais independentemente de suas condições. Pior ele é da nossa região. Direitos humanos não são seletivos, são universais, não importa quem ou em qual condição ou situação todos temos. Permitir que este tipo de ser humano se manifeste na vida privada é um direito. Conceder a permanência na Comissão de Direitos Humanos é uma anátema contra a liberdade, a igualdade e qualquer modo de fraternidade que se proponha humana em meio à democracia laica. Sim, todos são humanos e com direitos humanos, mesmo o infeliz propagador de ideias ultrapassadas. Todavia, permitir que tal ser humano assuma o controle de parte do sistema de Estado é negar a democracia e os direitos humanos. E, pior, outro Auschwitz é possível. E, talvez, esteja em viabilização bem debaixo de nossos olhos.

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